Brasil não quebrou por conta das gestões petistas, diz Dilma
Presidenta eleita aponta que golpistas hoje vivem contradição entre agradar ao mercado e à mídia ou perder totalmente o apoio da população
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A presidenta eleita Dilma Rousseff defendeu durante palestra na Universidade New School, em Nova York, realizada nesta quarta-feira (12), que o Brasil não quebrou pois possui reservas maiores do que sua dívida e que o crescimento dos gastos públicos com pessoal nunca cresceu acima da média histórica. Ela relacionou a crise econômica à crise política e afirmou que hoje o governo golpista vive o dilema de agradar os credores do golpe ou a população.
Essa foi a quarta palestra com a presidenta nos Estados Unidos. Ela já falou nas universidades de Harvard em Boston, Harvard em Nova York e Brown, e ainda deve passar por mais duas cidades.
Dilma relembrou que durante a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, o governo golpista de Temer, então com dois meses, divulgou nota na qual defendia que “a situação do Brasil é de solidez e segurança porque os fundamentos são robustos”.
A nota citava elementos como o “expressivo volume de reservas internacionais”, condições de financiamento da dívida pública brasileira sólidas e “amplo colchão de solidez” para o Tesouro Nacional.
“Isso não foi conquistado por nenhum governo ilegítimo, até porque ninguém constrói R$ 380 bilhões de reserva em dois meses, ninguém faz colchão do tesouro em dois meses”, afirmou a presidenta. “Então, fica claro que o fundamento do golpe é outro. Trata-se de assegurar uma mudança de modelo”, afirmou ela.
Em sua fala, Dilma explicou que o objetivo do golpe, além de tentar frear investigações de corrupção e tirar uma mulher do poder, foi implementar um modelo econômico neoliberal que não venceria nas urnas.
“A alma do golpe é integrada por uma estratégia de enquadramento do Brasil, tanto econômico e social quanto geopolítico, no neoliberalismo, que foi interrompido com a eleição de Lula em 2002”, afirmou.
Ela explicou que, diferentemente de outros países, o Brasil não completou o processo neoliberal de destruição do Estado, mantendo os grandes bancos públicos Caixa, Banco do Brasil e BNDES, além de estatais como a Petrobras.
Citando o ideólogo do neoliberalismo Milton Friedman, para quem “há de se aproveitar uma crise, ter programa para a sequência dessa crise, e procurar que o politicamente impossível se torne o politicamente inevitável”, ela explicou que o golpe se tornou politicamente inevitável para implementar o programa neoliberal, uma vez que não possuía chance nas urnas.
“Junto com o neoliberalismo e a financeirização, a submissão do capital produtivo ao capital financeiro, você tem o aumento da desigualdade e a precarização do trabalho”, afirmou a presidenta, acrescentando que esse cenário levou o governo golpista a uma contradição.
Dilma avaliou que “ou entregam para a mídia e o mercado todas as reformas que prometeram e se deslegitimam perante a população, porque são reformas que não têm respaldo da população brasileira, e isso fica problemático com 2018, ou perdem apoio da mídia e do mercado porque não vão entregar as reformas que a expectativa da mídia e do mercado exige como suporte, apoio e até liderança do golpe”.
A presidenta ainda defendeu a reforma política e afirmou que a única saída democrática é pela eleição direta. “O Brasil precisa passar por uma coisa fundamental: reforma política. Nós inclusive pedimos desde 2013 que o Brasil precisa de uma constituinte exclusiva. Nós temos encontro marcado com a democracia em 2018, quando elegeremos o Presidente da República. Não há como o Brasil retomar diálogo entre as diferentes forças políticas sem a base democrática do voto popular, para que não paire a dúvida da ilegitimidade”, finalizou.
Da Redação da Agência PT de notícias