Argentina: com forte apoio popular, sindicatos fazem greve geral contra governo Milei
Paralisação tem adesão das principais organizações sindicais e movimentos sociais argentinos; no Brasil, a CUT apoia e é solidária com o movimento no país vizinho
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A Central Geral do Trabalho (CGT) da Argentina realiza nesta quarta-feira (24) uma greve geral em todo o país. O ato conta com a adesão de demais organizações sindicais como a Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e de outros sindicatos, entre eles os aeronáuticos que paralisaram aeroportos, além de movimentos sociais e a organização Mães e Avós da Praça de Maio.
Uma imensa multidão tomou conta das ruas da capital Buenos Aires desde as primeiras horas da manhã. O movimento grevista é uma forte resposta dos trabalhadores e trabalhadoras ao megadecreto anunciado pelo presidente argentino Javier Milei após a sua posse em dezembro do ano passado.
Segundo as organizações sindicais, o Decreto Nacional de Urgência apresentado por Milei desmantelou os sistemas de proteção laboral, social, saúde, desregulamentou a economia interna e externa, comprometeu a atividade da indústria nacional e abre às portas para a privatização das empresas públicas.
Segundo os sindicalistas, outro projeto de lei apresentado por Milei, o Omnibus, agrava ainda mais a situação ao dar superpoderes ao governo para a adoção de medidas autoritárias, perseguição e repressão dos protestos, greves e manifestações.
🇦🇷 | GREVE GERAL NA ARGENTINA
Milhares de pessoas se reúnem nas intermediações do Congresso da Argentina, para participarem da greve geral convocada pela CGT.
As 15h00min será lido um documento, dos organizadores da greve.pic.twitter.com/4HXakNtY9S
— Conexão Américas (@Conexamericas) January 24, 2024
A paralisação do país pelas entidades sindicais teve início às 12h e irá se estender até a meia noite, no horário local. Pela programação, os manifestantes realizam durante o dia concentrações e marchas até o Congresso, em apoio a legisladores que devem votar contra o megadecreto autoritário do governo. E às 15h será feita a leitura de um documento divulgado pelos organizadores da greve geral durante ato realizado na Praça do Congresso.
A Argentina vive uma das piores crises econômicas de sua história recente, sendo que cerca de 40% da população vive na pobreza e a inflação ultrapassa os 140% anuais.
Apoio total da CUT
No Brasil, as centrais sindicais, encabeçadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e lideranças políticas manifestaram apoio à greve geral no país vizinho e acompanham o desenrolar das ações da paralisação. A CUT fez uma convocação às trabalhadoras e trabalhadores brasileiros “a se solidarizarem com o povo argentino que vem sofrendo com as decisões políticas e econômicas do presidente Javier Milei”.
A solidariedade de classe é o sentimento mais bonito da militância. Ato da @CUT_Brasil, centrais e movimentos sociais, em frente à Embaixada da #Argentina, no DF, hoje, em solidariedade à greve geral dos trabalhadores #argentinos #ForaMilei #GreveGeral pic.twitter.com/c8dfUw4zIz
— Sergio Nobre CUT (@CutNobre) January 24, 2024
Em artigo, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e o secretário de Relações Internacionais, Antônio Lisboa, manifestaram solidariedade ao movimento sindical da Argentina e relembraram as várias lutas do mundo do trabalho no Brasil, inclusive na campanha Lula Livre, em que o apoio de trabalhadoras e trabalhadores argentinos foi de grande importância.
“Nunca esqueceremos a solidariedade recebida dos trabalhadores argentinos na luta contra a reforma Trabalhista brasileira em 2017; a solidariedade e presença determinada na campanha Lula Livre e na resistência aos tempos recentes de obscurantismo no Brasil, durante o governo Bolsonaro. Nesses e em outros momentos de nossa história quando enfrentávamos inimigos poderosos, que tudo fizeram para destruir a CUT e o movimento sindical, nunca estivemos sozinhos, porque a solidariedade internacional esteve presente. As centrais sindicais argentinas estiveram ao nosso lado, lutando, e agora nós estaremos ao lado do movimento sindical argentino lutando para resistir aos intentos autoritários de Milei e impor uma derrota do tamanho da nossa solidariedade”, diz o texto.
A Central também realizou nesta quarta-feira um ato em frente à Embaixada da Argentina, em Brasília, quando foi entregue uma carta das centrais sindicais brasileiras pedindo diálogo do governo com os sindicatos e a revogação do DNU e da Lei Omnibus.
Pela sua rede social, também o Foro de São Paulo manifestou apoio ao movimento sindical argentino e à greve geral convocada em todo o país.
#24E | 🇦🇷
¡PARO NACIONAL EN ARGENTINA!Hoy, día 24 de enero, nos juntamos en solidaridad internacional al Paro de los trajabajadores y trabajadoras de Argentina.
¡La pátria no se vende! #ParoNacional pic.twitter.com/tftHgQHarR
— Foro de São Paulo (@ForodeSaoPaulo) January 24, 2024
Da Redação