Baixa do petróleo pode expandir economia mundial

É o que diz estudo divulgado pelo FMI que simulou comportamento da economia de importadores e exportadores da commodity em cenário de preço baixo

A manutenção do preço do petróleo nos níveis atuais de R$ 60 o barril, valor que traduz uma queda de 50% nos preços internacionais a partir de junho, pode resultar na expansão da economia mundial.

Em 2015 , o Produto Interno Bruto mundial (PIB, que mede toda a riqueza gerada em um período) pode crescer 03% a 0,7% e, em 2016, entre 0,4% a 0,8% a mais que no cenário de preços elevados como os registrados até maio.

É o que diz estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado na tarde de segunda-feira (22), em Nova Iorque (EUA), por meio de um blog institucional. O documento é assinado pelos economistas Olivier Blanchard e Rabah Arezki, o primeiro economista-­chefe e o outro responsável pela área de pesquisas com commodities da instituição.

As conclusões se basearam na análise do comportamento do preço futuro da matéria prima. E a tendência é que persistam valores mais baixos que os alcançados pela commodity até o início deste ano, de acordo com os economistas. Eles reconhecem, no entanto, que há ainda “considerável incerteza” sobre a evolução da oferta e da demanda.

Para Blanchard e Arezki, a redução do preço à metade afetou a todos, indistintamente: países exportadores ou importadores de petróleo, governos, empresas petrolíferas e prestadoras de serviços para o segmento, além dos próprios consumidores finais.

A Argentina, por exemplo, acaba de anunciar a redução do preço de combustíveis na bomba em 5%. No Brasil, a bolsa de valores registrou queda no preço das ações da Petrobras em 60% na semana passada, enquanto suas co-irmãs estrangeiras registraram reduções mais amenas, de 10% a 20%.

Mais produção – O cenário atual é de aumento da oferta, e, portanto, de menos pressão sobre os preços pelos compradores. Isso, graças à recuperação, em prazo mais curto que o previsto, da produção na Líbia, e, no Iraque, por ter sido pouco afetada pelos conflitos nacionais.

Para os economistas, os importadores de petróleo tendem a se beneficiar do quadro atual, pois vão ter menos despesas com importação, especialmente países emergentes. O Brasil importa derivados como óleo diesel e gasolina para complementar as necessidades internas, devido à limitação de capacidade no refino.

O resultado é melhoria nas contas externas, maior disponibilidade de renda em poder do consumidor e insumos básicos mais baratos. Grande parte da energia elétrica brasileira, por exemplo, tem origem hoje na geração térmica (à base de derivados como óleos diesel e combustível), por falta de água nos reservatórios das hidrelétricas. Essa conta vai diminuir para o usuário.

Quem perde – O cenário é inverso para países exportadores. O impacto é negativo, por exemplo, para Rússia, Venezuela e Nigéria, que perdem receitas nas vendas externas e sofrem pressão nas contas internacionais e fiscais, devido à perda de receitas tributárias. Quanto mais dependente das exportações, mais impacto: caso da Rússia, que tem 50% de suas receitas internacionais originadas da exportação de petróleo e gás. ]

“Os riscos para a estabilidade financeira cresceram, mas permanecem limitados”, avalia o estudo. A Zona do Euro está mais imune, segundo os autores, por ter hoje fraca demanda pela commodity.

Os economistas também fizeram simulações do impacto da queda do preço do petróleo sobre países. Os Estados Unidos devem crescer mais 0,2% a 0,5% em 2015 e 0,6% em 2016 no caso de os preços manterem-se baixos. A China pode ter mais 0,4% a 0,7% de crescimento no PIB no ano que vem e de 0,9% em 2016.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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