Após fome se alastrar com Bolsonaro, Conab volta a garantir segurança alimentar
Companhia responsável pelo armazenamento e distribuição de alimentos retoma protagonismo com as políticas públicas do governo Lula
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O empenho do presidente Lula para devolver o Brasil aos brasileiros tem entre os seus principais focos a segurança alimentar, após o abandono de importantes políticas públicas do setor durante o governo Bolsonaro, cujo legado de destruição inclui o retorno do país ao Mapa da Fome da ONU, com 33,1 milhões de brasileiros sem ter o que comer em 2022.
O desmantelamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), definido logo no início do governo passado, empurrou o Brasil para vergonhosos indicadores de fome e miséria, uma situação nada condizente para um país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e que já havia saído do Mapa da Fome em 2014, após 10 anos de governos Lula e Dilma.
Essencial para a manutenção de estoques reguladores de alimentos e garantia de preços mais baixos à população de baixa renda, a Conab, que deveria ter passado por processo de expansão, foi alvo de violenta ação de desmonte de suas 27 unidades armazenadoras em todo o país. Uma “política suicida”, conforme artigo da engenheira Maria Antunes, publicado no site Brasil de Fato dia 16/09/2020.
Resgatada das cinzas do bolsonarismo por Lula, a Conab volta a ter papel central no armazenamento e distribuição de alimentos no país, com atuação prioritária em políticas destinadas a tirar mais uma vez o Brasil do Mapa da Fome. Por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por exemplo, a companhia compra os produtos da agricultura familiar, contribuindo para o escoamento da produção, e os destina a pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.
A companhia também é responsável por adquirir, armazenar e distribuir as 260 mil toneladas do arroz que está sendo importado pelo governo federal via leilão para evitar desabastecimento e aumento de preços após a tragédia climática no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional do alimento.
Mais uma mentira desmascarada
Aliás, essa compra tem sido demonizada por bolsonaristas que se esquecem que o próprio Bolsonaro, em 2020, devido ao desmonte que ele próprio promoveu na Conab, efetivou a compra de 400 mil toneladas de arroz importado.
“Mas o mais inacreditável vem do chefe da turma, Jair Bolsonaro. O que ele fala mal de importar arroz, foi solenemente ignorado quando esteve na presidência. Felizmente a internet não perdoa e Bolsonaro, acompanhado da sua ex-ministra da Agricultura, Teresa Cristina, estão sendo desmascarados”, diz o vídeo publicado pelo canal Cortes 247 nesta quinta-feira (6).
Arroz subiu 30% em 2023 por obra de Bolsonaro
Setores ligados ao bolsonarismo têm se empenhado na tentativa de frustrar o esforço do governo Lula para garantir arroz a preços baixos para a população. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o partido Novo, por exemplo, tentaram na Justiça, sem sucesso, impedir o governo federal de fazer a importação do alimento.
Ao classificar como “deploráveis” as ações judiciais da CNA e do partido Novo, a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), destacou as obrigações de um governo comprometido com o povo, em postagem na rede social X.
“Manter estoques reguladores de alimentos é medida básica de segurança alimentar e combate à carestia. Foi a destruição dos estoques no governo do inelegível que fez o preço do arroz subir 30% no ano passado. E agora os especuladores nem esperaram os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul pra fazer disparar de novo o preço do arroz”, apontou Gleisi, ao relatar que o quilo do produto chegou a R$ 10 em Brasília.
Gleisi parabenizou o presidente Lula pelo leilão realizado nesta quinta-feira (6), que possibilitará a venda do arroz ao consumidor por R$ 4 o quilo, e apontou a postura vergonhosa da CNA e do Novo, “partido dos ricos. Gente gananciosa que quer lucrar em cima da tragédia, num momento em que a solidariedade deveria falar mais alto”.
Deploráveis as ações judiciais da Confederação Nacional da Agricultura e do Partido Novo que tentaram impedir a importação de arroz pelo governo federal. Manter estoques reguladores de alimentos é medida básica de segurança alimentar e de combate à carestia. Obrigação de um…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 7, 2024
“Manga” e fila do osso
A lista de afrontas de integrantes do governo anterior sobre a fome dos brasileiros é grande. Vai desde a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, que disse, em abril de 2019, que os brasileiros não passam muita fome porque têm “manga nas cidades”; o ministro-banqueiro Paulo Guedes sugerindo que os restaurantes doassem resto de comida para a população até a indigna fila do osso na porta dos açougues e as disputas por restos de alimentos nos caminhões de lixo.
E o próprio Bolsonaro deixou registrado na história do Brasil frases repugnantes como “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”, dita em 19 de julho de 2019, durante café da manhã com jornalistas, quando afirmou também que “não vê pessoas nas ruas ‘com físico esquelético’”.
Já no final de seu governo desastroso, mesmo diante do levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, divulgado em junho de 2022, que confirmou as 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, Bolsonaro negou, por duas vezes, a escalada da fome no Brasil, conforme matéria do site G1 de 26 de agosto de 2022.
Não foi falta de aviso
Em entrevista ao site Brasil de Fato, o ex-diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) José Graziano já alertava, em maio de 2020, para o desmonte das políticas de segurança alimentar iniciado na gestão Temer e aprofundado durante os anos Bolsonaro, o que trouxe a fome de volta ao país.
Em artigo no mesmo site, com o título “O desmonte da Conab e a política agrícola suicida do governo Bolsonaro”, a engenheira Maria Antunes detalhou o atentado que foi cometido contra a segurança nacional, na contramão de vários países. Ela alertou para o retrocesso de 40 anos nas políticas públicas de segurança alimentar, atingindo drasticamente o meio ambiente, a agricultura familiar e o abastecimento dos produtos básicos da população de baixa renda, prejudicando até o agronegócio.
“Só pode existir uma explicação para tais insanidades: Bolsonaro aposta na desagregação e no colapso do Estado e da economia popular”, escreveu a engenheira.
Felizmente, essa tragédia está sendo revertida, graças ao compromisso do governo Lula em garantir dignidade ao povo brasileiro. Conforme dados oficiais, 24,4 milhões de pessoas deixaram de passar fome no país em 2023.
Leilão do governo garante quilo do arroz por R$ 4
A Conab fez nesta quinta-feira (6) leilão público e adquiriu 263 mil toneladas de arroz importado e beneficiado, safra 2023/2024. O produto deverá ser entregue até o próximo dia 8 de setembro, conforme edital publicado pela companhia. O arroz será vendido em pacotes de cinco quilos por R$ 20,00.
No mesmo dia, o governo anunciou outro leilão, para a compra de 36,63 mil toneladas de arroz importado e beneficiado. O pregão eletrônico será na próxima quinta-feira (13).