Carlos Neder e João P. Rillo: Um futuro contaminado pela fraude

O PT precisa recuperar sua própria história e reduzir os danos causados à sua imagem, resultado de uma guerra política sem limites

Tribuna de Debates do PT

O Partido dos Trabalhadores chega a seu 6°Congresso, no próximo dia 03 de junho, em meio a uma conjuntura adversa para o campo popular progressista. Vivemos uma dura realidade, com espaço garantido na história como um dos golpes mais violentos contra uma nação, contra um povo; com a entrega do patrimônio nacional, a supressão da soberania do país, a retirada de direitos, a precarização das relações do trabalho e o sequestro do futuro de todos aqueles que trabalharam e trabalharão para produzir a riqueza do Brasil.

Orquestrado por uma selvagem elite financeira nacional e internacional e regido pela Mãe do Golpe – a grande mídia familiar brasileira -, o governo do inescrupuloso Michel Temer passeia, por ora sem maiores dificuldades, pela avenida perversa do atraso.

Nós, do campo progressista, ainda não conseguimos oferecer resistência popular forte o suficiente para influenciar as instâncias de poder e decisão.

Perpassa pelas nossas trincheiras de resistência uma desesperança alarmante, uma incerteza incômoda e a desconfiança latente das nossas velhas instituições partidárias, sindicais e de nossas bancadas parlamentares.

Por mais ideológicos e sérios que sejam outros partidos, frentes e coletivos da esquerda popular, para a esmagadora maioria da população, ainda hoje, quem traduz a representação dos interesses populares e da classe trabalhadora é o PT. Os demais, do ponto de vista político de massa, ainda têm um longo caminho a percorrer.

O desafio principal colocado ao PT é muito maior que uma disputa presidencial (que não é pouco): é ajudar a democracia brasileira e a esquerda a cumprirem uma difícil travessia de enfrentamentos e resistências e, acima de tudo, a construírem um renovado projeto de nação, capaz de aglutinar um campo político e uma base social que o sustente.

Mas o PT tem seu calvário próprio, e passa por um teste de fogo. Com a derrota acachapante nas eleições municipais e o desgaste de sua imagem, se vê obrigado a trocar o pneu com o carro andando. A realizar mudanças internas radicais que o reconectem com a classe trabalhadora, com setores médios e, principalmente, com a juventude popular.

Além de um novo programa, que desperte sonhos e utopias, o PT precisa recuperar sua própria história e reduzir os danos causados à sua imagem, resultado de uma guerra política sem limites; o impeachment, a seletiva Lava Jato e, claro, pelos muitos erros que cometemos e continuamos a cometer. Vide a tão denunciada etapa municipal do 6° Congresso, que já começa com a vitória de uma maioria artificial, fabricada na máquina burocrática e na fraude.

Um partido de esquerda do tamanho e da importância do PT jamais poderia lançar mão de métodos tão sórdidos na sua disputa interna, como os observados no PED, ferindo de morte sua “democracia partidária”.

É claro que a ampla maioria dos petistas e correntes internas não lança mão dessas práticas no processo eleitoral. Mas, se o Diretório Nacional não corrigir exemplarmente os casos incontestes de fraudes e autorizar as devidas auditorias nos casos com fortes indícios, mais uma vez todos nós pagaremos pelos erros de alguns.

Chega de fraudes! Chega de maiorias fabricadas em urnas engravidadas, urnas sequestradas e violadas. Chega de listas alteradas, fraudadas e assombradas pelos mortos votantes. Listas fúnebres, com cheiro de morte! Não façamos do PT o túmulo dos sonhos de gerações! Quem usa um morto para ganhar uma eleição interna usurpa a história de luta de todos nós.

Este é o Partido dos sonhos, das utopias, da vida!

Deixem nossos mortos em paz, não os envolvam em profanas ambições de manter os mesmos no comando da burocracia a qualquer custo.

O congresso do Partido pode dar um passo importante na direção das mudanças ansiadas pela nação petista. Isso deve começar pelas investigações e possíveis afastamentos dos fraudadores.

Pela anulação dos processos de eleição direta com fraudes comprovadas! Pela auditoria em todos os processos suspeitos! Pelo direito da minoria de ter acesso aos documentos e auditá-los!

É o que esperamos da Direção Nacional do PT.

Carlos Neder e João Paulo Rillo, deputados estaduais do PT-SP, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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