Bolsonaro faz índice de famílias endividadas bater recorde: 77,5%
Índice é o mais alto já observado em 12 anos de pesquisa. O menor foi no governo Lula: 54%, em junho de 2010. Golpe de 2016 tornou os brasileiros com cada vez mais dificuldade de pagar suas contas
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Em tempos de Bolsonaro e Guedes, o difícil é encontrar uma família que não tenha dívida. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de lares que relatam ter dívidas nunca foi tão alto.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostra que o índice de famílias que têm contas a vencer alcançou 77,5% em março. É a maior taxa já observada nos 12 anos do levantamento. A menor, vale dizer, foi no governo Lula: 54%, em junho de 2010.
Uma análise de toda a série histórica da pesquisa revela que, nos governos do PT, o índice observado nos meses de março caiu de 63% (2010) a 59,6% (2015).
Desde o golpe contra Dilma Rousseff, porém, esse percentual já se elevou 17,2 pontos percentuais. Em março de 2016, eram 60,3% as famílias que tinham alguma dívida para pagar. Desde então, a taxa subiu ano a ano, até registrar esses absurdos 77,5% (veja gráfico abaixo).
Já com contas atrasadas
Um dado ainda mais cruel da pesquisa é o de famílias que não só devem como já estão com as contas atrasadas (chamadas de inadimplentes). O índice dos lares nessa situação chegou, neste mês, a 27,8%, o pior resultado para março de toda a série histórica. E, entre as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos, o índice alcança 31,1%.
Mais uma vez, os dados mostram como o golpe de 2016 foi cruel com a população brasileira. No governo Dilma, o índice de famílias com contas atrasadas no mês de março caiu de 23,4% para 17,9%, entre 2011 e 2015. A partir de 2016, a taxa voltou a subir (veja o gráfico a seguir).
Inflação e fim do auxílio emergencial
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, é a “inflação alta, persistente e disseminada” que faz as famílias se endividarem, recorrendo especialmente ao cartão de crédito, responsável por 87% das dívidas.
Porém, é importante lembrar outra pesquisa divulgada este mês, feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), que apontou, além da inflação, a queda na renda e o fim do auxílio emergencial como as causas desse superendividamento dos brasileiros.
O Ibre constatou que, quando se olha apenas as famílias mais pobres (com renda até R$ 2.100), já são 58% as que não conseguem quitar todas as dívidas. E muitas deixam de pagar as contas básicas, como luz e água, o que indica uma situação econômica muito precária.
Quando a pesquisa foi divulgada, a coordenadora das sondagens do consumidor do FGV-Ibre, Viviane Seda Bittencourt, confirmou o alerta que o PT fez quando Bolsonaro decidiu acabar de uma só vez com a Bolsa Família e o auxílio emergencial. “A gente teve interrupção do Auxílio Emergencial, há dificuldade de voltar ao mercado de trabalho, e o setor de serviços não voltou a contratar como a gente esperava”, disse.
Da Redação