Em Pauta Conjuntura: Votação da reforma política na Câmara
Apesar das manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha – que dissolveu a comissão encarregada de analisar a reforma política, destituiu o relator e levou o tema diretamente para o plenário –, a Câmara dos Deputados rejeitou, na noite de ontem, a proposta que pretendia estabelecer o ‘distritão’ para eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. Com 210 votos a favor e 267 contra, os parlamentares derrubaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 182/2007, que acabava com o sistema proporcional de votação, incluído no projeto de reforma política da Câmara.
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Apesar das manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha – que dissolveu a comissão encarregada de analisar a reforma política, destituiu o relator e levou o tema diretamente para o plenário –, a Câmara dos Deputados rejeitou, na noite de ontem, a proposta que pretendia estabelecer o ‘distritão’ para eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. Com 210 votos a favor e 267 contra, os parlamentares derrubaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 182/2007, que acabava com o sistema proporcional de votação, incluído no projeto de reforma política da Câmara.
O Plenário da Câmara dos Deputados também rejeitou, por 264 votos a 207 e 4 abstenções, incluir na Constituição Federal a doação de empresas a partidos políticos e campanhas eleitorais. Com isso, o atual modelo misto de financiamento de campanhas (público e privado com captação de recursos de pessoas físicas e jurídicas) fica inalterado. No entanto, essas regras não estão previstas constitucionalmente e são alvo de questionamento por parte de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF. Por isso, a intenção de inseri-las na Constituição.
A Comissão Especial da Reforma Política havia encerrado os trabalhos na segunda-feira (25) sem votar o relatório final, por conta da decisão de Eduardo Cunha, de transferir a apreciação da proposta elaborada pelo relator no colegiado, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), diretamente para o plenário da Câmara. A bancada do PT na Câmara criticou a decisão e afirmou que iria lutar para aprovar as propostas relativas aos temas que desejava ver incluídos no relatório final da comissão extinta, como o financiamento de campanhas e o sistema eleitoral.
A manobra de Eduardo Cunha, que tinha como objetivo evitar uma derrota na proposta de distritão, desagradou até mesmo seus correligionários. O ex-relator da matéria, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), considerou a manobra um desrespeito.
Com toda essa tensão, líderes da Câmara tiveram uma última reunião, no fim da manhã de ontem, para tentar encontrar algum ponto em comum sobre a votação da reforma política. Ainda não havia acordo sobre como seriam votados os principais itens e parlamentares de vários partidos se dividiam sobre as propostas que queriam acatar ou rejeitar nas mudanças das regras políticas e eleitorais.
Em meio às discussões da reforma política no Congresso, o secretário de Finanças do PT Nacional, Márcio Macêdo, reafirmou a defesa do financiamento público de campanha. A legenda, inclusive, estabeleceu, no mês passado, que seus diretórios não deverão mais receber doações empresariais.
A senadora Ângela Portela (PT-RR) também defendeu, em plenário, o financiamento público de campanhas eleitorais, como forma de rever a sistemática de custeio das eleições. Para a senadora, a mudança ainda permitiria uma oxigenação do sistema político e representaria um avanço, comparado ao quadro atual do sistema político no País.
O distritão, proposta também em discussão na Câmara, foi muito criticado. Esse sistema é utilizado atualmente apenas em 2% dos países. É adotado em duas ilhas do Oceano Pacífico; Pitcairn, que tem pouco mais de 50 habitantes, e Vanuatu; na Jordânia e no Afeganistão. O Japão, que já utilizou o distritão, abandonou o sistema em 1990, ao alegar que o modelo estimulava casos de corrupção e de caixa dois.
Mais de cem cientistas políticos divulgaram um manifesto contra a proposta do distritão. Para eles, o modelo eleitoral em debate na Câmara dos Deputados estimula o personalismo, encarece ainda mais as campanhas eleitorais e acaba com os partidos políticos.
Antônio Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), também criticou o distritão, pois o modelo reforça o personalismo e enfraquece ainda mais os partidos, favorecendo o PMDB. O assessor do Diap lembrou ainda que o PT defende o sistema proporcional de lista fechada que, segundo ele, “valoriza os partidos, reduz custos de campanha e combate a corrupção”.
Com estes resultados na votação de ontem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sofreu suas primeiras derrotas desde que assumiu o cargo. Interesses e convicções distintas entre os partidos impediram a formação da maioria a favor das duas propostas, mas houve também uma advertência do plenário contra sua condução voluntariosa dos processos.
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Orientações e roteiro para o debate do Em Pauta Conjuntura
A Secretaria Nacional de Organização e a Escola Nacional de Formação estão convocando um amplo processo de debate pré-congressual a respeito dos temas da conjuntura atual, para preparar a nossa militância para as Etapas Municipais e Estaduais do 5º Congresso e para a ação política de todos os Diretórios Municipais, Estaduais e de todos os setoriais do PT.
Neste momento, em que diferentes setores da direita brasileira, por meio de métodos autoritários e golpistas, afrontam a democracia e o Estado de Direito, desqualificam a atividade política para continuar beneficiando uma elite social que favorece os interesses dos grandes rentistas, atacam frontalmente o governo da presidenta Dilma, que venceu as eleições livres com 52% dos votos, é muito importante que a discussão sobre a conjuntura nos diretórios, núcleos e mandatos do partido seja retomada e ampliada com o vigor necessário. Nosso objetivo é fortalecer a capacidade de leitura, interpretação, elaboração de nossos/as militantes, filiados e filiadas, contribuindo para uma forte ofensiva política voltada ao diálogo com a sociedade e à ação política do PT em cada lugar.
Para isso, a Escola Nacional de Formação do PT está produzindo o “Em Pauta Conjuntura”, que apresenta roteiros para leitura de artigos divulgados no portal do PT Nacional, no Portal da Fundação Perseu Abramo, no site da liderança da bancada do PT na Câmara Federal, no site do PT no Senado, no portal do Instituto Lula e em portais e blogs de esquerda e progressistas, sempre que os artigos contribuírem para a compreensão de temas importantes para o País em coerência com a política do PT. O boletim será diário e distribuído pela Secretaria Nacional de Organização e pela Secretaria Nacional de Movimentos Populares.
Com estas ações, podemos criar um ambiente ideal para ampliarmos a nossa mobilização em cada cidade do Brasil. Esta é uma vantagem que nenhum outro partido possui. Precisamos trazer os nossos mais de 1,7 milhão de filiados e filiadas para a disputa política.
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