Antipetismo de Fernando Meirelles afasta César Charlone
Parceiro em filmes como “Domésticas” e “Cidade de Deus”, diretor uruguaio anunciou “divórcio ideológico” de Meirelles, eleitor de Aécio Neves
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Aliado de Marina Silva no primeiro turno e, agora, eleitor do PSDB, o cineasta Fernando Meirelles acaba de perder um antigo companheiro de produções cinematográficas, o diretor uruguaio César Charlone. Em março deste ano, Charlone saiu da produtora O2, motivado pela incompatibilidade de ideais com Meirelles. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o uruguaio se disse incomodado com a atitude do colega brasileiro de aproveitar a fama no Brasil para alimentar o ódio contra o Partido dos Trabalhadores.
“Esse ódio é uma coisa que eu nunca tinha visto no Brasil. A turma que me rodeava não gostava dos militares. Mas não era essa coisa de ‘Dilma nojenta’, esse ódio contra o PT”, analisa o diretor uruguaio. Charlone relatou ao jornal paulista que o diretor de “Cidade de Deus” postava mensagens na rede da empresa com boatos não confirmados a respeito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de influenciar os funcionários mais jovens.
As diferenças entre os dois começaram a ficar mais evidentes quando Charlone demonstrou a intenção de produzir um material a respeito do Bolsa Família. Para Charlone, o programa proporcionou inserção social no Brasil, com mudanças profundas no cenário do Nordeste, região que ele visitou há pouco tempo. “Falei com um taxista orgulhoso de ver os filhos estudando e dessa coisa bonita de inserção social que vivemos”, contou o diretor.
Meirelles, seguindo contou Charlone, o teria incitado a usar um “viés de albergue de parasitas” para falar do Bolsa Familia, discurso recorrente entre os direitistas brasileiros. “Discussões sobre o Bolsa Família deságuam em ódio de classe, insultos, uma coisa lamentavelmente muito mal informada e com pouca referência”, criticou. Ao contrário de Fernando Meirlles, o uruguaio optou por defender a reeleição de Dilma Rousseff. César Charlone foi indicado ao Oscar de melhor fotografia com o filme “Cidade de Deus”,dirigido por Meirelles, em 2004. Ele também trabalhou com Renato Tapajós, parceria que rendeu o média-metragem “Nada Será como Antes. Nada”, que fala sobre o surgimento do PT.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias, com informações da “Folha de S.Paulo”