24 anos do Massacre de Corumbiara. 24 anos de profecia cumprida
“Sem reforma agrária, estas cenas vão se repetir”
Publicado em
09/08/1995 † 09 /08/2019:
24 anos do Massacre de Corumbiara…
…24 anos de uma profecia que continua a se realizar.
★★★
Em julho de 1995, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Corumbiara (RO) havia liderado a ocupação da Fazenda Santa Elina por cerca de 500 famílias de trabalhadores rurais sem-terra. A área da fazenda constituía-se de lotes negociados pelo INCRA para a execução de um projeto de desenvolvimento agropecuário, mas diante da inadimplência desses contratos, o Sindicado reivindicava a retomada da área pelo INCRA, e a destinação das terras para a reforma agrária.
Apenas quatro dias após a ocupação, é determinada a reintegração de posse da área pelo juiz da Comarca responsável pela região.
Apesar da constituição de uma comissão de negociação com representantes do governo do Estado, do poder legislativo estadual e municipal, além do INCRA e do Instituto de Terras de Rondônia (ITERON), na madrugada do dia 9 de agosto, os trabalhadores foram surpreendidos pela ação violenta de cerca de 200 policiais fardados trajando mascaras, incluindo 46 oficiais da Companhia de Operações Especiais (COE) além de supostos pistoleiros a serviço proprietário da fazenda.
Ao final da operação, o massacre deixou, oficialmente, 16 camponeses mortos, incluindo uma criança de seis anos alvejada pelas costas, além de 7 desaparecidos, 55 pessoas gravemente feridas e cerca de 200 pessoas com sequelas físicas e psicológicas.
Após o conflito, sobreviventes foram torturadas por longas horas e o acampamento foi destruído e incendiado.
O episódio se repetiria apenas 8 meses depois – em abril de 1996 -, no massacre que deixou 21 camponeses mortos em Eldorado dos Carajás, no Pará, com ao menos 10 mortes apontadas pela perícia como “execuções sumárias”, além de mais de 70 trabalhadores gravemente feridos.
Não bastasse o uso extremo e desproporcional de violência policial, com abuso de armamento pesado e atos de extrema covardia, como execuções sumárias e tortura de sobreviventes, os dois episódios ficaram marcados não apenas pela impunidade tanto dos policiais que executaram as ações como dos fazendeiros denunciados como mandantes, e pela criminalização dos movimentos sociais de luta pela terra, que tiveram presas várias das vítimas, sobreviventes dos massacres,
mas também pelo trágico cumprimento de uma profecia cruel, que desde então continua a se repetir, tendo se agravado após o golpe de 2016 e que vem se radicalizando cada vez mais sob o governo fascista de Bolsonaro:
“Sem reforma agrária, estas cenas vão se repetir”
09/08/1995 † 09 /08/2019
24 anos do Massacre de Corumbiara
24 anos de uma profecia que continua a se realizar
por Samuel de Albuquerque Carvalho,
da assessoria da Secretaria Agrária Nacional do PT