Com Bolsonaro, feminicídio pode piorar, denunciarão as mulheres no dia 8

A democracia e direitos também estão na pauta dos atos que acontecerão em todo país no domingo, Dia Internacional da Mulher; Confira onde tem atos marcados

Roberto Parizotti

O aumento de 7,2% do feminicídio no Brasil em 2019 é uma das denúncias que milhares de mulheres vão fazer nos atos do Dia Internacional da Mulher que serão realizados neste domingo (8), em todo o país.

A escolha do feminicídio como um dos principais temas dos atos é justificada pelo momento que o país vive desde a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) que, além de cortar programas de combate aos assassinatos de mulheres, estimula a violência, argumenta a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.

“Estamos vivendo os momentos mais perigosos e difíceis da história recente do país. Há permissibilidade por parte do próprio presidente para matar trabalhadoras e trabalhadores, as mulheres, negras os meninos e as meninas pretas da periferia e morros”, ressalta Juneia.

Com o mote “Mulheres contra Bolsonaro, por Direitos e Democracia”, os atos destacarão ainda os ataques da dupla Bolsonaro/Paulo Guedes, ministro da Economia, aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.

“Com a reforma Trabalhista, da Previdência, o desmonte dos serviços públicos e com o aumento da pobreza, da desigualdade, da precarização, da Uberização das relações do trabalho e todas as medidas neoliberais deste governo, as famílias não têm mais o sentimento de proteção e a tendência é que a violência aumente cada vez mais. Não podemos permitir isso”, disse a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT.

A advogada da Rede Feminista de Juristas, Tainã Góis concorda com Juneia. Para ela, o momento é obscuro e o governo vem trabalhando na contramão dos problemas reais da sociedade brasileira, retirando direitos e zerando orçamentos de políticas de enfrentamento à violência contra a mulher e de políticas específicas para mulheres, entre outras. E o resultado deste desmonte poder ser, sim, o aumento dos casos de violência contra as mulheres nos próximos anos.

“A redução em políticas sociais, garantias de trabalho e renda têm a tendência de elevar os conflitos familiares e domésticos, incrementando os dados de violência doméstica e feminicídio. A combinação entre uma prática neoliberal, que visa o corte de gastos, e uma visão conservadora do lugar da mulher no mundo fazem com que o governo não priorize a manutenção desses investimentos”, afirma a advogada.

Segundo Tainã, é muito importante denunciar estas crueldades deste governo porque “a luta é pela vida da mulher e a igualdade de gênero. A mobilização coletiva e popular é fundamental para pressionar o governo por elevação de investimentos e maior responsabilidade com políticas públicas”.

O cenário atual no país, segundo Juneia, explica porque no dia 8 de março a Democracia será um dos motes das mobilizações. “A gente quer a volta da democracia, nossos direitos retirados com muitas maldades e exigir a diminuição dos números de violência das mulheres do mundo todo, em especial às brasileiras, com mais políticas públicas e respeito”.

Os dados de feminicídio

Entre 2016 e 2018, mais de 3,2 mil mulheres foram mortas no país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, mais de 3 mil casos não foram notificados, de acordo com estimativa do Conselho Nacional de Justiça.

O que é feminicídio

Segundo a advogada da Rede de Juristas Feministas, feminicídio é todo homicídio de mulheres motivado por questões de gênero – decorrentes, por exemplo, de violência doméstica, discriminação sexual etc.

O crime é um assassinato qualificado, incluído no Código Penal em 2015, no qual a pena de reclusão é entre 12 a 30 anos.

“Tipificar o feminicídio é fundamental para expressar que a desigualdade estrutural de gênero tem graves consequências, e que o índice de violência gerando morte de mulheres é alto. E mesmo assim, como todo o crime contra a mulher existe uma grande subnotificação, principalmente porque depende do enquadramento pelo delegado e procurador”, afirmou.

Educação é preciso

Juneia, que é assistente social da prefeitura de São Paulo, disse que outra questão muito importante para acabar com o feminicídio e a violência contra mulher é a educação.

Segundo ela, o menino não nasce violento ele torna ser violento pelo meio em que vive que tem grande interferência do patriarcado, que coloca a mulher como ser inferior e a educação poderia mudar isso.

“A educação sexual nas escolas que explicasse a importância do respeito,  o que é o patriarcado e contasse a luta das mulheres por direitos e igualdade esta realidade poderia mudar”, finalizou.

Confira a agenda de mobilização do dia 8 em todo o país:

Acre – Com o lema “Por Nossas Vidas: Silenciadas Jamais”, o ato das acrianas foi antecipado para o dia 6. Elas vão começar a mobilização as 4 horas da manhã com o amanhecer feminista com um café compartilhado e às 7 horas terá a mobilização delas em frente ao Palácio Rio Branco.

Amazonas – O Ato Unificado “Mulher, Democracia, Paz e Trabalho” no Acre será dia 6, a partir das 14 horas, no Largo São Sebastião que fica na Zona Franca, em Manaus.

Alagoas – Com o mote ““Mulheres na Luta por Territórios Livres e Corpos Vivos”, as alagoanas farão uma roda de conversa no domingo a partir das 9 horas da manhã, na Praça Centenária, no centro de Maceió. E às 15 horas, as trabalhadoras participarão de um ato público e atividade cultural na praia de Pajuçara.

Bahia – A partir das 9 horas de domingo, as baianas vão se concentrar no monumento do Cristo da Barra para uma caminhada, no qual o percurso só será decidido em assembleia no local. Depois elas farão um ato público “Mulheres da Bahia na Rua e na Luta Contra o Fascismo”.

Brasília – Com o slogan “Pela Vida das Mulheres, contra o Racismo, o Machismo e o Fascismo”, as trabalhadoras do Distrito Federal vão denunciar a ausência de Políticas Públicas no Estado numa marcha que sairá do Parque da Cidade às 9 horas, do dia 8. A concentração está marcada para as 8h.

Ceará – Na capital cearense, em Fortaleza, o ato unificado será na Praia de Iracema, a partir das 13 horas do dia 8, na Rua Dragão do Mar, 81.

Espírito Santo – na capital do ES, o ato será realizado no dia 6 de março. As capixabas farão uma caminhada com o mote “Basta de Violências! Mulheres nas Ruas por Direitos” e a concentração esta marcada para 15 horas em frente a Casa Porto das Artes Plásticas e a Defensoria Publica, na Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitoria.

Goiás – Também no dia 6, as trabalhadoras de Goiás farão uma roda de conversa na sede da CUT estadual com a escritora Cidina da Silva. E no dia 8, a partir das 9 horas, as mulheres farão um ato na Praça dos Trabalhadores com homenagens, exposições e panfletagens.

Maranhão- A CUT e demais centrais sindicais definiram que o ato será no dia 09, na Praça Deodoro e seguem em caminhada até o Centro Histórico na Beira-Mar, onde haverá atrações culturais

Mato Grosso – Mulheres da CUT estadual, dos movimentos sociais, feministas e dos coletivos de combate ao racismo irão fazer, a partir das 16 horas do dia 8, um ato político e cultural na praça do bairro mais violento de Cuiabá, Pedra 90.

Mato Grosso do Sul – A programação de protestos das mulheres no Mato Grosso do Sul contra o feminicídio também vai começar antes. No dia 6 está agendado um seminário sobre o tema na sede da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS) e a noite acontecerá um show com a atriz e cantora, Letícia Sabatela. No dia 7, terá um abraço simbólico em torno da Casa da Mulher Brasileira em protesto contra o investimento zero na área. Já no dia 8, as mulheres do Mato Grosso do Sul farão um ato na Feira do Guanandy, no centro de Campo Grande.

Minas Gerais – Com o tema “Só da Luta Brota Liberdade”, as mineiras vão fazer uma marcha no dia 8. A concentração será às 9 horas em frente à Ocupação Pátria Livre – Rua Pedro Lessa, 435, bairro Santo André, Pedreira Prado Lopes – e de lá as manifestantes caminharão até a Praça Sete, Centro de Belo Horizonte, onde se unirão em outro ato, que seguirá pela tarde.

Pará – As paraenses no dia 8 farão uma caminhada pelas ruas de Belém, com saída da Escadinha do Porto, no início da Presidente Vargas, até a Praça Batista Campos. A concentração da delegação CUTista será na Praça Waldemar Henrique, localizada no Centro Comercial entre Av. Assis de Vasconcelos e Av. Presidente Vargas, às 8h.

– No município de Irituia, as mulheres farão uma caminhada pela cidade, partir das 7h, com o mote “Construir uma cultura de paz, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres”.

Paraíba – No dia 8, terá um ato unificado com o movimento de mulheres por volta das 14 horas, na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa.

– A partir das 8 horas no dia 12, na cidade de Esperança, as paraibanas também estão organizando com as trabalhadoras rurais do Polo de Borborema uma Marcha pela Vida das Mulheres e Pela Agroecologia. E no dia 14, em Campina Grande, um ato está programado para acontecer na Praça da Bandeira, ainda sem horário confirmado.

Paraná – As paranaenses estão organizando dois atos. Um em Maringá, no dia 8, a partir das 10 horas, no Parque do Ingá. De lá sairão em caminhada até o Fórum de Justiça, onde farão protestos com cruzes e calçados femininos.

Em Curitiba, a Frente Feminista de Curitiba e Região Metropolitana está organizando uma marcha “Mulheres da Favela Exigem Paz”, que acontecerá em quatro pontos na periferia. O primeiro será uma denúncia da violência que atinge a favela será a partir das 8 horas da manhã no Bairro de Parolin, em frente ao Residencial Araguai, na Rua Santa Zita nº 281.

A exploração do trabalho será denunciada em frente ao Supermercado Extra, na Avenida Kennedy. A mobilização “Educação e Moradia” vai acontecer em frente à escola municipal da Lamenha Lins e no final da marcha as mulheres vão falar sobre a Paz que querem e como vão construí-la com a participação da Bloca Feministra “Ela Pode/Ela Vai. A previsão do fim da marcha é 12h.

Pernambuco – O ato “Feministas contra Violência do Estado Racista, Patriarcal e Capitalista” acontecerá no dia 9, a partir das 14 horas, no Parque 13 de maio, em Recife. Também estão previstas ações descentralizadas no domingo, dia 8, e no sábado, dia 14.

Piauí – As piauienses farão mobilizações nos dias 6,7, 8 e 9.

No dia 6 terá uma performance no bairro Itararé, na Praça dos Correios, a partir das 7h30. No dia 7, as mulheres farão uma roda de conversa no Parque da Cidadania, a partir das 16 horas e no dia 8 terá um ato no Mercado Parque Piauí, a partir das 8 horas. No dia 9 outro ato está previsto, a partir das 8h30, na Frei Serafim.

Rio de Janeiro – As mulheres do Rio de Janeiro farão a mobilização do Dia Internacional da Mulher no dia 9. Com o mote “Pela Vida de Todas as Mulheres, Por Democracia e Contra Retirada de Direitos! Um Rio de Coragem Feminista Contra Violência e os Governos Fascistas”, o ato das mulheres começará às 17h e a concentração será na Candelária.

Rio Grande do Norte – O ato será no dia 8 com o mote “Mulheres em Resistência: Pela Vida e Por Direitos” e vai começar às 8 horas da manhã na Praça das Flores, em Natal. Elas sairão às 10 horas em caminhada e vão até a Praça dos Pescadores. Às 11h terá o ato político e cultural.

Rio Grande do Sul – Atos descentralizados acontecerão no Estado no dia 8 e na Capital terá uma mobilização na orla do Lago Guaíba, com panfletagem das 10h às 13h. O ponto de encontro será na Usina do Gasômetro. Também haverá apresentação de Blocos Carnavalescos.

No dia 9, a partir das 17 horas, terá a Marcha “Pela Vida das Mulheres, Contra as Violências, Por Empregos, Salários e Aposentadorias; Fora Bolsonaro, Governador Eduardo Leite e Prefeito Marchezan. A concentração será no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre. Durante todo o dia aconterá atividades e panfletagem.

Roraima – Em Roraima as mulheres têm uma agenda de mobilizações para o mês todo. No dia 8 terá um sarau cultural unificado “Pela Vida das Mulheres” na Praça Germano Sampaio.

Santa Catarina – Em Florianópolis, no sábado, 7 de março, acontecerá uma feira feminista, das 13h às 18h, na Avenida Hercílio Luz. No domingo, 8 de março, as mulheres farão panfletagem na rua Hercílio Luz, das 12h às 18h, para marcar o Dia Internacional das Mulheres. A programação encerra no dia 9 de março, quando diversas atividades acontecerão o dia todo no Largo da Alfândega, encerrando com uma grande marcha às 17h.

Em Blumenau, oponto alto da programação será no sábado, 7 de março, quando acontecerá a Marcha das Mulheres Trabalhadoras, com concentração às 9h, na Praça Dr. Blumenau.

No município de Caçador, no dia 7, a partir das 9h, acontecerá o ato das mulheres trabalhadoras no Largo Cassanjure. Em Chapecó, um ato político-cultural pela ampliação dos direitos das mulheres está marcado para dia 8 de março, às 14h, na Praça Central.

Em São Miguel do Oeste uma mobilização está marcada para o dia 6 de março, a partir das 9h, na Praça Belarmino Annoni.

Em Joinville também haverá mobilizações feministas nos dia 8 e 9. No dia 8, das 9h às 11h30, terá uma oficina na comunidade Jardim das Oliveiras. E das 15h às 18h, um ato político acontecerá na Praça Tiradentes. Já no dia 9, um ato público está previsto em frente ao Sesc Beira Rio, a partir das 16h30.

Em Criciúma no dia 8 de março, a partir das 14 horas, acontecerão diversas ações no Parque das Nações, como atividades culturais, oficinas, roda de conversas e performances artísticas.

Em Balneário Camboriú um ato regional está programado para acontecer no dia 8, a partir das 10h, na Praça Almirante Tamandaré. Em Jaraguá do Sul a mobilização do Dia da Mulher está marcada para 7 de março, a partir das 8h30, na Praça Museu da Paz, e contará com oficinas e palestras.

São Paulo – Sob o lema “Mulheres Contra Bolsonaro, por Nossas Vidas, Democracia, Direitos e Justiça para Marielle, Claudias e Dandaras!”, o ato será no dia 8, a partir das 14 horas, na Avenida Paulista, em frente ao Parque Mário Covas. A concentração da militância CUTista será no Espaço Cultural Lélia Abramo, na Rua Carlos Sampaio, 305, ao lado do Metrô Brigadeiro às 13 horas.

Sergipe – No dia 6 acontecerá o relançamento do Coletivo de mulheres do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (SINTESE), no Espaço Semear às 14h. No dia 7 as mulheres se reunirão no Sindicato das Domésticas e no dia 8 o Ato Político Cultural “Resistiremos para Viver! Vivermos para Transformar”, organizado pela CUT, demais centrais e movimentos sociais acontecerá nos Arcos Orla de Aracaju a partir das 8 horas.

Tocantins – No Dia Internacional das Mulheres elas vão fazer um ato público na Feira do Setor Aureny I, Região Sul de Palmas.

Outros atos

 

A CUT e demais centrais e movimentos sociais ligados as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo divulgaram ontem uma agenda de mobilizações que vai de 8 de março até 1º de maio.

 

Por CUT

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