Alesp cria CPI da Merenda e PT cobra investigação de tucanos
Assembleia Legislativa de SP decidiu abrir comissão após pressão dos estudantes. Deputados petistas querem investigar denúncias sobre gestão Alckmin
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A próxima tarefa da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo será garantir eficiência na investigação da Máfia da Merenda. Na tarde desta terça-feira (10), a bancada aliada ao governo de Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que será criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de fraude em licitações da merenda para escolas estaduais. Diante deste fato, os deputados petistas exigem a relatoria ou a presidência da CPI para assegurar que o processo não deixe de apurar denúncias feitas contra parlamentares tucanos.
“O que interessa é o resultado. Queremos que seja claro o resultado para a sociedade: por que está faltando tanta merenda nas escola de São Paulo?”, disse o líder do PT na Alesp, o deputado José Zico Prado. “Vamos assinar a CPI deles, mas ficaremos com a lanterna acesa para que não escape nenhum foco”, completou. O texto do projeto aprovado é de autoria da base governista, o que causou estranhamento entre os deputados petistas – já que faltavam somente 5 assinaturas para abertura da CPI com o texto elaborado pela oposição (composta por PT, Psol e PCdoB).
“Gostaria de registrar a vitória que foi a semana passada os estudantes estarem na casa. Foi um bom resultado para a sociedade. Vários deputados ligaram querendo assinar e assinaram a CPI. Foi uma vitória para nós, do Partido dos Trabalhadores, porque estávamos havia meses pedindo as assinaturas (…) e para os estudantes”, afirmou Zico Prado.
A abertura da CPI com texto elaborado pelos governistas pode ser avaliada como uma manobra para conseguir a presidência e a relatoria do grupo. A bancada do PT trabalhará para participar da composição da CPI, com a expectativa de ter no mínimo três ou quatro cadeiras. Ao todo, a Comissão pode ter de 9 a 11 assentos, ocupados por distintas legendas. “Pedimos que a população acompanhe a CPI”, disse o líder.
O estudante Henrique Domingues, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Fatec, disse que o movimento está presente na Alesp para pressionar por uma data de realização da audiência pública, que foi prometida pelo PSDB quando os secundaristas desocuparam o plenário. Ele avalia positivamente a criação da CPI, após a pressão popular da última semana.
Estava prevista, para a tarde desta terça, uma reunião da Comissão da Educação, mas a sessão não foi aberta por falta de quórum da bancada governista. Deputados da bancada petista criticaram a ausência de Luiz Roberto dos Santos, o Moita, no plenário, pois ele havia sido convidado a falar nesta reunião. Ele foi denunciado na Operação Alba Branca, que deflagrou a atuação da máfia.
Moita foi chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin. Por conta da reunião da Comissão da Educação, 4 dos 5 acessos ao prédio permaneceram fechados ao longo do expediente e a entrada foi controlada por policiais. Havia medo de que os estudantes novamente ocupassem a Casa.
A criação da CPI acontece dias após o Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) abrir inquérito para investigar a falha no fornecimento de merenda a estudantes de escolas técnicas do estado (Etecs), administradas pelo Centro Paula Souza (CPS).
Assista à entrevista coletiva concedida pela bancada do PT na terça-feira:
Por Daniella Cambauva, da Agência PT de Notícias