Com Bolsonaro, indústria estagna e expectativas econômicas despencam
Primeiro trimestre do governo é marcado por queda na produção industrial, inúmeras reduções na expectativa para o PIB e redução da confiança no mercado
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A produção industrial caiu nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro (PSL), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados abaixo do que previam economistas derrubaram ainda mais as expectativas para o Produto Interno Bruto de 2019. Esses índices são influenciados pela queda na confiança que consumidores e investidores têm sobre a economia de um país e provam a total estagnação do Brasil.
A lógica é a seguinte: em tempos de instabilidade política e econômica, as famílias tendem a reduzir os gastos; com a queda do consumo, a indústria desacelera e isso significa menor oferta de postos de trabalho. O desemprego, por sua vez, intensifica a queda nos índices de consumo. Ou seja, o Brasil vive um ciclo vicioso de retrocessos. Nesse contexto, o “Deus Mercado” – a quem Bolsonaro confia a recuperação econômica do país – não se dispõe a arriscar investimentos.
Se observarmos a produção industrial, uma das variáveis dessa equação, a queda registrada em abril deste ano foi de 3,9% no comparativo com abril do ano passado. Já no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o recuo foi de 2,7% entre 2018 e 2019. Os números são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta terça-feira (4) pelo IBGE e noticiada pelo Valor Econômico.
Incapaz de reaquecer a economia, Jair Bolsonaro continua afirmando falsamente que, se a reforma da Previdência for aprovada, o Brasil terá investimentos estrangeiros. A tese já é refutada por diversos economistas porque no lugar de injetar recursos a mudança na aposentadoria vai tirar dinheiro das famílias. Quanto menor a renda, menor o consumo e menos emprego. As perdas estimadas são de 450 mil vagas de trabalho em um ano. Ou seja, com a política econômica que está sendo mantida pelo governo, o quadro só tende a piorar.
Profissionais perdem a confiança no mercado de trabalho
Quando as engrenagens que movem a economia estão paralisadas, entra uma variável citada anteriormente: a confiança. E nesse quesito as notícias também não são animadoras. Profissionais e recrutadores perderam a confiança no mercado de trabalho, de acordo com o índice calculado pela empresa Robert Half e divulgado pelo Valor.
O resultado da pesquisa feita em abril foi quase cinco pontos menor com relação a janeiro deste ano. No primeiro trimestre com Bolsonaro, o índice foi de 58,4 para 53,7 – maior recuo entre duas edições desde que a pesquisa foi lançada em 2017. A escala vai de 0 a 100 e 50 representa o limite entre pessimismo e otimismo.
Outro dado que mede o sentimento com relação a economia é o Índice de Confiança da Indústria, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mais uma vez, as notícias também não são animadoras. O indicador caiu 0,7 ponto, segundo matéria da revista Exame. Com isso, o indicador ficou em 97,2 pontos na escala de zero a 200.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Valor Econômico e da Revista Exame