Contribuição de Cida de Jesus, Presidenta PT/MG, para o Seminário de Organização.
Veja abaixo a contribuição de Cida de Jesus, Presidenta do Diretório Estadual de Minas Gerais, que falou no Painel – O PT de portas abertas para a militância, como organizar o Partido a partir da base, do Seminário Nacional de Organização
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O Seminário Nacional de Organização do PT foi realizado em São Paulo, dos dias 27 e 28 de agosto, e contou com a presença de 164 participantes que militam em 26 estados ocupando cargos de direção nacional, estadual e municipal.
Foram discutidas propostas para melhorar o funcionamento e a organização do Partido, a síntese das propostas apresentadas pode ser lida aqui.
Veja abaixo a inserção de Cida de Jesus, que falou no Painel – O PT de portas abertas para a militância, como organizar o Partido a partir da base.
Organizar para fortalecer o PT
Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manter organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégios das classes dominantes.
Mas sempre que as lideranças dos trabalhadores e oprimidos se lançam à tarefa de construir essa organização independente de sua classe, toda sorte de obstáculos se contrapõe a seus esforços. (Carta de Princípios, 1979)
A citação que abre este texto foi retirada da Carta de Princípios que norteou o Manifesto de Fundação do Partido dos Trabalhadores. Lançada no dia 1º de maio de 1979, ela registrava a necessidade dos trabalhadores e trabalhadoras, oprimidos pelo sistema, se manterem organizados para, assim, transformar a vida social e política do país.
Foi com esse propósito que, no dia 10 de fevereiro de 1980, nascia o PT e com ele, acendia-se uma chama de esperança. Ao longo dos 35 anos de história da legenda, a chama se fortaleceu e iluminou a nação. O PT ajudou na construção de um país melhor e mais justo, tirou milhões da miséria e ampliou o acesso dos brasileiros mais pobres a serviços básicos, como educação, saúde e moradia.
O projeto que mudou o Brasil tem, agora, a chance de transformar Minas Gerais. Em 2014, elegemos, pela primeira vez na história da legenda, um governador petista. Os desafios têm sido muitos, afinal, recebemos dos tucanos um estado falido e com graves problemas sociais. O diretório do Partido dos Trabalhadores em Minas, mesmo com uma estrutura mínimo para um estado com grande dimensão territorial, tem tido um trabalho fundamental de interlocução com a sociedade para que o cenário seja compreendido, bem como, de motivar e articular a participação popular na definição de políticas públicas e investimentos.
Enquanto partido, buscamos uma estratégia própria de ação, independente do governo, junto às bases e de permanente mobilização. O trabalho tem sido no sentindo de fortalecer os diretórios municipais, regionais, secretarias e setoriais do partido, além de aproximação com os movimentos populares. No primeiro semestre de 2015, foram realizados encontros em todas as 20 macrorregionais que compõem o estado, onde foram tiradas coordenações locais. Também tem sido levadas atividades de formação para as diversas regionais, além de ações específicas para a ampliação da participação feminina e dos jovens.
Mas como a Carta de Princípios já nós alertava, muitos seriam os obstáculos. A caminhada tem sido dura, com ataques de todos os lados. A direita conservadora, tendo como aliada uma parcela da mídia, espalha boatos, meias-verdades e até mentiras, com o propósito de desestabilizar o Partido dos Trabalhadores e o que nossa trajetória representa.
Se o momento é de embates, cabe a nós, militantes, filiados, filiadas e dirigentes partidários, seguirmos fortalecendo nossa estrutura interna para irmos à luta e fazermos frente aos ataques. Afinal, representamos os trabalhadores e trabalhadoras deste país.
Nosso partido carrega em seu DNA a missão de se fazer expressão política dos setores explorados pelo sistema capitalista e deve constituir-se ferramenta para a participação popular, legal e legítima, em todas as decisões da sociedade. Muito além de um mero fim eleitoral, o PT deve seguir presente no dia a dia das pessoas, na construção de uma nova democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base. Para isso, conforme reconhecíamos já em 1980, é imprescindível uma estrutura interna democrática, apoiada em decisões coletivas e cuja direção e programa sejam decididos nas bases.
Norteados por esses fundamentos, é preciso que o PT organize suas instâncias administrativas e políticas. Para ajudar este trabalho, apresentamos algumas propostas colhidas nos encontros regionais do PT/MG.
1- Organização Administrativa
A organização administrativa contempla as questões jurídicas, contábeis, estruturação dos diretórios, secretarias, setoriais e do quadro de filiados. No campo jurídico/contábil precisamos manter as direções bem informadas de suas obrigações legais, para que nenhum erro se transforme uma grande avalanche difícil de ser contida. Afinal, vivemos tempos em que o poder judiciário acusa, quando deveria julgar, e os órgãos de imprensa condenam, quando deveriam informar. Sendo assim, é necessário que as instâncias de direção nacional e estaduais tenham um corpo jurídico para orientar e servir de apoio para as instâncias municipais.
Também é fundamental que as formações para secretários e secretárias de finanças sejam oportunizadas, haja vista os apontamentos da Reforma Política votadas até o momento pelo Congresso Nacional, no que diz respeito a arrecadações para os períodos eleitorais.
O PT também precisa atuar para sanar as divergências de listas de filiados que existem entre os cartórios eleitorais e os cadastros internos. É necessário que os diretórios municipais saibam utilizar os instrumentos disponibilizados pelo partido, tais como o SISFIL e o SACE, conferindo assim autonomia aos diretórios locais. Também é fundamental envolver os filiados e filiados no dia a dia da legenda, através de atividades de formação e mobilização, além de realizar campanhas de conscientização sobre a importância da contribuição partidária.
2- Organização Política
No diz respeito à organização política, é preciso estabelecer novas lógicas e canais de diálogo com sociedade, fazendo a escuta popular. Devemos qualificar a relação com os movimentos sociais tradicionais, sem deixar de considerar os novos movimentos populares, que emergiram nas últimas décadas, relacionados a lutas específicas. Outra diretriz é a transição geracional, propiciando à juventude condições para atuar de forma efetiva e com autonomia de decisão nas instâncias de direções partidárias. Também vemos como prioridade a valorização da participação feminina paritária no Partido, garantindo sua presença nas instâncias de decisão.
Com a compreensão de que a pluralidade faz parte da própria constituição do PT, nossa postura deverá ser de respeito à legítima organização de tendências e forças internas. Em contrapartida, é necessário buscaremos, permanentemente, a conciliação interna. Entendendo que a unidade em torno do projeto partidário petista é condição fundamental para o enfrentamento de nossos verdadeiros adversários.
Para que tudo isso seja possível, é preciso que o partido invista na formação e mobilização dos filiados. Além de criar mecanismos alternativos de comunicação com a sociedade e para subsidiar os militantes no embate político. Como também na orientação na construção de programas de governo para as prefeituras e na construção de plataformas de mandatos legislativos. O modo petista de governar, tendo como prioridade os mais pobres e a participação popular, deve estar presente em todos os mandatos.
O PT continuará firme, combinando ação institucional e mobilização social. Afinal, como nos ensina o jornalista e escritor mineiro, Fernando Brant, se muito vale o já feito, mais vale o que será. Muito já avançamos na construção de um país mais justo, mas ainda há muito a ser feito. Vamos à luta!
Saudações petistas
Cida de Jesus
Presidenta PT/MG
Organizar para fortalecer o PT
Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manter organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégios das classes dominantes.
Mas sempre que as lideranças dos trabalhadores e oprimidos se lançam à tarefa de construir essa organização independente de sua classe, toda sorte de obstáculos se contrapõe a seus esforços. (Carta de Princípios, 1979)
A citação que abre este texto foi retirada da Carta de Princípios que norteou o Manifesto de Fundação do Partido dos Trabalhadores. Lançada no dia 1º de maio de 1979, ela registrava a necessidade dos trabalhadores e trabalhadoras, oprimidos pelo sistema, se manterem organizados para, assim, transformar a vida social e política do país.
Foi com esse propósito que, no dia 10 de fevereiro de 1980, nascia o PT e com ele, acendia-se uma chama de esperança. Ao longo dos 35 anos de história da legenda, a chama se fortaleceu e iluminou a nação. O PT ajudou na construção de um país melhor e mais justo, tirou milhões da miséria e ampliou o acesso dos brasileiros mais pobres a serviços básicos, como educação, saúde e moradia.
O projeto que mudou o Brasil tem, agora, a chance de transformar Minas Gerais. Em 2014, elegemos, pela primeira vez na história da legenda, um governador petista. Os desafios têm sido muitos, afinal, recebemos dos tucanos um estado falido e com graves problemas sociais. O diretório do Partido dos Trabalhadores em Minas, mesmo com uma estrutura mínimo para um estado com grande dimensão territorial, tem tido um trabalho fundamental de interlocução com a sociedade para que o cenário seja compreendido, bem como, de motivar e articular a participação popular na definição de políticas públicas e investimentos.
Enquanto partido, buscamos uma estratégia própria de ação, independente do governo, junto às bases e de permanente mobilização. O trabalho tem sido no sentindo de fortalecer os diretórios municipais, regionais, secretarias e setoriais do partido, além de aproximação com os movimentos populares. No primeiro semestre de 2015, foram realizados encontros em todas as 20 macrorregionais que compõem o estado, onde foram tiradas coordenações locais. Também tem sido levadas atividades de formação para as diversas regionais, além de ações específicas para a ampliação da participação feminina e dos jovens.
Mas como a Carta de Princípios já nós alertava, muitos seriam os obstáculos. A caminhada tem sido dura, com ataques de todos os lados. A direita conservadora, tendo como aliada uma parcela da mídia, espalha boatos, meias-verdades e até mentiras, com o propósito de desestabilizar o Partido dos Trabalhadores e o que nossa trajetória representa.
Se o momento é de embates, cabe a nós, militantes, filiados, filiadas e dirigentes partidários, seguirmos fortalecendo nossa estrutura interna para irmos à luta e fazermos frente aos ataques. Afinal, representamos os trabalhadores e trabalhadoras deste país.
Nosso partido carrega em seu DNA a missão de se fazer expressão política dos setores explorados pelo sistema capitalista e deve constituir-se ferramenta para a participação popular, legal e legítima, em todas as decisões da sociedade. Muito além de um mero fim eleitoral, o PT deve seguir presente no dia a dia das pessoas, na construção de uma nova democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base. Para isso, conforme reconhecíamos já em 1980, é imprescindível uma estrutura interna democrática, apoiada em decisões coletivas e cuja direção e programa sejam decididos nas bases.
Norteados por esses fundamentos, é preciso que o PT organize suas instâncias administrativas e políticas. Para ajudar este trabalho, apresentamos algumas propostas colhidas nos encontros regionais do PT/MG.
1- Organização Administrativa
A organização administrativa contempla as questões jurídicas, contábeis, estruturação dos diretórios, secretarias, setoriais e do quadro de filiados. No campo jurídico/contábil precisamos manter as direções bem informadas de suas obrigações legais, para que nenhum erro se transforme uma grande avalanche difícil de ser contida. Afinal, vivemos tempos em que o poder judiciário acusa, quando deveria julgar, e os órgãos de imprensa condenam, quando deveriam informar. Sendo assim, é necessário que as instâncias de direção nacional e estaduais tenham um corpo jurídico para orientar e servir de apoio para as instâncias municipais.
Também é fundamental que as formações para secretários e secretárias de finanças sejam oportunizadas, haja vista os apontamentos da Reforma Política votadas até o momento pelo Congresso Nacional, no que diz respeito a arrecadações para os períodos eleitorais.
O PT também precisa atuar para sanar as divergências de listas de filiados que existem entre os cartórios eleitorais e os cadastros internos. É necessário que os diretórios municipais saibam utilizar os instrumentos disponibilizados pelo partido, tais como o SISFIL e o SACE, conferindo assim autonomia aos diretórios locais. Também é fundamental envolver os filiados e filiados no dia a dia da legenda, através de atividades de formação e mobilização, além de realizar campanhas de conscientização sobre a importância da contribuição partidária.
2- Organização Política
No diz respeito à organização política, é preciso estabelecer novas lógicas e canais de diálogo com sociedade, fazendo a escuta popular. Devemos qualificar a relação com os movimentos sociais tradicionais, sem deixar de considerar os novos movimentos populares, que emergiram nas últimas décadas, relacionados a lutas específicas. Outra diretriz é a transição geracional, propiciando à juventude condições para atuar de forma efetiva e com autonomia de decisão nas instâncias de direções partidárias. Também vemos como prioridade a valorização da participação feminina paritária no Partido, garantindo sua presença nas instâncias de decisão.
Com a compreensão de que a pluralidade faz parte da própria constituição do PT, nossa postura deverá ser de respeito à legítima organização de tendências e forças internas. Em contrapartida, é necessário buscaremos, permanentemente, a conciliação interna. Entendendo que a unidade em torno do projeto partidário petista é condição fundamental para o enfrentamento de nossos verdadeiros adversários.
Para que tudo isso seja possível, é preciso que o partido invista na formação e mobilização dos filiados. Além de criar mecanismos alternativos de comunicação com a sociedade e para subsidiar os militantes no embate político. Como também na orientação na construção de programas de governo para as prefeituras e na construção de plataformas de mandatos legislativos. O modo petista de governar, tendo como prioridade os mais pobres e a participação popular, deve estar presente em todos os mandatos.
O PT continuará firme, combinando ação institucional e mobilização social. Afinal, como nos ensina o jornalista e escritor mineiro, Fernando Brant, se muito vale o já feito, mais vale o que será. Muito já avançamos na construção de um país mais justo, mas ainda há muito a ser feito. Vamos à luta!
Saudações petistas
Cida de Jesus
Presidenta PT/MG