Consórcio Nordeste reafirma eficácia da vacina russa Sputnik V

Após decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de não liberar o uso da vacina Sputnik V no Brasil, o Consórcio Nordeste continua atuando para trazer o imunizante russo ao país. Nesta terça-feira (27), o presidente do Consórcio e governador do Piauí Wellington Dias participou de reunião com o Instituto Gamaleya, produtor da vacina russa, a Agência Reguladora e o Ministério da Saúde russos para obter informações sobre a eficácia da vacina. O objetivo é demonstrar que o imunizante, que já vem sendo aplicado em 62 países, é seguro e não oferece perigos à população.

“Na agenda que tivemos agora, os técnicos afirmaram com muita segurança que a Sputnik é uma vacina segura, com baixos efeitos colaterais, eficaz e que tem capacidade de imunização elevada”, declarou o governador Wellington Dias, após a reunião. “Nós esperamos que a Rússia possa responder aos pontos que foram apresentados no relatório da Anvisa, que afirma o contrário”, disse Dias. “Queremos entender porque o Brasil não pode utilizar um imunizante que 62 países consideram seguro e eficaz”.

O imunizante russo é avaliado pelos governadores como peça fundamental na vacinação da região e para o próprio Programa Nacional de Imunização (PNI) do governo. Por meio do consórcio, foram negociadas a compra de 37 milhões de doses junto ao Fundo Soberano Russo. Outros 12 estados planejam importar cerca de 66 milhões de doses do imunizante.

Disputa geopolítica 

Após o anúncio da Anvisa, a equipe responsável pela vacina se manifestou. “A Sputnik V compartilhou com a Anvisa todas as informações e documentações necessárias, muito mais do que o utilizado para homologar a Sputnik V em 61 países”, publicou o perfil Sputnik V no Twitter. “Esperamos que a ciência, e não a pressão de outro país, seja usada para a tomada de decisão”.

O CEO do Fundo Soberano Russo, Kirill Dmitriev, chamou atenção para a disputa geopolítica em torno das vacinas contra a Covid-19. Para ele, a decisão da Anvisa foi “política e tendenciosa”. “Quando falo de política, não é nossa opinião, é fato, os EUA disseram que queriam convencer o Brasil a não usar a vacina russa”, lembrou Dmitriev, em entrevista ao jornal Valor.

“Um relatório do governo dos EUA produzido na gestão de Donald Trump afirmou que Washington buscou persuadir o Brasil contra o uso da vacina russa, alegadamente para afastar “influencia maligna” das Américas”, destacou o CEO, em referência a informações de um documento do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês), vazado pela Brasil Wire em março.

80 milhões de doses

Kirill Dmitriev disse ainda que o Fundo estava preparado para oferecer 80 milhões de doses do imunizante ao país. “Mas a posição da Anvisa não pode ser explicada pela ciência. A Anvisa tem sido tendenciosa e não profissional”, ponderou. “Para nós, usam exigência dupla ou tripla, mais sujeita a escrutínio e ataque. É muito estranho. Ao mesmo tempo, autorizam vacina no Brasil que tem casos de trombose severa, enquanto no caso da Sputnik o risco é zero”, concluiu.

O chanceler russo Sergei Lavrov também identificou as digitais americanas por trás da decisão da Anvisa. “Não estou surpreendido com isso. Os norte-americanos não se acanham de estar fazendo este trabalho. Eles não estão escondendo isso”, disse Lavrov.

“E se os norte-americanos admitiram que estão por trás deste resultado, então, é porque são fiéis à sua lógica de que tudo é permitido para eles e já não se acanham de dizer isso publicamente”, declarou Lavrov.

Da Redação, com informações de Valor e Sputnik V