Antes da pandemia, economia brasileira já estava em queda
Desempenho do país em dezembro e indicadores anuais de 2019 mostram que Brasil já estava em desaceleração, antes da chegada do Covid-19. A previsão do FMI para a atividade econômica em 2020 é de queda de 5,3%, com o desemprego batendo em 14,7%. Ou seja, só piorou o que já estava ruim
Publicado em
Em meio ao desastre econômico, o governo Bolsonaro aposta em sua mais rebuscada fake news para tentar justificar a sua incompetência. Nas palavras do desaparecido ministro Paulo Guedes, a economia estava indo bem até ser “abalroada” pela pandemia. Na verdade, não estava bem, como piorou devido à insistência com a ultrapassada fórmula neoliberal.
A previsão do FMI para o Brasil é de queda de 5,3% da economia, com o desemprego batendo em 14,7%, piorando o que já estava ruim. A previsão é de um recuo maior do que o restante da América Latina, retrocedendo o Brasil ao mesmo patamar do início da década de 10, quando o país era governado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A realidade, contudo, pode ser ainda pior, admite a própria economista-chefe do FMI, Gita Gopinath
Os indicadores econômicos de 2019 desmentem a lorota do ministro da Economa. Antes da pandemia chegar no Brasil, o IBGE já havia divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) de 2019. Cravado em magros 1,1%, o governo Bolsonaro conseguiu a proeza de ter um desempenho pior do que o governo Temer, que conquistou um PIB de 1,3%. Para quem repetia a ladainha de que bastava tirar Dilma Rousseff da Presidência para o país voltar a crescer, a realidade é bem mais dura do que os propagandistas dos governos que a sucederam.
No final do ano passado, de acordo com relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 41% das empresas se encontravam em recessão. Os investimentos em máquinas, construção civil e pesquisa caíram 3,3% no quarto trimestre de 2019, diante de retração esperada de 1,9%. O desempenho da agropecuária registrou o pior desempenho anual do setor desde 2016 (-5,2%).
Outros indicadores do mês de dezembro também mostraram que a economia estava em franca desaceleração. Segundo a CNI, 44% da indústria de transformação fechou 2019 em recessão. As vendas de Natal também caíram, frustrando a expectativa dos grandes varejistas. Ainda em dezembro, o setor de serviços teve queda de 0,4%.
Os indicadores economicos negativos, aliados à políticas de arrocho salarial, como a “reforma trabalhista”, aprofundaram o desemprego no país. “Não há geração de emprego; são 12 milhões de desempregados; 40 milhões na informalidade, sem direitos sociais, trabalhistas; salários arrochados”, denunciou o senador Paulo Paim (PT-RS). No final do ano, 14 mil obras estavam paralisadas, de acordo com o TCU.
Da Redação