Alessandra Luiza: Novas folhagens para a árvore do PT
Faz parte da boa política não somente o poder de persuasão e da retórica, mas também o de bem organizar, bem escolher, bem escutar, bem conhecer, bem executar
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Qualquer um que acredite na democracia como a forma de governo que mais se aproxima de uma convivência em sociedade mais harmoniosa e justa, filiado ou não, simpatizante ou não, provavelmente se pergunte incessantemente: onde foi que o PT, partido dos militantes da ditadura, aguerridos nas causas sociais e nos direitos dos trabalhadores, com todo o poder que teve nas mãos, errou?
Provavelmente muitas respostas se encaixem, mas é certo que o fim desse “quebra-cabeças” parece estar um pouco distante. Perda de foco nos interesses comuns entregues aos desejos individuais, falta de comunicação, perda da crença nas pessoas por parte de muitos causando o distanciamento do partido com o povo, escolhas das indicações sem compromissos claros nas campanhas, falta de organização …
Enfim, são vários os fatores para se analisar e sugerir, além de todos os outros diversos artigos disponíveis acerca desse tema. Mas fato é que já não há mais tempo para reflexões e divagações. Já há dados suficientes para se tentar fazer algo que de fato possa virar esse jogo e trazer novas folhagens à árvore do PT, que pode estar cortada na raiz, mas que ainda quer viver e quem sabe, voltar a florescer.
Um rápido rastreamento nas falhas de uma sede municipal, por exemplo, constatam-se erros primários mínimos, que acabam por tornar o partido neutro, transparente, invisível perante a uma cidade. Em perguntas do tipo: Qual é a diferença entre os membros da executiva e os filiados no geral, não há uma resposta exata e lógica.
Ao se analisar, por exemplo, como se dá campanha de filiação ou como funciona a comunicação entre os membros para torna-los cientes de decisões ou informações importantes, simplesmente a resposta é desencontrada e sem uma definição, porque não há organização nesse sentido.
Não há interação oficial entre o partido e os movimentos sociais, com os líderes da sociedade civil organizada ou mesmo com o povo, se não há uma cadeira ocupada na Câmara de vereadores. Não há explicações sobre as taxas de cobrança, nem mesmo a cobrança regular aos filiados, que num momento de campanha se apressam em atropelos para que haja a devida regularização. O estatuto do partido não é de conhecimento de todos nem tão pouco exigido. Há muito tempo não há curso de formação política… E todas essas ausências, contribuem para o declínio da imagem do partido, ocasionando uma grave falta de filiações e mesmo de membros de qualidade, com a visão e o conhecimento que o partido precisa para crescer e para se manter.
Sendo assim, se cada sede municipal se empenhar em fazer uma varredura dos seus problemas e buscar, com muita vontade, entre sua executiva e seus filiados, a solução para cada um, talvez ainda haja uma chance de que o Partido dos Trabalhadores deixe de ser usado para, com sua garra nas campanhas, apenas eleger coligados e sair da síndrome do patinho feio de não lhe sobrar mais do que um muito obrigado pelo apoio, mas você não serve para trabalhar no meu governo, ainda que estivesse apto a ser candidato.
Faz parte da boa política então, aquela de base, não somente o poder de persuasão e da retórica, mas também o de bem organizar, bem escolher, bem escutar, bem conhecer, bem executar, sobretudo para atingir a reforma política que tanto a nossa sociedade clama e carece e para que tudo isso ocorra, é preciso começar. Para lançar candidatura ou apoiar um candidato é portanto preciso antes ter um bom nome e uma boa gestão.
Por Alessandra Luiza, técnica contábil, candidata a vereadora em 2016, moradora de Gramado (RS), para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.
ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores