“Bolsonaro me dá medo”, diz Nobel da Economia após discurso em Davos
Fala de Bolsonaro foi alvo de críticas por ser curta e genérica, além de ser considerada um nível de representação muito abaixo do que o Brasil merece
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O curto discurso de Jair Bolsonaro nesta terça-feira (22) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, está sendo enquadrado como uma das grandes vergonhas da política internacional recente. A fala, que teria 45 minutos, durou apenas 8 e teve uma repercussão bastante negativa no mundo todo.
Ao fim do rápido discurso, o prêmio Nobel de Economia Robert Shiller disse que “Bolsonaro me dá medo”. Para o Nobel, “o Brasil é um país grande, e merece alguém melhor”. Ele não foi o único a criticar a poucas palavras
O editor chefe da revista estadunidense Americas Quaterly, Brian Winter, destacou que o discurso de Bolsonaro foi “MUITO mais curto do que o esperado” e que “não falou nada específico quando pressionado com perguntas”. Ele afirmou ainda que para um investidor que participava do evento, o discurso foi um “desastre”. “Eu queria gostar dele, mas ele não disse nada. Porque ele veio até aqui”, teria questionado o investidor.
Bolsonaro Davos speech MUCH shorter than expected, didn’t mention pension reform, gave no specifics even when pressed in Q&A
“Never experienced anything like that with a President here,” a friend wrote me. “Really bizarre.” https://t.co/y5GnZTZZLF
— Brian Winter (@BrazilBrian) January 22, 2019
Another person in the Davos audience emails: “Disaster. I wanted to like him but he said nothing. Why did he even come?”
— Brian Winter (@BrazilBrian) January 22, 2019
A diretora do jornal francês Le Monde, Sylvie Kauffmann, criticou o fato de que Bolsonaro fez um “discurso curto de campanha, muito generalista, evitando dar respostas concretas”. Para ela, faltou dar um “bom match” com o público de Davos e “definitivamente não mereceu ser ovacionada de pé”.
Bolsonaro not a good match with the Davos crowd. Short campaign speech, very general, then avoids to give concrete answers to Klaus Schwab’s questions. Definitely no standing ovation #WEF2019
— Sylvie Kauffmann (@SylvieKauffmann) January 22, 2019
“Grande falha”, avaliou a jornalista do Washington Post, Heather Long, sobre a fala “morna” de Bolsonaro. “Ele tinha todo o mundo assistindo e sua melhor linha foi chamar as pessoas para passar as férias no Brasil”.
And…that's a wrap. Brazilian President Bolsonaro spoke for less than 15 minutes. Big fail. He had the entire world watching and his best line was to tell people to come vacation in Brazil.
Bolsonaro is billed as "South American Trump" but he appeared tepid.#Davos #WEF19
— Heather Long (@byHeatherLong) January 22, 2019
O diretor executivo de negócios do jornal inglês Telegraph, Ben Marlow, afirmou que “é justo dizer que Bolsonaro não correspondeu à expectativa. Discurso engessado e sem vida, com duração de menos de 15 minutos, parecia excessivamente roteirizado e passou por uma longa lista de compromissos já estabelecidos. Não posso imaginá-lo sendo convidado de volta muito cedo”.
Fair to say Bolsonaro didn’t not live up to the billing. Pretty lifeless, wooden speech lasting less than 15 minutes, which felt overly- scripted and whizzed through a long list of already-stated pledges. Can’t imagine him being invited back in a hurry. #Davos2019
— Ben Marlow (@benjaminmarlow) January 22, 2019
Em entrevista ao site Sputinik News, o cientista político da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antônio Marcelo Jackson, apontou uma “incoerência” na fala do presidente brasileiro. Apesar de repetidas vezes criticar o “viés ideológico”, Bolsonaro revelou suas próprias preferências partidárias ao criticar a “América bolivariana”, a esquerda e elogiar a ascensão de líderes de centro-direita e direita.
Da Redação da Agência PT de notícias