CUT e movimento sociais resgatam espírito histórico e político do primeiro de maio

Por Angelo D’Agostini Junior – Secretário Sindical Nacional/PT Participação O ato de primeiro de maio de 2015 da CUT com movimentos populares no Anhangabaú foi organizado essencialmente como um ato…

Por Angelo D’Agostini Junior – Secretário Sindical Nacional/PT

Participação

O ato de primeiro de maio de 2015 da CUT com movimentos populares no Anhangabaú foi organizado essencialmente como um ato político em defesa dos direitos dos trabalhadores, da democracia, da Petrobras, da reforma política e contra o PL 4330, e teve a participação de representantes políticos e artistas que tem vínculos e compromisso com as lutas sociais.

Este formato difere dos últimos primeiros de maio, cujo o foco era distinto, uma festa. Nela havia artistas “da moda” e um espaço menor para o ato político formativo, o que significou a presença de um público bem diverso em relação aos anos anteriores.

Neste ano, houve uma construção mais política no ato, o que possibilitou, por um lado, maior participação de segmentos organizados da sociedade, como, por exemplo, movimentos da área da habitação, e, por outro lado, significou uma participação menor de pessoas que iam somente para assistir o seu artista preferido.

Levando-se em conta esta outra forma de organização do ato, a participação no Anhangabaú foi vitoriosa, pois, mesmo com número inferior que em outros momentos, a participação foi mais densa politicamente. O público presente estava disposto e interessado em acompanhar o ato político, desta maneira aproveitaram melhor o principal momento do dia. Alimentando-se de argumentos e reflexões consistente para a ação militante, fortalecendo, assim, a unidade na luta em defesa dos trabalhadores.

Já o outro ato, da Força Sindical, na Praça Campo de Bagatelle, foi nos moldes tradicionais, com sorteio de carros e artistas “da moda”, ainda assim, com um número bem inferior em relação aos anos anteriores. Neste caso foi uma derrota, pois mostrou que não tem mais a capacidade de juntar pessoas somente com prêmios ou artistas.

Polarização política

Os atos tiveram uma forte conotação política entre esquerda e direita. O ato do Anhangabaú conseguiu articular diversos setores da esquerda (CUT, CTB, Intersindical-CCT, MST, MTST, CMP, CONEN, CONAM, Levante popular da Juventude, Barão de Itararé, Consulta Popular, Dialogo e Ação Petista, FDE/Mídia Ninja, FETRAF, FLM, FNDC, Juventude Revolução, MAB, MMM, MPA, Plataforma Operária Camponesa da Energia, Plebiscito Constituinte, UBES, UBM, UJS, UNE, UNEGRO, UNMP) contra os ataques antidemocráticos da direita ao governo Dilma e pela defesa dos direitos dos trabalhadores.

Já o ato da Praça Campo de Bagatelle, convocado somente pela Força Sindical, manteve a organização tradicional com sorteio de carros e apresentação de mais que dez artistas “da moda” e um espaço menor para ato político, que contou com a participação dos principais partidos de oposição ao governo Dilma e de direita (Solidariedade, PSDB e com o presidente da câmara Eduardo Cunha).

Terceirização

O Projeto de Lei 4330 que libera a contratação de mão de obra terceirizada em todas as áreas foi um dos temas em destaque nos atos.

Enquanto no Anhangabaú foi unânime o questionamento a aprovação do projeto na câmara e a posição de que seja rejeitado no senado ou vetado pela presidenta Dilma, pois, o entendimento é que mesmo com alterações o projeto mantem no cerne a ampliação do trabalho terceirizado para todas áreas e, mesmo com as regulamentações apresentadas, representa a precarização nas relações de trabalho.

Já na Praça Campo de Bagatelle, o discurso foi de concordância com o projeto como foi aprovado na Câmara, entendendo que as alterações garantem melhora na situação atual do trabalho terceirizado.

Cobertura da mídia

A grande mídia, como de costume, buscou potencializar os ataques ao governo federal nos dois atos, a polarização entre o PT e PSDB e mostrar as falas de Lula, Eduardo Cunha e Aécio Neves. Não teve como omitir que os dois atos estavam com menos participantes do que o esperado, porém foi dado mais destaque ao Anhangabaú, para não expor a baixa participação no ato/show da Praça Campo de Bagatelle.

O PT

O Partido dos Trabalhadores esteve presente com membros da direção e parlamentares no palco do Anhangabaú com falas contundentes contra os ataques a presidenta Dilma e ao PT e pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Porém, o fato que mais chamou atenção foi a aceitação por parte dos participantes em utilizar um adesivo elaborado pela Secretaria Sindical Nacional do PT que deixa clara a posição contrária ao PL 4330, com a estrela do PT e a frase: “o PT sempre em defesa dos trabalhadores”.

Foram distribuídos mais de 7.000 adesivos que as pessoas utilizaram durante e após o ato mostrando que os militantes não têm receio de se expressar em público como petistas, evidenciando seu orgulho em defender a estrela e as bandeiras do partido, nossa marca e nossas lutas.

Conclusão

Este primeiro de maio em 2015 nos deixam lições importantes aprendidas:

«  é possível seguir trabalhando com o conceito do primeiro de maio como um dia para os trabalhadores refletirem sobre sua situação e não como um dia simplesmente de festa. E que isto pode ser possível garantindo uma programação que possua um grande ato político e, ao mesmo tempo, atividades culturais com artistas conhecidos, mas, que tenham compromisso com as lutas da classe trabalhadora, ou seja um perfil de esquerda;

«  a distribuição de prêmios ou a presença de artistas “da moda”, por si só não garante um grande público, pois, proporcionalmente os dois atos tiveram a mesma participação que em anos anteriores;

«  é possível entender o primeiro de maio como um dia que vai além do movimento sindical e suas demandas próprias, e se articular com diversos segmentos da esquerda, com bandeiras mais amplas, como democracia e reforma política, em sintonia com os princípios do sindicalismo classista;

«  os conceitos de sindicalismo combativo e pelego continuam existindo, basta observarmos as posições opostas entre a CUT e a Força sindical acerca do PL 4330. Enquanto a CUT se opôs, em clara posição em defesa dos trabalhadores, a Força sindical minimizou o PL aprovado na Câmara defendendo-o. Desta maneira podemos observar claramente a relação de um sindicato combativo em oposição a uma entidade com práticas pelegas. O velho conceito do pelego que é uma manta que somente minimiza a dor que o cavalo sofre com a sela e o cavaleiro em cima dele.

«  temos muitas razões para ter orgulho de ser PeTista, apesar da campanha sistemática da imprensa que alimenta setores conservadores da sociedade. O PT é um partido que sempre está em defesa dos trabalhadores. A nossa militância é nossa essência, não podemos subestimá-la, ninguém deve, pois é ela que vem garantindo nossas lutas e conquistas em prol dos trabalhadores para a melhoria deste país.

Por fim, este é um primeiro de maio que deve servir de exemplo para que nos próximos anos possamos avançar mais, aprimorando este modelo, garantindo que cada vez mais segmentos da sociedade participem e se vejam representados nas atividades realizada pela CUT e movimentos sociais de esquerda, promovendo assim, a conscientização do seu papel como trabalhador na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 

PT Cast