Brasil precisa de ‘reação vigorosa’ contra o conservadorismo, diz Patrus

Em entrevista à Agência PT de Notícias, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, relaciona os ataques a petistas e simpatizantes do partido com o que chama de “porta-vozes do impeachment”

Foto: Lula Marques/Agência PT

Responsável por uma das pastas mais sensíveis ao projeto de governo do PT, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, encerra o ano de 2015 otimista e convicto de que o período de maior turbulência no cenário político já passou.

Carismático e querido pela militância petista, Patrus exibe com satisfação, em entrevista à Agência PT de Notícias, as realizações do ministério, mesmo tendo encarado um corte de quase 60% no orçamento da pasta. “Espero que nossa contribuição ao ajuste seja retribuída no próximo ano”, brinca.

O ministro entende, no entanto, que é preciso uma união de esforços para reagir a onda conservadora que tenta desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e retroagir em conquistas sociais alcançadas nos últimos anos.

“Está na hora de uma reação vigorosa de todos nós que queremos conservar, consolidar e ampliar a democracia no Brasil”, clama, ao relacionar o avanço de setores conservadores com as tentativas de destituir a presidenta Dilma do cargo por meio de golpe.

“Estou esperançoso que essa questão do impeachment desapareça rapidamente do quadro político brasileiro”, completa.

Ódio antipetista – Assim como aconteceu na semana passada com o cantor Chico Buarque, no Rio de Janeiro (RJ), Patrus também sofreu ataques “fascistas”, ofensas e intimidações, no mês passado, ao sair de um bar, em Belo Horizonte (MG).

“Não podemos aceitar que pessoas tomadas pelo ódio, pelo sectarismo, pela intolerância, pessoas desvairadas, sem nenhum respeito pelas convicções dos outros, venham impedir o direito fundamental de ir e vir”, declara.

O ministro relaciona os ataques cada vez mais frequentes contra petistas ou simpatizantes do partido com o que chama de “porta-vozes do impeachment”.

“Eles têm relação com essas manifestações fascistas. São forças políticas e sociais que querem impedir, mais do que isso, querem retroagir com as conquistas socais que tivemos no brasil nos últimos anos, especialmente a partir do governo do ex-presidente Lula”, avalia.

Segundo ele, tais políticas que estão permitindo que, por exemplo, o Nordeste esteja melhor preparado para enfrentar a seca e o Brasil tenha saído do Mapa da Fome, em 2014, “vencendo uma luta secular”.

“Completamos agora cinco anos de seca no Nordeste e não temos retirantes. Não se ouve falar mais dos flagelados da seca. No passado, qualquer seca as consequências eram previsíveis”, avalia.

Ele atribui o fato também ao relevante número de 1,2 milhão cisternas construídas. E cita ainda o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Bolsa Família, as aposentadorias rurais, o Luz para Todos, entre outros.

“Tem muitas coisas boas acontecendo e que precisam ser mais exploradas”, defende. E cita como exemplo o lançamento conjunto de 7.555 unidades do Minha Casa Minha Vida, no último dia 22 de dezembro.

“Estive em Ponta Grossa, no Paraná. Lá aproximadamente 20% da população mora em habitações do programa. E casa dignas, decentes, com acesso à escolas e creches. É algo impressionante”, pontua.

“Este ano eu viajei bastante. Indo para os estados, ficando três, quatro dias no interior, visitando as comunidades rurais, os assentamentos, em contato com as lideranças locais, regionais, fiquei muito impressionado com tudo que vi”, compartilha.

Para Patrus, o governo Dilma Rousseff tem um saldo “muito positivo” no que diz respeito os avanços sociais e defende que é preciso se “apropriar dessa história” e, a partir dela, “anunciar também que vamos continuar avançando”.

“Alguns setores não fazem oposição nem é a nós, ao governo da presidenta Dilma, às conquistas que realizamos nos governos do PT, é uma oposição ao Brasil”, condena.

O ministro afirma ainda que a “ideia derrotista”, de que o Brasil é um “país de segunda”, “como se estivéssemos fadados ao fracasso”.

“É um discurso que visa impedir a expansão das possibilidades nacionais. Tanto em alguns setores estão voltando com o sentimento que Nelson Rodrigues anunciava, o tal ‘complexo de vira-latas'”, relembra.

“Temos uma parcela da elite brasileira que foi sempre dissociada de qualquer projeto nacional”, completa.

Agricultura Familiar – Mesmo em um ano de ajustes nas contas públicas, os recursos do Pronaf foram ampliados em 20%, chegando a R$ 28,9 bilhões, com taxas de juros mantidas em níveis praticamente negativos, e ampliação do seguro-safra.

Para 2016, Patrus aponta como prioridade o desenvolvimento da agricultura familiar e avançar com a reforma agrária, concretamente, através do assentamento em condições dignas das famílias acampadas.

Segundo ele, a Pasta assentou aproximadamente 30 mil famílias, segundo dados do Incra, em 2015. “Vamos intensificar. Nossa ideia é constituir uma sala de situação, um grupo qualificado, para avançar com o assentamento dos acampados. Para trabalhar no dia a dia dos desafios que são colocados”, anuncia.

“Surgem questões que não dependem só de nós, como ações judiciais, ações integradas com outros ministérios, com governos estaduais e municipais”, aponta como contratempos do projeto de Reforma Agrária.

O Brasil possui ainda, de acordo com o ministro, 130 mil famílias acampadas. “Nosso desejo é assentar essas famílias até o final do governo da presidenta Dilma, final de 2018”, afirma.

“O acesso a terra é um entrave quando é preciso pagar a desapropriação de terras improdutivas, que não trazem nenhum benefício à coletividade, o valor de mercado. Além disso, temos as ações judiciais, que dão um retorno muitas vezes demorado”, lamenta.

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias

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