Centrais e movimentos prometem 100 mil no Ocupa Brasília
Foco da marcha é exigir Fora Temer e Diretas Já, mas também barrar as reformas que desmontam a Previdência e os direitos trabalhistas
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A marcha Ocupa Brasília que ocorre nesta quarta-feira (24), inicialmente organizada contra o desmonte da Previdência e dos direitos trabalhistas, agora ganha a reivindicação de Diretas Já e Fora Temer.
Com a participação de centrais sindicais e movimentos que compões a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, a expectativa é de que 100 mil pessoas ocupem a Esplanada dos Ministérios em Brasília. Os organizadores reforçam que eleições indiretas de um novo presidente ou presidenta seriam um golpe dentro do golpe.
Depois que o usurpador Michel Temer foi flagrado em gravações participando diretamente da negociação de propina, seu governo é considerável inviável. Ele estava negociando a compra do silêncio do réu e ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente preso. “Tem que manter isso, viu?”, disse Temer sobre o acordo em gravação, informou o jornal “O Globo”.
“Nós não queremos o golpe dentro do golpe”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que já se encontra em Brasília. “Não adianta o Fora Temer seguido de eleições indiretas. Se fizerem eleições indiretas, cinco minutos depois vai ter o Fora Maia, Fora Cármen Lúcia, fora qualquer um que não seja eleito por voto popular”, defendeu.
Se fizerem eleições indiretas, cinco minutos depois vai ter o Fora Maia, Fora Cármen Lúcia, fora qualquer um que não seja eleito por voto popular (Vagner Freitas)
Para ele, “a única forma de se ter credibilidade é fazer eleição direta”. Freitas afirma ainda que “o povo sabe que esse Congresso tem mais de 300 indiciados, esse Congresso elegeu Eduardo Cunha, esse presidente que foi flagrado prevaricando descaradamente. O povo não vai aceitar que se eleja um novo presidente sem voto popular”.
O presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Adilson Araújo, afirma que “as denúncias dos últimos dias, que comprovam as relações espúrias do governo ilegítimo do Temer, dão conta de que o país ficou ingovernável”.
Ele defende que “a classe trabalhadora precisa compreender a importância de ter uma agenda para o Brasil que proponha um projeto de desenvolvimento com geração de renda. Nos marcos que se estabelece, isso não é possível, por isso conclamamos as eleições diretas. Uma eleição indireta seria um embuste, seria uma tentativa de promover o golpe dentro do golpe”.
Uma eleição indireta seria um embuste, seria uma tentativa de promover o golpe dentro do golpe (Adilson Araújo)
“Não podemos, embora o ambiente seja de incerteza e imprevisibilidade, não podemos conceber uma saída arranjada. Por isso, ao ganhar as ruas para promover a luta contra a terceirização generalizada, o trabalho precarizado, em defesa da aposentadoria e da CLT, nós temos a obrigação moral de levantar a sociedade conclamando as diretas”, defende Araújo.
Segundo o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, o 24 de maio “já estava marcado pelas centrais sindicais, pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. O mote era barrar as reformas, mas vai ecoar em Brasília o grito do Fora Temer e Diretas Já”.
“Não temos dúvida desse novo momento da conjuntura brasileira. O povo não pode aceitar ser presidido por uma pessoa que está sendo investigada neste momento. É um grito em todo o país: Diretas Já, Fora Temer e Não às Reformas”, defende Raimundo.
É um grito em todo o país: Diretas Já, Fora Temer e Não às Reformas (Raimundo Bonfim)
O coordenador da CMP ainda destaca que segue a luta para impedir as reformas da Previdência e Trabalhista. “Sabemos que elas estão nesse momento congeladas na Câmara e no Senado, mas as forças do capital, a elite brasileira, as forças que deram golpe na presidenta Dilma, tem como objetivo final implantar essa agenda de ajuste fiscal, de retorno do neoliberalismo no Brasil, de transferência de recursos da classe trabalhadora para o rentismo”, declarou.
O dirigente nacional do MST, Alexandre Conceição, afirma que “a delação do Joesley Batista amplificou para todo o Brasil e para a classe trabalhadora aquilo que todos os movimentos sociais já denunciavam, que era um governo golpista, um governo usurpador, um governo corrupto”.
“Desobediência civil é o que temos de pregar neste país até que a democracia seja reestabelecida”, defende Conceição. “Estamos convocando todo o movimento Sem Terra, todos os trabalhadores do campo e da cidade, estudantes, artistas, intelectuais, progressistas que pensam esse país com a democracia, que venham a Brasília dizer um grande Fora Temer, Diretas Já e Eleições Gerais”, completa.
A delação do Joesley Batista amplificou para todo o Brasil e para a classe trabalhadora aquilo que todos os movimentos sociais já denunciavam, que era um governo golpista, um governo usurpador, um governo corrupto (Alexandre Conceição)
Liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos afirmou que “essa mobilização foi chamada contra as reformas antipopulares da aposentadoria e trabalhista propostas pelo governo Temer, mas neste momento também se colocam com uma compreensão de que este governo, além de não ter legitimidade, perdeu a condição política de governar”.
“A única saída política para a crise neste país é via eleições diretas”, defende Boulos. “É resgatando a soberania do voto popular, chamando o povo a decidir. Não há condições de que a substituição seja nominal. Não basta trocar um presidente por outro por via indireta e passando por cima do povo brasileiro”. Ele ainda acrescenta que “serão 100 mil pessoas em Brasília com amplo apoio popular”.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, avaliou que “acabou toda a legitimidade e toda a condição política para esse governo continuar. Para quem acha difícil conquistar as eleições diretas, damos o recado. Somente nas ruas é que vamos mudar o Brasil”.
Ela ainda disse que “o presidente Temer que assumiu é um presidente ilegítimo, está provado tudo o que sempre dissemos. Deu um golpe para passar as reformas impopulares que nunca seriam aprovadas nas urnas e ele está aí para proteger os corruptos. A saída para a crise política são as eleições diretas”.
Por Pedro Sibahi, da Redação da Agência PT de notícias