Artigo: O PIB per capita e o bem-estar dos brasileiros, por Reginaldo Lopes

Crescimento econômico do país gerou mais renda para as famílias, escreve Lopes

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"Um maior dinamismo da economia será consequência dos estímulos de uma taxa Selic mais baixa", argumenta Lopes

O desempenho da economia brasileira em 2023, traduzido no resultado do Produto Interno Bruto anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz boas notícias e apontamentos para os rumos a serem tomados neste ano. Merece destaque o crescimento de 2,2% no PIB per capita. Se levar em conta apenas a renda domiciliar, o aumento em termos reais (descontada a inflação) foi de 11,5% frente a 2022, que representa uma melhoria no bem-estar da população. O crescimento econômico do país gerou mais renda para as famílias, o que nem sempre acontece.

O consumo das famílias avançou 3,1% em relação ao ano anterior. Esse resultado reflete a melhora do mercado de trabalho, com aumento do emprego e da massa salarial, além de redução da inflação. A retomada dos programas de transferência de renda do governo federal e o aumento real do salário-mínimo colaboraram para a ampliação do consumo, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis. O aumento da renda familiar em 2023 interrompeu uma década de quedas, que deixava reiteradamente o desempenho do Brasil aquém da média mundial (-13,9% em 2022).

O resultado de 2,9% no crescimento do PIB melhorou a posição do país em outro ranking mundial. O Brasil ultrapassou o Canadá e a Rússia, para ocupar a 9ª posição nas economias do mundo, com um montante de US$ 2,17 trilhões no ano passado. Foi o 17º melhor desempenho entre 56 países que já têm seus resultados conhecidos. Lembrando que na previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), no início do ano passado, era uma expansão de 1,2% para o PIB, o que colocaria o país na 32ª posição considerando o cenário conhecido hoje.

Além do consumo das famílias, a agropecuária é o principal destaque que garantiu o resultado positivo do PIB. Com uma alta espetacular, na ordem de 15,1%, com um total de R$ 677,6 bilhões, o setor teve a maior alta entre as atividades econômicas, apesar das intempéries climáticas e o achatamento de preço das commodities. Também apresentou bom desempenho a indústria extrativa, que aumentou sua participação em 8,7%, em que se destacam petróleo, gás e minério de ferro.

Já a indústria de transformação retrocedeu 1,3%, registrando a sétima queda na década. O setor vai viver uma revolução quando começar a ser implementada a reforma tributária, que, ao acabar com a cobrança de impostos em cascata, vai trazer maior dinamismo na produção. Mas a tributação não é o único problema que enfrenta. Assim como todos os setores, ela é afetada pelos efeitos da política monetária fortemente contracionista. Com o Banco Central mantendo a taxa básica de juros acima dos dois dígitos, os investimentos no país recuaram -3,0% no ano passado. Com os juros em patamares bastante altos, os empresários seguram investimentos e deixam de renovar infraestrutura, promover ampliações e contratações.

Mudar a política monetária é fundamental para acelerar o crescimento em 2024. Um maior dinamismo da economia será consequência dos estímulos de uma taxa Selic mais baixa. Ela vai baratear o crédito, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. O principal fator a ser estimulado é o do consumo das famílias, que já mostrou todo o potencial em 2023.

Reginaldo Lopes é deputado federal pelo PT de Minas Gerais

Artigo publicado no jornal O Tempo

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