Bolsonaro já pediu cargos em troca de voto na Câmara dos Deputados
“Só voto se me ajudarem a liberar recursos no orçamento ou indicar diretor de estatais”, foi a condição do candidato para votar pelo fim do IPC
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No discurso, parece muito bonito: “Vamos acabar com essa farra de marajás”! É uma pena que a frase, dita pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, seja tão mentirosa quanto a imagem de honestidade que ele tenta forjar.
Todo o seu discurso anticorrupção cai por terra quando confrontado com uma verdade inconveniente: seu passado. Bolsonaro não passa de uma “velha raposa” do parlamento que troca votos por cargos.
Um caso, dentre muitos, ilustra bem a diferença entre o que ele fala da boca para fora e do que vale da porta do gabinete para dentro. Em 1996, Bolsonaro impôs uma condição para votar pelo fim do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas): “Só voto se me ajudarem a liberar recursos no orçamento ou indicar diretor de estatais”.
Faz sentido, então, algumas de suas propostas sobre privatização e a “opinião” de que os funcionalismo é “o grande problema da Previdência no Brasil”. As tais fraudes de que tanto fala, veja só, são as que ele publicamente admite ter intenção de fazer. O que esperar de quem barra votações na Câmara em troca de recursos e cargos em uma função importante como o de presidente?
Outro caso claro de que Bolsonaro está mais do lado dos marajás do que do povo. Basta lembrar de outra afirmação do candidato do PSL ao explicar a doação de R$ 200 mil do grupo JBS à sua campanha a deputado em 2014: “Meu partido recebeu propina sim, mas qual partido não recebe propina?”.
E a lista não para por aí. Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado confessou que contrata parentes diretos. Citou a situação do filho Eduardo, hoje deputado federal por São Paulo, que foi funcionário da liderança do PTB entre 2003 e 2004. O irmão dele, que foi exonerado, era funcionário fantasma da Alesp e recebia R$ 17 mil por mês.
E ainda tem mais. Essa mesma reportagem de 1996 menciona que Bolsonaro na Câmara dos Deputados, em 1993, já havia pregado o fechamento do Congresso.
Nessas eleições, o candidato já demonstra também a pouca ou nenhuma preocupação que tem com a transparência em suas contas: ainda não informou à Justiça Eleitoral parte dos gastos sua campanha no primeiro turno nem respondeu às perguntas dos jornalistas sobre isso.
Como vemos, as ideias antidemocráticas do candidato são muito antigas e arraigadas. Não dá para confiar em quem fala uma coisa e na prática age totalmente diferente.
Se uma ação vale mais do que mil palavras, o que vale mais: os 27 anos de atitudes de Bolsonaro ou o que ele diz para as câmeras em período eleitoral? A vida pública do candidato mostra que, na “farra dos marajás”, Bolsonaro é convidado de honra. Assim sendo, ele vai combater exatamente o quê?
Por lula.com.br