Bancadas do PT lançam Memorial da Verdade em Porto Alegre

Obra que mostra o passo a passo da luta pela comprovação da inocência de Lula foi lançado nesta quinta-feira (4) na capital gaúcha

Site do PT

As bancadas petistas da ALERGS e da Câmara Federal promoveram, na noite desta quinta-feira (4), o lançamento do livro ‘Memorial da Verdade: porque Lula é inocente e porque tentaram destruir o maior líder do Brasil’. O ato realizado no Teatro Dante Barone, e transmitido pelas redes sociais, contou com a participação de representantes de partidos progressistas e movimentos sociais.

O líder da bancada petista na AL, deputado Pepe Vargas, afirmou que o livro representa o direito à verdade e a uma transição de um período semelhante à ditadura. “Temos que lembrar a luta e a lista dos torturadores, a lista dos mortos e desaparecidos. Ao lançar este livro estamos estabelecendo o direito à verdade sobre as irregularidades praticadas pelos agentes do Estado. A violência que se estabeleceu aos direitos de Lula, utilizou de outras violências, não mais da ditadura, mas de luvas de pelica dos advogados”.

Pepe disse que ao lançar o Memorial da Verdade, lança-se um debate para que o povo brasileiro tenha direito à verdade em relação aos golpistas de 2016. “Foi a nossa resistência que resultou na anulação dos crimes imputados a Lula. O povo brasileiro tem direito à essa memória e a essa verdade”.

Na mesma sequência, o líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, deputado Elvino Bohn Gass, que coordenou a mesa de lançamento da atividade, citou a jurista Susan Rose-Ackerman (professora da Universidade de Yale, que o Procurador Deltan Dallagnol, um dos principais acusadores de Lula, teria dito que era a “maior especialista do mundo em combate à corrupção”). Segundo o parlamentar, Susan ficou chocada com o nível de violação do processo legal no caso de Lula. “Sabem o que a heroína do Deltan fez? Assinou a petição Lula Livre. Por isso é tão importante lançarmos no Brasil e fora do país este livro”.

O lançamento do livro no RS, assume uma um grande significado, segundo o presidente do PT do RS, deputado federal Paulo Pimenta, por ser o encontro da militância depois de muito tempo e, sobretudo por ser um momento após um período de grande perseguição, de desmonte das políticas sociais, da economia brasileira. “Estamos de cabeça erguida para reafirmar a inocência do presidente Lula que sempre disse que a única forma de desmontar a farsa da Lava Jato seria enfrentá-la”. Pimenta ressaltou também o papel que cada militante representou nessa luta.

“O livro é importante porque desmonta qualquer um dos argumentos de quem o acusaram. Cada brasileiro e cada brasileira é inocente até que se prove o contrário, mas essa regra não vale para Lula? Por isso esse momento tem esse grande significado”, enfatizou Pimenta.

Para o deputado Edegar Pretto “estamos em um tempo de ressurgimento”. Ele continuou afirmando ser esse um momento histórico em que as forças progressistas precisam preparar a eleição de Lula. “Estamos percorrendo todos os cantos do Estado e sabemos que as forças nacionais são fortes, mas no RS também existem. Por tudo que vivemos, eles acharam que o PT iria sucumbir, mas pelo contrário. Estamos crescendo e aumentando nossas fileiras para reconstruir nosso estado”.

Pretto ainda fez referência as políticas adotadas pelos governos de Eduardo Leite e Jair Bolsonaro. “Há diferença do desmatamento da Amazônia com a flexibilização dos agrotóxicos no RS? Os personagens são diferentes, mas a política que eles representam são as mesmas”.

Em sua primeira participação pública desde o início da pandemia, o ex-governador Tarso Genro analisou o livro que, segundo ele, transfere a compreensão do que houve. “Tem uma relação política e o sistema de alianças. Tem a grande imprensa como moduladora dessas relações que levaram Lula ao cárcere”.

O também ex-governador Olívio Dutra disse que o ato representou o lançamento de um livro mas também de “distribuição de tarefas à militância”, pois os governos petistas encaminharam a ideia de que o povo é sujeito da política e que agora deve ser retomado.

“Com a prisão de Lula, o processo não foi interrompido como nas vezes anteriores. Engendraram uma outra forma ainda mais perigosa que penetra nos escaninhos do estado e vem do fundo da sociedade. Este governo e esse modelo trouxeram à tona o lodo. Não estamos em condições ainda de que dá para interromper, mas temos experiência, pois fomos aprendendo conosco mesmo, com nossos erros e acertos”. Olívio afirmou ainda que junto com o povo brasileiro temos a chance de retomar o projeto junto com o povo.

Neste governo do mentecapto, os interesses continuam atuando. A democracia, para nós, não é apenas a letra da lei e da constituição. O povo tem que viver a democracia que não é obra pronta e acabada”, destacou Olívio.

Para Reginete Bispo, que representou o senador Paulo Paim, o livro mostra por que Lula foi destituído. “Foi o único presidente que acolheu a luta dos trabalhadores e a luta do povo negro e pela primeira vez fomos reconhecidos enquanto portadores de direitos”.

Para ela, a democracia nunca foi efetivamente colocada a todas as parcelas do povo brasileiro. “Quando se inicia o processo de democratização, essa elite se rebela e mostra a sua face cruel a ponto de destituir a presidenta mulher e a ponto de colocar no cárcere o presidente que deu direito aos trabalhadores”.

Juristas reafirmam que Lula e o PT sofreram perseguição política

Juristas convidados ao ato de lançamento do livro em Porto Alegre também se manifestaram na noite desta quinta-feira e analisaram o processo a que foi submetido o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. A advogada, historiadora, pesquisadora e membro da Coordenação Executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Tania Oliveira, por exemplo, observou que Deltan sempre foi político e nunca foi Procurador. “Hoje se confirmou o que sempre soubemos. Usou instrumentalmente o judiciário para fazer política. Precisamos reformar o modelo do sistema de Justiça”.

Em vídeo, Ricardo Amaral, organizador do livro disse que as decisões judiciais são importantes, mas é preciso mais para estabelecer a verdade. “Foram cinco anos de mentiras. Podemos afirmar que com pesquisas sérias de que Sérgio Moro nunca comprovou a teoria da corrupção sistêmica. O objetivo do memorial é fazer com que os militantes possam enfrentar o debate de cabeça erguida. Precisamos fazer o debate desde já”.

A advogada e especialista em Direito Eleitoral, Maritania Dallagnol relembrou da conversa entre Sérgio Moro e Deltan por aplicativo. Segundo ela, a troca de informações configura a fraude da Lava Jato, ao sistema de Justiça e ao sistema político. “Os dois participaram ativamente da eleição de 2018. A partir deles se corrompeu o sistema de Justiça. Precisamos reformar o sistema e de mecanismos de controle da sociedade”, disse. “Lula tem razão. Essa foi a maior mentira jurídica dos últimos 500 anos. Mas isso não é novidade e temos convivido com isso. Antes do julgamento, essa criminalização à esquerda já era sentida”, acrescentou.

Dilma solidariza-se à luta contra a perseguição

A ex-presidenta Dilma Rouseff, que perdeu o mandato sem nunca ter cometido um crime, enviou um vídeo em que afirma que “o Brasil vive um momento devastador com a sistemática destruição da democracia e dos direitos constitucionais, pois grande parte do povo foi enganado por uma máquina de mentiras”.

Segundo ela, o golpe de 2016 foi o que levou a um momento trágico e repleto de mentiras. “Mentiram e continuam mentindo sistematicamente sobre o legado dos governos de esquerda. Foi preciso, para eles: perseguir Lula e prendê-lo a margem da Justiça. Nós desafiamos a ordem que destinava o nosso país a um papel subalterno. A mentira foi a arma mais forte que eles encontraram, venceram por cinco anos. Mas como não há mal que dure, não há mentira que se eternize”.

Da Redação, com PTSul

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