Com embaixadores, Lula alerta para interferência estrangeira na América Latina

“Manter a região como zona de paz é nossa prioridade”, afirmou Lula, em cerimônia de entrega de Cartas Credenciais a embaixadores de 28 nações, nesta segunda (20)

Ricardo Stuckert

Lula "Levar o Brasil de volta à cena internacional foi uma das mais urgentes missões do início do meu mandato"

O presidente Lula participou, nesta segunda-feira (20), da cerimônia de entrega de Cartas Credenciais a embaixadores de 28 países, em mais uma importante etapa de consolidação da diplomacia brasileira neste terceiro mandato do petista. Durante o evento no Palácio do Itamaraty, o presidente aproveitou a ocasião para alertar sobre a crescente polarização e instabilidade na América Latina e Caribe. Ele defendeu a manutenção da região como uma zona de paz.

“Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretendia evitar”, advertiu Lula, sublinhando a importância da autonomia regional. O alerta ocorre no momento em que o governo de Donald Trump ameaça a estabilidade da Colômbia e da Venezuela, que não foram citadas nominalmente pelo presidente.

Após a destruição da imagem do Brasil e o isolamento internacional que perdurou entre 2019 e 2022, Lula lembrou o árduo caminho de reconstrução das vias de diálogo nos principais fóruns multilaterais após o período de obscurantismo de seu antecessor. “É motivo de orgulho para o Brasil acolher um dos corpos diplomáticos mais numerosos e diversos do mundo”, declarou o presidente. “Poucas capitais têm tantas embaixadas estrangeiras acreditadas como Brasília. Levar o Brasil de volta à cena internacional foi uma das primeiras e mais urgentes missões do início do meu mandato”, ressaltou Lula, evidenciando o esforço diplomático de seu governo.

O panorama traçado pelo presidente incluiu uma intensa agenda internacional, com viagens a 37 países em cinco continentes durante seu terceiro mandato. Lula destacou a consolidação da Ásia como um eixo dinâmico da economia global, com o Brasil já superando o volume de comércio com parceiros tradicionais em diversas nações asiáticas. A presidência brasileira do G20 e do BRICS no Rio de Janeiro foi mencionada como um marco, assim como a participação nos 80 anos da FAO e a criação do Mecanismo de Apoio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

“Temos com a África uma dívida que só pode ser paga em solidariedade, cooperação e transferência de tecnologia”, declarou o presidente, referindo-se à participação na 37ª Cúpula da União Africana e à organização do Segundo Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar. Lula ainda expressou “grandes expectativas com a próxima Cúpula do G20 em Joanesburgo”.

COP30

“O ano de 2024 foi o mais quente da história. As florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno. A Conferência de Nice, em junho, deixou claro que os oceanos estão febris”, alertou o presidente, ao tratar da COP30, que será realizada em novembro. “A COP30, em Belém, será a COP da verdade, será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, apontou, ao tratar das Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs).

“O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia”, anunciou Lula. “A noção de justiça climática também será crucial. Isso implica em apostar em ações comprometidas com o combate à fome e às desigualdades socioambientais”.

O ano ainda reserva a Cúpula do Mercosul, em dezembro, onde Lula espera concretizar a assinatura do Acordo Mercosul-União Europeia, “que já espera por mais de 20 anos”. De acordo com o presidente, “as relações com a Europa seguem estratégicas. O Acordo é um símbolo contra o recrudescimento do protecionismo. Estamos criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo mais de 700 milhões de pessoas e um PIB de mais de 22 trilhões de dólares”.

Da Redação

 

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