Conquistas de três décadas podem se perder em meses, alerta Dino sobre golpe

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), lidera o movimento Golpe Nunca Mais, juntamente com Ciro Gomes (PDT) e Carlos Lupi (PDT), para mobilizar o país contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista ao jornal “El País”, publicada no sábado (12), o comunista alerta para um grave retrocesso nas conquistas sociais com a possibilidade da saída da petista.

“Lutamos tanto para chegar até aqui, muita gente sofreu, tivemos ditadura sangrenta, que torturou e matou, depois uma hiperinflação. O que levamos três décadas conquistando, como estabilidade econômica e diminuição das desigualdades, pode se perder em poucos meses”, reforçou.

Para Dino, a saída para a crise política no Brasil é o diálogo entre as principais lideranças partidárias do PT e do PSDB, que polarizam as decisões no âmbito nacional.

“Não cabe na minha cabeça que duas lideranças da envergadura e da importância histórica como Fernando Henrique Cardoso e Lula não consigam sentar à mesa e fazer um acordo nacional. Esse é o único caminho possível e não cabe na minha racionalidade ingênua ou pretensiosa que não aconteça uma união nacional que acontece em outros países do mundo”, avaliou.

Sobre a possibilidade de uma ruptura democrática para retirar a presidenta Dilma do Poder, o governador maranhense afirma que não há nenhuma base constitucional para impeachment.

“Defendo muito claramente a continuidade do mandato, primeiro por razão técnica, porque constitucionalmente não há nenhuma base para que a presidenta da República eleita seja afastada. Em segundo lugar, há a razão política. É a partir dela (Dilma) e do governo que se pode construir um novo pacto nacional”, explica.

Dino defende uma união de esforços no Congresso para acabar com o que ele chama de “sabotagem”. “Governo e oposição são essenciais para a democracia. Ulysses Guimarães, naquele célebre discurso que fez quando foi lançado anticandidato na ditadura, disse que a principal contribuição da oposição para o bom governo era existir. Portanto não se trata de anular a existência da oposição, mas colocá-la em termos que se considera que você não pode ter uma relação de destruição, de aniquilamento”, disse.

“Imagino que o grande desafio de todos aqueles que desejam que o Brasil não sofra tanto é construir algum tipo de entendimento que permita essa retomada do crescimento e a preservação de conquistas que não têm coloração partidária”, completou.

Da Redação da Agência PT de Notícias