Comitê Popular Alegria é inaugurado na Gávea (RJ)
O Comitê Alegria foi lançado no último domingo na Gávea, com direito a fanzine e o bloco Polvo com Lula
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A guerra cultural travada por Bolsonaro tem gerado muitos estragos no setor. Apesar dos quase quatro anos de incessantes ataques, a cultura brasileira não apenas resiste, como segue firme e mobilizada. Os profissionais da área lutam para sobreviver a uma precarização cada vez maior do trabalho. Com o objetivo de fortalecer essa luta, foi lançado no último domingo (22), no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, o Comitê Popular de Cultura Alegria.
A roteirista e organizadora do Comitê, Jô Hallack, conta que o objetivo é trazer a discussão política sem perder a alegria. “A gente acha importante trazer o debate político, mas também ter esse lado da alegria, da celebração, porque isso faz parte da história do Partido dos Trabalhadores. Nosso Comitê quer ocupar todos os lugares do bairro. Mas fazer isso com alegria, com festa e trazendo a cultura que está sob ataque pesado.”
O lançamento reuniu diversos trabalhadores da Cultura e também outros Comitês Populares do Rio de Janeiro, como Comitê Cultura Gera Emprego, Comitê de Ipanema-Leblon e o Comitê de Copacabana. Alguns dos artistas presentes foram a atriz Teresa Seiblitz, o dj e ator Rodrigo Penna, o poeta Chacal, o escritor Raphael Ruvenal e a cineasta Janaína Diniz.
Também fez parte da celebração o Bloco Polvo com Lula, que nasceu a partir de uma convocação da cineasta Janaína Diniz a artistas que integram blocos de carnaval cariocas. “Chamei os músicos para que juntos formassem um bloco de transformação, através dessa ferramenta maravilhosa e comunicadora que é o samba. Então, nós nos reunimos algumas vezes e preparamos um repertório de músicas de protesto, que trazem uma mensagem que traduzam o que a gente viveu, o que a gente vive e o que a gente quer viver. E estreamos na ocupação do Comitê Alegria”, contou a cineasta.
Para o escritor e integrante do setorial de Cultura do PT, Raphael Ruvenal, ter um Comitê de Cultura na Gávea é reafirmar que o Rio tem um projeto de esquerda e que “vai estar no ninho do fascismo, tentando matá-lo no nascedouro. Porque se é da classe média que sai as reações mais raivosas às nossas políticas públicas, é nela que também vamos desconstruir o que foi plantado por fake news e pelas próprias questões estruturais, como o racismo”.
O encontro também contou com a presença do pré-candidato a governador do estado, Marcelo Freixo (PSB), além da vereadora Tainá de Paula (PT/RJ), o pré-candidato a deputado federal Wadih Damous (PT/RJ) e Tiago Santana, presidente do PT carioca. Freixo falou sobre a necessidade de estarmos unidos e ocuparmos todos os espaços das cidades.
Antigo bairro operário
Embora hoje seja um bairro de classe média, a Gávea foi no passado um bairro operário. Essa história é contada no fanzine Gávea Vermelha, criado para o lançamento do Comitê Alegria. O fanzine foi feito a partir de jornais antigos que contam a história do bairro. Gávea Vermelha era o apelido que o bairro tinha em 1918 por causa das greves e dos muitos confrontos com a polícia que os operários enfrentavam. A publicação também conta a história da Vila da Major, uma antiga vila de operários remanescente da Gávea e onde os moradores estão sofrendo ação de despejo por conta da especulação imobiliária.
Ocupar as ruas!
A organização do Comitê Alegria está planejando uma ação que terá um telão para uma sessão de cinema ao ar livre. Outra atividade programada pelo Comitê vai se chamar “A que ponto chegamos”, a partir do meme que viralizou nas redes. A ideia é ir aos pontos de ônibus do bairro para conversar sobre o aumento do preço dos alimentos e da gasolina. “A gente vai tentando misturar um pouco de festa, de cultura e de política e assim vamos encontrando os caminhos”, finalizou Jô Hallack.
Da Redação/Comitê Popular de Luta