Vazamentos seletivos ocultaram tucanos da Lava Jato
STF anunciou já ter instaurado inquérito contra Antônio Anastasia. Lista de políticos envolvidos no caso foi divulgada nesta sexta
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Os vazamentos seletivos sobre os supostos políticos citados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, não impediram o procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, de incluir o nome do senador tucano Antônio Anastasia na lista de políticos denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abertura de inquérito pelo recebimento de propina do doleiro Alberto Yousseff.
O Supremo anunciou, nesta sexta-feira (7), ter aberto inquérito para apurar a participação de Anastasia no esquema de corrupção na Petrobras. O tucano foi coordenador do programa de governo do candidato derrotado à Presidência da República Aécio Neves. A iniciativa da Suprema Corte confirma a suspeita de que o tucano teria se beneficiado da remessa de R$ 1 milhão enviados em 2010 pelo doleiro Alberto Youssef.
Segundo consta dos autos, o dinheiro foi entregue ao então candidato Antônio Anastasia algumas semanas antes das eleições para governador realizadas naquele ano, de acordo com depoimento feito no início de novembro pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca.
Careca confessou à Polícia Federal, onde ficou preso por um mês, que fazia entrega de dinheiro para o esquema de corrupção na Petrobras sob ordens do ‘doleiro’ Youssef, o principal operador financeiro do grupo, que era abastecido pelo clube de empreiteiras sob contrato com a Petrobras. Ele teria reconhecido a pessoa que recebera a mala com R$ 1 milhão, em Belo Horizonte, ao ver a foto do candidato ao Senado (Anastasia) na propaganda eleitoral televisiva de 2014.
Tão logo soube da inclusão e anúncio do seu nome na lista de Janot, Anastasia comunicou a intenção de ficar calado e só se pronunciar após tomar conhecimento oficial dos termos dos pedidos de abertura de inquérito pela PGR.
Ele acabou sendo o único tucano da relação, pois Janot pediu o arquivamento das denúncias contra o senador Aécio Neves. Na primeira vez que seu nome foi citado, em janeiro deste ano, Anastasia e o PSDB reagiram com indignação e negaram qualquer contato com o doleiro e com o esquema.
Uma força tarefa de procuradores vai prosseguir, sob as ordens de Zavatski, as investigações obtidas pela PF no âmbito da Operação Lava Jato. A Justiça Federal também aprofunda seus trabalhos ouvindo testemunhas e diretores de empreiteiras que aderiram a acordos de delação premiada, como forma de reduzir suas penas.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias