Brasil perde verba da ONU contra a fome e aumenta crise social pós-golpe

Critérios para receber financiamento da instituição foram alterados por Temer, que tirou das prioridades o combate à pobreza e o desenvolvimento rural

Leo Drumond/Nitro/ASA

Cisterna instalada em residência garante água à família em período de seca

Antes mesmo de o impeachment sem crime contra Dilma Rousseff se consolidar, naquele 31 de agosto de 2016, todos os prognósticos já haviam sido traçados pelos golpistas. Da entrega do patrimônio público à retirada sistemática de direitos garantidos durante os anos anteriores, o Brasil iniciara ali sua maior saga negativa desde a redemocratização, cujos efeitos estão agora agravados pelo atual governo federal ainda mais comprometido com o retrocesso e com o capital.  Entre as vítimas mais atacadas, claro, estão as populações mais pobres do país.

Nesta terça-feira (7), mais uma notícia prova como o povo brasileiro sofrerá mais um revés: dessa vez: a ONU anunciou que o Brasil perdeu R$ 45 milhões em projetos financiados pelo Ifad (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola), agência da entidade ligada ao combate à pobreza e à fome no campo. A notícia foi divulgada pela Folha de S. Paulo. 

A perda do benefício foi recebida com indignação pelos profissionais que se dedicam a diminuir o abismo social cada vez maior por aqui – a avaliação é que a decisão pode aumentar a angústia de milhões de brasileiros e, de quebra, tirar o país da vanguarda mundial na luta contra fome.

A justificativa oficial tenta emplacar a ideia de que a perda do recurso leva em conta “apenas aspectos financeiros e técnicos”. Não é o que revela Íris Tavares, coordenadora do Projeto Paulo Freire, iniciativa criada para fortalecer as famílias de 31 municípios localizados em grandes bolsões da pobreza do semiárido cearense. “A perda do dinheiro da ONU se trata de uma maldade muito grande, indescritível. Não dá para justificar a negação de um recurso que vem para combater a fome por conta de critérios técnicos”.

Para Íris, o governo ilegítimo Temer desdenhou das populações mais pobres ao enfraquecer a atuação de projetos como o realizado no Ceará. “Os critérios durante o governo Dilma eram extremamente favoráveis ao combate à pobreza e para o desenvolvimento rural. Com o golpe, uma nova resolução entrou sem os critérios que tinham como prioridade justamente o combate à pobreza e o desenvolvimento rural. Durante a transição entre Temer e Bolsonaro, uma nova resolução foi publicada deixando ainda mais grave a situação”, lamenta.

Bolsonaro acumula ataques contra pobres

Logo em seu primeiro dia no cargo mais alto da República, Jair Bolsonaro negligenciou as expectativas do eleitorado e aplicou um duro golpe contra os miseráveis: por meio de medida provisória, acabou com Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão recriado em 2003 por Lula para discutir, debater e apresentar diretrizes para garantir alimentação saudável ao povo brasileiro.

Em reação à extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), quatro relatores da ONU enviaram carta criticando o fim das atribuições do órgão. Há mais de duas décadas o Conselho era um dos principais responsáveis pela elaboração de políticas alimentares que auxiliavam na diminuição da desigualdade e no combate à fome.

Não dá para esquecer ainda que, também no primeiro dia como presidente, Jair assinou decreto em que reduz o aumento previsto para o salário mínimo de R$ 1.006 para R$ 998 – em 2018, o vencimento base do trabalhador estava em  R$ 954.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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