A Chacina do Jacarezinho e o riso do bolsonarismo em redes sociais, por Álvaro Maciel

O bolsonarismo tem suas raízes fincadas nas crises no sistema político brasileiro. Após o golpe de 2016 o movimento ganha novo formato e com a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018, se consolida de vez.

Aline Massuca

Moradores da comunidade de Jacarezinho prostestam contra a violência policial

Temos aqui uma matéria que traz importantes informações sobre a chacina do Jacarezinho.  Os dados estatísticos das reações nas redes sociais, relativas ao massacre, por mais incrível que pareça, incluem deboches e risadas. Uma realidade dura demais para os padrões morais para nossa sociedade, se pegarmos de dez anos atrás, ou um pouco mais.  No fundo, a matéria ajuda a demonstrar algumas das faces do bolsonarismo como fenômeno macabro, nefasto, repugnante e altamente desumano.

O bolsonarismo tem suas raízes fincadas nas crises no sistema político brasileiro. Após o golpe de 2016 o movimento ganha novo formato e com a vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018, se consolida de vez.  O golpe de Estado, a eleição do presidente Bolsonaro e a consolidação do bolsonarismo dão início a um dos momentos mais dramáticos de história política do país; com insistentes ataques às instituições democráticas; tentativas de ruptura da estabilidade política brasileira; perseguição política à ciência, cultura e educação; necropolítica como modelo de gestão pública; crise econômica vinculada o entreguismo de nossas riquezas; privatizações; aumento da pobreza e da miséria; estímulo ao ódio e a constante aproximação com o fascismo.

Parabenizo o jornalista Leandro Machado pela excelente matéria publicada na BBC News SP, no dia 14/05, e pelo seu respeito à profunda dor causada pelas mortes dos 28 jovens, vitimas da chacina do Jacarezinho. O presidente do Portal Favelas, Rumba Gabriel, tem cobrado por parte de alguns jornalistas e ativistas mais respeito em suas matérias nos jornais e postagens nas redes sociais, ao se referirem aos assuntos dos “nossos quilombos urbanos”.

Combater essa onda conservadora nas redes é uma tarefa complexa. O levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV) revela que mais de 40% das matérias e postagens sobre o massacre do dia 06/05 são do segmento conservador. Parece que nas ruas o bolsonarismo está minguando, enquanto nas redes ele ainda é maioria.

Por isso, endosso o pedido de respeito feito pelo nosso líder, o presidente Rumba. É preciso muita responsabilidade e sensibilidade quando tratamos dos temas ligados às favelas, pois, nesses territórios moram seres humanos, pessoas comuns, estudantes, trabalhadoras, artistas, aposentadas, intelectuais… e, por ventura, alguns delinquentes, tal e qual nos outros bairros da cidade. Não podemos vacilar. É importante compreendermos que “favela é cidade”, como nos ensina o professor Adair Rocha.

Quanto às pessoas faveladas que votaram no Bolsonaro não quero aqui condená-las; pois votaram tomadas pelo desejo de mudança; mas chamá-las à reflexão das consequências do seu voto. Tenho esperança de que tais pessoas reavaliem o contexto político desse movimento e caiam fora dessa onda maldita, assim como já fizeram algumas alas dos militares, dos evangélicos e também de outros segmentos da sociedade. Errar é humano, insistir no erro é autodestrutivo. Vale muito à pena ler a matéria do Leandro Machado.

Álvaro Maciel – Administrador , Consultor em Gestão Cultural, membro do Conselho Municipal de Cultura do Rio.

 

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57123095.amp Jacarezinho: políticos ligados a Bolsonaro dominaram debate nas redes sociais sobre operação policial, mostra pesquisa

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