Burocracia da Anvisa atrasa liberação da vacina russa Sputnik V

“Lamentavelmente a Anvisa está muito mal conduzida e está indo para o buraco”, alertou secretário da Saúde da Bahia, Fábio Villas-Boas

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No momento mais agudo da pandemia no país, que tem acesso restrito às vacinas contra a Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a criar empecilhos burocráticos para a liberação da vacina russa Sputnik V para uso emergencial. No sábado (27), a agência anunciou que suspendeu o prazo de analise do imunizante alegando falta de dados. 

“Conforme previsão legal, houve a suspensão da contagem dos prazos, até que a empresa apresente as informações descritas como ‘não apresentado’ no painel divulgado”, apontou a agência por meio de nota, referindo-se à farmacêutica União Química, que apresentou pedido na sexta-feira (26). A vacina Sputnik já foi aprovada para uso na Argentina e em outros países da América Latina, onde tem sido aplicada com sucesso na imunização da população.

Na terça-feira (23), o secretário de Saúde da Bahia Fábio Villas-Boas criticou duramente a agência pela demora na liberação da vacina. O secretário afirmou que 2 milhões de doses da Sputnik V já foram adquiridas e chegarão ao país em abril. Falta a autorização.

“A aplicação depende da autorização da Anvisa. Eu preciso que a Anvisa autorize e ela não autoriza, pedindo cada hora mais documentações”, reclamou Villas-Boas.“Lamentavelmente a Anvisa está muito mal conduzida e está indo para o buraco. Tendo um diretor com viés político, militar, quadrado e submisso ao presidente”, criticou.

Campanha mundial contra a Sputnik V

Instrumento valioso na disputa por hegemonia no tabuleiro geopolítico mundial, a vacina russa vem sofrendo ataques na Europa e nos EUA. Na semana passada, o Kremlin denunciou uma campanha articulada para pressionar diversos países a não comprarem o imunizante, especialmente o Brasil. A informação consta de um relatório do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, vazado recentemente.

“Somos categoricamente contra essas pressões, categoricamente contra a competição entre vacinas”, declarou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov. “Acreditamos que devemos unir nossos esforços para que o maior número possível de pessoas possa se beneficiar da vacinação”, destacou Peskov. “Essas tentativas egoístas de obrigar os países a renunciar a uma vacina não têm futuro, vão contra o interesse de todos”, argumentou.

Importância para a América Latina

“A Sputnik V chega em um momento crucial para a América Latina”, declarou à BBC o especialista em relações exteriores russas da Universidade Colegio de México, Vanni Pettinà, no mês passado. “Os países da região não têm tecnologia própria para desenvolver suas vacinas nem dinheiro para comprar as caríssimas vacinas particulares aprovadas”, afirmou.

Segundo o especialista, a Russia leva uma clara vantagem porque controla todo o processo de fabricação do imunizante. “O Ocidente não tem muita flexibilidade para manejar suas vacinas porque não as controla, são produtos privados, por isso está mais exposto a chantagens de preços e contratos não transparentes”, explicou Pettinà.

Da Redação, com informações de G1, BBC, AFP e A Tarde

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