Após denúncia de cartel, CCR levará licitação da Linha 5 em SP

Sindicado dos Metroviários de São Paulo denuncia que a licitação da Linha 5 do Metrô é um processo “de cartas marcadas”

Foto: duAmorim/A2 Fotografia

O Sindicado dos Metroviários de São Paulo denuncia que a licitação da Linha 5 do Metrô é um processo “de cartas marcadas” e que a concessionária CCR, a mesma que opera a Linha Amarela, será a vencedora do pregão. O resultado será divulgado dia 19 de janeiro.

Além disso, o processo se constitui em uma verdadeira transferência de capital do estado de São Paulo, governado pelo tucano Geraldo Alckmin, para a iniciativa privada. A vencedora irá levar não apenas a linha como todo o equipamento rodante, inclusos os trens e sistema implementado, sem contrapartidas.

“Todo mundo dos metroviários tem líquido e certo que a CCR que vai ganhar. É a única empresa que faz estudos de viabilidade, entre os pré-requisitos é a única nacional que atende, ou suas sócias, como no metro do Rio. É um leilão de carta marcada, objetivamente. Para nós esse é o item mais escandaloso do processo”, afirma Wagner Fajardo, coordenador geral do Sindicato dos Metroviários de SP.

Fajardo também destaca que “chama a atenção o preço mínimo, que é irrisório. O eventual vencedor conseguiria recuperar valor em menos de um ano só com bilheteria. Além disso a arrecadação de bilheteria está garantida transportando ou não gente”.

O lance inicial previsto no leilão é de R$ 189,6 milhões, um valor que não chega a cobrir nem os investimentos iniciais do Estado, e que será financiado com dinheiro público, pelo BNDES. Apenas o sistema dos trens, o chamado CBTC, custou aos cofres públicos R$ 175 milhões.

Seguindo o mesmo modelo da Linha 4-Amarela, a remuneração paga às empresas em relação a tarifa das Linhas 5 e 17 não será subordinada a política tarifária do estado, e terá regras previamente acordadas, seguindo índices de reajuste mais altos do que os do metrô estatal.

Fajardo explica que “até a semana passada era 3,80 a passagem, mas a via 4 recebe 4,02. Tem reajuste em fevereiro e já se antecipou par aumentar a tarifa do usuário”.

“O que chama a atenção é que a privatização vai aumentar a tarifa. Com tudo que falam, o Metrô se paga com a tarifa hoje. Só não se paga por conta de que passa a Via 4, o Metrô paga muita coisa. De 2011 a 2016, desembolsou 1,1 bilhão de reais”.

Por conta das irregularidades, os metroviários ingressaram com ação popular na Justiça de São Paulo.

Paralisação e atos

Os metroviários de São Paulo já marcaram uma Assembleia Geral para o dia 17 de janeiro e estão com indicativo de greve para o dia 18. Também há uma manifestação marcada para o dia 19, ocorre ato público, a partir das 14h, em frente a Bolsa de Valores (rua Quinze de Novembro), onde está marcado o leilão de privatização. Nesta quinta (11) os Metroviários também se somam às manifestações contra o aumento da passagem.

Cartel das empreiteiras

Em dezembro de 2017 foi denunciado mais um esquema de cartel envolvendo empresas que compõe o consórcio CCR e o estado de São Paulo. De acordo com o material entregue ao Cade, o esquema operou de 2004 até 2015 e causou prejuízo de pelo menos R$ 7 bilhões.

Outro acordo de leniência, assinado pela Camargo Correa, apontou que também houve cartel nas obras do Metrô em São Paulo – inclusive na Linha 5, alvo de privatização. Os casos relatados aconteceram em administrações de Geraldo Alckmin e José Serra. A Camargo Corrêa afirmou que, durante 16 anos de cartel, pelo menos 21 empresas participaram do esquema.

Nas eleições de 2014, as empresas envolvidas no Cartel da linha 5 do Metrô de São Paulo, que atuou de 1998 a 2008, fizeram a maior parte de suas doações para a campanha de Geraldo Alckmin, então governador candidato à reeleição. Dois anos depois, o tucano retribuiu a benesse perdoando dívida de R$ 116 milhões de duas das empresas envolvidas em outro Cartel, de aquisição de trens.

Alckmin se repete nas táticas de desculpas e disse que vai determinar à Procuradoria-Geral do Estado que abra processo para pedir o ressarcimento do dano causado pelas empreiteiras que assumiram participação no esquema e cobrar que apuração do próprio governo identifique agentes que facilitaram a fraude, mesma estratégia utilizada em 2013.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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