O FIM DO PT?
Cronologia histórica
Publicado em
Não é de hoje que o sonho da burguesia é o fim do PT. Aliás, desde o surgimento da sigla, lá no início dos anos 80, que esse desejo borbulha na cabeça daqueles que detém o poder desde o descobrimento da “Terra Papagalli”.
Em 1982, a primeira eleição após o fim do bipartidarismo, o início da redemocratização do Brasil e também a primeira vez que o PT se colocou nas urnas. Já nessa primeira eleição, o PT conseguiu menos do que se esperava e do que os inimigos imaginavam, portanto já ali alguns decretavam o FIM daquele que estava apenas começando.
Em 1989, pela primeira vez pós-ditadura, o Presidente da República seria eleito via crivo popular, por voto direto, conquista essa vocalizada no movimento “Diretas Já”. Foi quando Luiz Inácio Lula da Silva foi candidato a Presidência pelo PT, e aquele que iria acabar em 1983, chegará ao segundo turno das eleições de 1989.
Aqui é importante relembrar que já naquele momento a burguesia usava das “Fake News” para tentar acabar com o PT. Em meio ao segundo turno das eleições presidenciais de 1989, o empresário Abílio Diniz (Grupo Pão de Açúcar) foi sequestrado, e a cobertura midiática, a serviço da burguesia, logo deu conta de ligar o sequestro ao PT, conforme trecho do Jornal O Globo da época: “Os terroristas integram duas organizações de extrema esquerda no Chile – Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) e Organização de Resistência Armada (Ora) e que em poder dos que foram presos foi apreendido material de propaganda política do PT”.
A cobertura do sequestro foi decisiva naquele segundo turno. E após a vitória de Fernando Collor de Melo (mistura de Aécio Neves com pitadas de Bolsonaro da época) as investigações apontaram que não houve envolvimento do PT no sequestro, e os envolvidos pelo crime afirmaram que foram obrigados a vestir a camiseta da campanha do Lula.
E então, mais uma vez, foi decretado o FIM do PT.
Em 1994, após o impeachment de Fernando Collor de Mello, os analistas da época acreditavam chegar a hora do PT, o que não aconteceu, com o “sucesso” da nova moeda criada pelo Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente da República já no primeiro turno, e isso seria o prego final no caixão do PT.
Nas eleições de 1998, com a emenda constitucional que permitia a reeleição (posteriormente, parlamentares da base aliada do governo admitiram ter vendido seus votos pela aprovação da emenda), Fernando Henrique Cardoso foi reeleito novamente em primeiro turno, e os mesmos que já tinham “matado” o PT por diversas vezes cravavam que dessa vez era o fim, de verdade.
Em 2002, após o PT “acabar” por diversas vezes, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente da República com cerca de 53 milhões de votos.
Nessa altura devemos imaginar que ninguém mais ousaria pregar o fim do PT, ledo engano, a classe dominante pode dar um tempo, mas nunca para.
Em 2005, ainda no primeiro Governo do Presidente Lula, surgiu a crise do “Mensalão”, a ação penal 470, que através de malabarismos jurídicos, amparados pela “teoria do domínio do fato”, colocaram uma bomba no epicentro do Governo Federal, e com certeza todas as manchetes davam ali o FIM de Lula e do PT.
Ocorre que nas eleições de 2006, Lula foi reeleito em segundo turno com quase 60 milhões de votos, mesmo após um forte ataque da oposição, com a judicializacão da Política, na qual Juízes eram vistos como salvadores, verdadeiros super-heróis, e a mídia fazendo o seu papel sujo, o mesmo desde 1989.
Em 2010, Lula termina seu segundo mandato com a maior aprovação histórica de um Governo, 80% dos brasileiros aprovaram, patamar nunca antes registrado.
Ainda em 2010, após quase 30 anos do “FIM do PT”, a sigla elegeu a primeira mulher da história do Brasil como Presidente da República, com cerca de 56 milhões de votos, Dilma Rousseff se elegeu no segundo turno.
Os primeiros anos do Governo Dilma não foram fáceis no campo econômico, com reflexos ainda da crise mundial de 2008, o tripé macroeconômico foi substituído por uma nova matriz econômica. Entretanto, Dilma tinha altos índices de aprovação pessoal, cerca de 79%.
Então em 2013 aconteceram, talvez, as maiores manifestações populares da história recente da Democracia brasileira. Milhões de brasileiros e brasileiras foram as ruas de diversas cidades, naquele momento contra os aumentos de passagens no transporte público e também contra os investimentos na Copa do Mundo que acontecerá no Brasil em 2014. Ali a popularidade de Dilma caiu drasticamente e mais uma vez chegava “o fim do PT”.
Com todo esse contexto, em 2014 surgiu a Operação Lava Jato, que nos mesmos moldes do Mensalão, travestia o Poder Judiciário a um poder que emana dos deuses, verdadeiros super-heróis, sempre com a ajuda da mídia burguesa. E agora era a cartada final, não tinha como não ser, chegava a hora do FIM do PT.
Acontece que em 26 de outubro de 2014, Dilma Rousseff foi reeleita Presidente da República, no segundo turno, chegando a quarta vitória consecutiva do PT, contrariando as expectativas de toda burguesia e seus asseclas.
Óbvio que eles (os que desejam o fim do PT) não aceitaram o crivo popular, e desde o primeiro dia do segundo Governo de Dilma Rousseff, trabalharam fortemente para derrubá-lo.
O que foi consumado em 2016 com o Impeachment de Dilma, “um grande acordo Nacional, com o Supremo e com tudo”, como diria o Senador Romero Jucá. Neste momento até para mim parecia o FIM do PT, o cheque mate, a rua sem saída.
Mas não é bem assim, o discurso da moralidade, dos mesmos paladinos, desde o descobrimento dessas terras, não foi facilmente engolido pelo povo, percebia nitidamente, que tratava -se de uma perseguição política, com um único intuito: acabar com o PT e tudo aquilo que ele representa.
Então, no dia 7 de abril de 2018, prenderam o maior líder popular do país, Luiz Inácio Lula da Silva, 6 meses antes das eleições presidenciais, que coincidentemente todas as pesquisas davam Lula como favorito. Tiraram Lula dos palanques e da corrida eleitoral, e ali decretaram pela centésima vez o FIM DO PT!
Naquele ano de 2018, após o Mensalão, o junho de 2013, o impeachment de Dilma, a prisão de Lula, na cabeça deles, finalmente chegara o FIM do PT.
Não vencemos as eleições mais sujas da Democracia, que se encontra bem abalada após o Golpe Jurídico Midiático de 2016 e a Prisão do Presidente Lula, mas mesmo assim chegamos ao segundo turno com o Professor Fernando Haddad, fazendo 44 milhões de votos e perdendo para as Fake News que chegaram no celular de todos os brasileiros com a ajuda dos mesmos de sempre.
Eis que chegamos em 2020, nos dias atuais, além de uma grave crise econômica, reflexo das ações de austeridade, Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, Estado mínimo, enfrentamos uma crise sanitária que há muito não se via.
E nesse contexto, o vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés deu parecer favorável a um processo que pede o cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores – isto é, a extinção do PT.
É mais uma vez, após 40 anos de história, a classe dominante, querendo impor o FIM do PT.
A história está aí para nos mostrar, que somos feito massa de pão, quanto mais batem, mais crescemos, ou talvez uma Fênix, como aquela da mitologia Grega, que a cada ciclo, renasce das próprias cinzas.
O PT somos nós! Nossa Força e Nossa Voz!
Ninguém apaga nossa Estrela!
*Martin Esteche é Advogado com Especialização em Gestão Pública, Secretário de Comunicação e de Juventude do PT do Paraná.