Benedita da Silva: A saúde no Rio precisa sair da UTI
Candidata do PT à prefeitura do Rio, ela denuncia o desmonte atual do setor promovido pelo governo Crivella, e anuncia medidas que pretende adotar para acabar com o caos que tomou conta da cidade, principalmente após a pandemia do novo coronavírus
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Entre março e julho deste ano, no auge da pandemia da Covid-19, 327 mil brasileiros perderam os planos de saúde, a maioria por desemprego e incapacidade de manter o pagamento. Esse enorme contingente veio se somar aos 160 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do SUS, o Sistema Único de Saúde.
De acordo com Benedita da Silva, candidata do PT à prefeitura do Rio, a pandemia encontrou na cidade um sistema de saúde desmantelado, com número insuficiente de equipes de saúde da família, clínicas da família e UPA’s funcionando precariamente, falta de profissionais, falta de equipamentos, hospitais sucateados, redução de atendimentos em todas as unidades de saúde.
“Para que se tenha uma ideia do tamanho do desmonte promovido pela administração desastrosa de Crivella, em 2017, quando o prefeito assumiu, havia 1251 equipes de saúde da família, número que já era insuficiente para atender de maneira adequada à população. No início de 2019 esse número havia caído para 1090 equipes e continuou a ser reduzido nos meses seguintes, no auge da pandemia”, afirma ela.
Para ela, todas essas razões contribuíram para que o município do Rio chegasse a uma taxa de mortalidade pela Covid-19 maior que a taxa no estado do Rio e o dobro da taxa em São Paulo.
Benedita conhece bem o cenário da Saúde carioca, desde os tempos em que trabalhou como auxiliar de saúde no hospital Miguel Couto. E sua vice, a Enfermeira Rejane (PCdoB), também conhece de perto as dificuldades enfrentadas pela população e pelos profissionais de saúde.
Como acabar com o caos na saúde?
No Rio, os hospitais e clínicas especializadas estão concentrados na Zona Sul, parte da Zona Norte e no Centro da Cidade. Sem unidades e equipes de saúde em quantidade necessária, algumas regiões têm sofrido ainda mais com a redução de atendimentos. É o caso dos bairros de Ramos, Santa Cruz, Méier, da favela do Jacarezinho e do Complexo da Maré, conforme ela informa.
“Hoje, quase 370 mil pessoas aguardam na fila do Sisreg, o Sistema de Regulação de Vagas, para ter um atendimento. Alguns aguardam há anos por uma cirurgia. Como sair desse caos? Como melhorar as condições de assistência à saúde da população, principalmente dos mais vulneráveis? Em primeiro lugar, é preciso superar o imobilismo do governo Crivella e desenvolver ações emergenciais de Saúde, orientadas por equipe de cientistas, enquanto perdurar a pandemia, ou seja, enquanto não tivermos a vacinação em massa da população”, alega a candidata petista.
Benedita pretende implantar programa de testagem no combate à Covid-19, direcionando os testes para locais selecionados pelo perfil epidemiológico. Uma vez detectada a contaminação, será providenciado o isolamento e a aplicação de testes para pessoas que tiveram contato com o paciente.
Para ela, é fundamental garantir a formação de redes de saúde que vão desde os cuidados prestados na comunidade ou bairro até o atendimento em policlínicas de especialistas e hospitais especializados. Ela quer inverter o foco: em lugar de buscar quase que exclusivamente a cura da doença, investir na prevenção e nos cuidados com a saúde.
Programa Saúde da Família
Dentro das propostas de Benedita para a saúde está a ampliação do Programa Saúde da Família é prioridade para Benedita, com a abertura de novas clínicas e a recontratação imediata dos agentes demitidos por Crivella na pandemia.
Outra providência será a reincorporação de médicos especialistas nas clínicas da família, como os ginecologistas-obstetras, clínicos e pediatras. As equipes de Saúde da Família serão qualificadas para dar atenção integral à saúde do idoso e às populações de maior vulnerabilidade. E os agentes comunitários serão incluídos num programa de qualificação digital, garantindo treinamento e equipamento para que possam atuar de maneira eficiente.
Segundo ela, é preciso também, assegurar que o povo tenha acesso permanente aos serviços, com a implantação gradual de uma política de atendimento não agendado, sempre que for necessário. E para dar transparência aos atendimentos, combatendo as longas filas no Sisreg.
Benedita anunciou também que irá criar a Agenda Cidadã, um sistema de informação sobre agendamento de exames e consultas, onde o usuário poderá controlar a fila e o acesso pelo celular. Uma das suas metas na Prefeitura é de que os pacientes atendidos em UPAs e Clínicas da Família, e que necessitem de internação, não aguardem mais que 24 horas por um leito no hospital.
Outra situação particularmente grave no Rio, segundo ela, são as mortes, deficiências e necessidades de cuidados em decorrência dos traumas causados por agressões e acidentes. Em 2019, quase seis mil pessoas morreram na cidade do Rio, assassinadas ou em acidentes no trânsito. Para reduzir esses índices, além de um trabalho permanente de prevenção, Benedita vai criar uma rede de urgência e emergência adequada ao tratamento do trauma e da vítima.
Cuidado com os idosos
Benedita, que tem 78 anos, reafirma que a parcela da população com mais de 60 anos é a mais atingida por doenças como diabetes, hipertensão, doenças do coração.
“São doenças que não têm cura, que muitas vezes exigem cuidados emergenciais ou especializados, e a assistência permanente de cuidadores e fisioterapeutas. E não apenas os idosos. Também as crianças, as pessoas com deficiência, os que sofrem com problemas mentais. Toda essa população vulnerável precisa, e terá, o cuidado certo e de qualidade, no lugar certo e no tempo adequado”, explica.
Para isso, Benedita vai levar em conta a base territorial na distribuição dos ambulatórios de especialidades, laboratório de exame de imagens e serviços de cirurgia ambulatorial. Com essa assistência descentralizada e mais perto de casa, será possível reduzir o tempo de espera de exames e procedimentos cirúrgicos eletivos.
Ela também afirma que vai fortalecer os Centros de Atendimento Psicossocial, investindo na capacitação permanente da equipe multiprofissional dessas unidades, articulando-os com as clínicas da família e hospitais de retaguarda para a saúde mental.
“E, o mais importante, vamos ampliar a carga horária de atividade dos CAPS Álcool e Drogas, integrar os serviços com clínicas de família e residência terapêutica, de maneira a assegurar uma ação mais abrangente e integral para os dependentes de álcool, crack e outras drogas, bem como para seus familiares”, anuncia.
Saúde da mulher e retomada da economia
O governo de Benedita e Rejane também dará especial atenção às mulheres, com a criação de um programa específico de atendimento integral à saúde da mulher, com acesso a exames especializados.
“Hoje, as mulheres que dependem do SUS para fazer uma biópsia de mama, por exemplo, aguardam na fila por, pelo menos, três meses, o que em muitos casos pode ser fatal. A maternidade é um momento sublime da mulher e deve merecer uma atenção muito carinhosa. Vamos recuperar o programa Cegonha Carioca, com um pré-natal de alta qualidade e um parto muito humanizado”, anuncia.
Para colocar em prática essa nova estratégia, onde a vida será prioridade e os profissionais de saúde serão valorizados, Benedita afirmou que irá encerrar gradativamente os contratos com as OS’s, transferindo a gestão e a contratação de pessoal para a empresa pública RioSaúde.
Benedita afirma que pretende utilizar a questão da saúde para a retomada da economia do Rio.
“A Prefeitura vai fortalecer o projeto da Fiocruz de implantar o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde no distrito industrial de Santa Cruz, permitindo o aumento da produção nacional de vacinas e de medicamentos e a geração de novos postos de trabalho. E haverá incentivo para o desenvolvimento do setor industrial da Saúde em toda a extensão da Avenida Brasil, revitalizando essa região estratégica para o Rio de Janeiro e que está completamente abandonada”, propõe ela.
Da Redação com assessoria da campanha