Conheça a história e as ações do Comitê de Cultura Mineira com Lula
Ao longo do mês contaremos a história de alguns dos diversos Comitês de Luta espalhados pelo Brasil
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Em 1998 Lula tentava, pela terceira vez, eleger-se presidente da República. Decidido a se aproximar dos jovens que viviam na periferia das grandes cidades, o PT organizou plenárias da juventude e contou com o apoio do grupo Racionais MC’s, que no ano anterior havia lançado um disco que se tornaria um clássico do rap nacional, “Sobrevivendo no inferno”. Sem fazer promoções em rádios ou ir a programas de TV, o grupo já havia vendido mais de 500 mil cópias, número surpreendente para época e que mostrava sua enorme influência nas periferias. Então com 17 anos, o mineiro Roberto Raimundo era um dos muitos fãs da banda. Entusiasmado com a oportunidade de ouvir o grupo ao vivo, foi até a Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte, conferir um showmício da campanha de Lula. Até então alheio à política, acabou maravilhado com o que presenciou. “Eu fui lá ver o show dos Racionais, aí ouvi o Lula falar. Fiquei apaixonado por aquilo. Eu falei: é isso aí! No outro dia tirei meu título de eleitor”, lembra.
Hoje produtor de hip hop e assessor cultural da vereadora Macaé Evaristo (PT/MG), Roberto explica que foi através da cultura que adquiriu consciência política. Desde então, não parou mais de levar a discussão política para as pessoas da periferia através de ações culturais. Atualmente, faz parte do Coletivo de Cultura Mineira com Lula, formado em parceria com o Coletivo de Cultura Alvorada e o Coletivo de Cultura do MST. Tendo em vista que é estratégico em governos autoritários atacar diretamente a Cultura, o Coletivo tem desenvolvido discussões sobre políticas públicas com intuito de apresentar sugestões e propostas para desenvolver um plano de Cultura Nacional.
Para além das discussões, o grupo tem desenvolvido diversas ações na capital mineira. “A gente gosta muito de fazer performance, de trabalhar com o imagético, com o teatro, com a música”, explica Pedro Martins, produtor cultural e coordenador do Comitê de Cultura Mineira com Lula. No último final de semana (26 e 27/03), o Coletivo promoveu três diferentes ações: a inauguração do Comitê na Pedreira Prado Lopes, com a presença de Fabiano Leitão, o TromPetista; o Lulaço no Mercado de Belo Horizonte; e o coral mil vozes com Lula, que cantou na praça em frente ao Mercado. “O próximo passo é organizar ações pelo estado inteiro, porque a ideia é que os Coletivos se espalhem. Nós já temos Comitês em 38 municípios, porém Minas Gerais é muito grande, são mais de 800 municípios, mas nós vamos nesse rumo. Vamos organizar Comitês em todas as cidades”, explica Pedro.
Recentemente, o ator e diretor de teatro do grupo Leela, Munish, protagonizou a performance “Ditadura Nunca Mais”, na Praça Sete, em Belo Horizonte. Munish é também um dos coordenadores do Comitê de Cultura Mineira com Lula. “A gente faz uma militância de ações, a gente acredita que esse tipo de performance aproxima mais as pessoas”, conta Munish. O coletivo está desenvolvendo uma ação para colocar na Av. Afonso Pena, avenida central de Belo Horizonte, cada dia uma performance diferente: uma artista dançando, um violinista tocando, um ator interpretando uma poesia. No final da avenida será exibida a faixa “Estamos todos com Lula”. “A ideia é trazer engajamento através da arte”, explicou Munish.
Um dos focos principais do Comitê é desenvolver um diálogo com as comunidades, utilizando o tema da cultura. “Vamos ter um Comitê que vai dar aula de percussão, outro que vai fazer oficinas de teatro nos bairros periféricos”, conta o coordenador Pedro Martins. Outra ação que está sendo planejada é a de projeção nos prédios. Já existem três pontos fixos de projeção em Belo Horizonte. “Vamos espalhar esses pontos pelas periferias e ensinar o pessoal a projetar também, dando oficinas e fornecendo os equipamentos”, explica Pedro.
Para os próximos meses está sendo programada a gravação de clipes e vídeos com artistas mineiros como Márcio Borges, Theo Borges, Gabriel Guedes e Fernanda Takai. Em um dos vídeos, que deverá ser lançado na próxima semana, será tratada a questão da regularização dos títulos. “Aqui em Minas Gerais, nós estamos com 2 milhões de títulos não regularizados, então também faremos uma campanha nesse sentido para ver se a gente resgata esse povo que nem votou na última eleição”, contou Pedro Martins. O Comitê também está planejando para os próximos meses um festival agrário popular, que será um grande festival em praça pública organizado junto com o MST.
O Comitê de Cultura Mineira trabalha em parceria com diversos coletivos espalhados pelo Brasil. “O nosso trabalho é construir laços”, diz Munish. O grupo mantém intercâmbio com Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. “A gente é muito parceiro do coletivo Resistência de São Paulo. Temos também uma parceria grande com o Coletivo Lula Presidente de Florianópolis. Estamos bem articulados nacionalmente. A gente vê muita necessidade de que os coletivos se organizem para enfrentar esse momento atípico, essa eleição histórica, que provavelmente será a mais importante dos últimos 30 anos”, finaliza Pedro.
Da Redação/Comitê Popular de Luta