Confrontado com as evidências de seu golpismo, Bolsonaro adota silêncio covarde na PF
“Bolsonaro tentou fugir de depoimentos na PF e ficou em silêncio porque não tem o que dizer diante das investigações”, afirmou Gleisi Hoffmann, sobre inquérito que apura a tentativa de golpe Estado orquestrada pelo extremista
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Jair Bolsonaro preferiu o silêncio conveniente e covarde durante depoimento em Brasília nesta quinta-feira, 22, na sede da Polícia Federal (PF), em inquérito que apura tentativa de golpe de Estado para impedir o presidente Lula de tomar posse. As investigações apontam para o envolvimento do ex-presidente como líder de uma organização criminosa que culminou com os atos terroristas em 8 de janeiro de 2023.
“Bolsonaro tentou fugir de depoimentos na PF e ficou em silêncio porque não tem o que dizer diante das investigações. Lula, mesmo diante do cerceamento de defesa e das arbitrariedades da Lava Jato, compareceu a todas as audiências levando as provas da sua inocência. Nunca se calou! É a diferença entre um líder e um farsante”, postou a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) na rede X, onde também comentou o senador Humberto Costa (PT-PE).
“Já diz o ditado: quem cala consente”, escreveu ele junto com manchete da Folha de São Paulo sobre o silêncio de Bolsonaro “sobre trama golpista”.
Bolsonaro tentou fugir de depoimentos na PF e ficou em silêncio porque não tem o que dizer diante das investigações. @LulaOficial mesmo diante do cerceamento de defesa e das arbitrariedades da LavaJato, compareceu a todas as audiências, levando as provas de sua inocência. Nunca…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 22, 2024
Já diz o ditado: quem cala consente. 👇 pic.twitter.com/9ZV6RlcmXE
— Humberto Costa (@senadorhumberto) February 22, 2024
Optaram pelo silêncio outros investigados tão encrencados como Bolsonaro, como o ex-ministro e candidato a vice-presidente pelo PL nas eleições de 2022, general Walter Braga Netto; o ex-ministro de Segurança Institucional general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira; o ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o oficial do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior, segundo o site G1.
Ouça o Boletim da Rádio PT:
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O ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, responderam às perguntas da PF.
Ao sonegar informações à PF, Bolsonaro busca identificar o comportamento dos demais para então fazer seu jogo, o que evidencia também a ruptura do ex-presidente com seus ex-ministros e assessores, a exemplo do que aconteceu com o tenente-coronel Mauro Cid.
O ex-ajudante de ordens virou um importante delator após Bolsonaro afirmar que Cid fez tudo por conta própria. Além da delação, as mensagens, vídeos e documentos descobertos pela PF com Cid escancararam para o país a trama de um verdadeira organização criminosa que mirou a abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Oitivas simultâneas em diversos estados
Para evitar combinação de versões, a PF fez oitivas simultâneas e, ao fazer as mesmas perguntas, ter a chance de captar eventuais divergências e contradições.
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Em Brasília também depuseram Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército; Tércio Arnaud, ex-assessor de Bolsonaro; Cleverson Ney Magalhães, coronel, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Bernardo Romão Correia Neto, coronel do Exército e Bernardo Ferreira de Araújo Júnior.
Segundo o site G1, no Rio de Janeiro foram marcadas oitivas de Hélio Ferreira Lima, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Ailton Gonçalves Moraes de Barros e Rafael Martins Oliveira.
Em São Paulo foram ouvidos Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira; no Paraná foi a vez de Filipe Garcia Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência. Em Minas Gerais a PF ouviu Éder Balbino; no Mato Grosso do Sul, Laércio Virgílio e no Espírito Santo, Ângelo Martins Denicoli. Nesta sexta-feira, 23, no Ceará, a PF colhe o depoimento do coronel do Exército Estevam Theophilo.
Tigrão na rua, tchutchuca com a PF
Enquanto sonega informações à PF, Bolsonaro insiste no golpismo ao chamar ato para se defender das acusações. O senador Humberto Costa (PT-PE) publicou no X:
“Essa manifestação do domingo (25/2) é coisa de quem está com medo da justiça. E, sem citar o crime durante o ato, já se antecipa, e vai preso em flagrante. Sem anistia para golpista!”.
Golpista não defende democracia. Essa manifestação do domingo é coisa de quem está com medo da Justiça. E, se incitar crime durante o ato, já se antecipa, e vai preso em flagrante. Sem anistia pra golpista! pic.twitter.com/Byzfxs2swY
— Humberto Costa (@senadorhumberto) February 22, 2024
Para o comentarista do site Uol, Tales Faria, a estratégia traçada pelo ministro Alexandre de Morais tem tudo para dar certo e vai terminar com a condenação de toda a turma que conspirou contra a democracia e tentou impedir Lula de governar.
“Bolsonaro não gera confiança nem na turma dele. Eles tinham um chefe e o chefe os abandona…Não tem como dar certo pro Bolsonaro, ele vai acabar se enrolando mais ainda e também os militares, porque foi um urdimento golpista juntando todos eles. Todos eles vão acabar sendo condenados”, analisou Faria.
Ao denominar os depoentes como “cavaleiros do apocalipse golpista”, o deputado Rogério Correia (PT-MG), escreveu em seu perfil no X que Bolsonaro “criou todo um sistema de desinformação que culminou na quebradeira de 8 de janeiro. Que seja feita Justiça”. Ele compartilhou o documentário A Cara do Golpe, produzido pela TvPT (assista no final da matéria).
Bolsonaro criou todo um ecossistema de desinformação que culminou na quebradeira do 8 de janeiro. Hoje, ele e outros 14 investigados depõem simultaneamente à Polícia Federal. Que seja feita a Justiça pelos ataques à democracia. #SemAnistia pic.twitter.com/eOODlRQt8j
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) February 22, 2024
Tempo da verdade
Os depoimentos coletados pela PF foram mais uma etapa da operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas e autorizada pelo ministro do STF Alexandre Moraes no âmbito do inquérito que apura a existência das milícias digitais e seu financiamento, os atos golpistas do 8 de janeiro, que culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes.
De acordo com a PF, os investigados se organizaram em grupos para organizar os acampamentos golpistas, espionar os ministros do STF, preparar os atos do 8 de janeiro e disseminar informações falsas. A PF tem evidências de que a minuta de decreto golpista encontrada na casa de Anderson Torres foi revisada por Bolsonaro, que manteve a prisão de Alexandre de Moraes e definia a realização de novas eleições.
Da Redação