Covid: 99% das mortes nos EUA são de pessoas não vacinadas
Negacionismo e variante Delta arriscam campanha de Biden. “A estratégia de terra arrasada de Trump enganou milhões, levando-os a flertar com a morte, escreve colunista. Mortes assustam gestores no Brasil
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O negacionismo plantado por Donald Trump na forma de ataques à ciência e promoção de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 está cobrando um preço alto nos EUA, assim como o estrago provocado por Jair Bolsonaro no Brasil. Uma avalanche de fake news sobre a eficácia das vacinas, aliada à chegada da variante Delta, está fazendo os óbitos subirem no país. Segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) americano, mais de 99% dos mortos por Covid-19 nos EUA são de pessoas não vacinadas. A campanha de vacinação de Joe Biden tem encontrado enorme resistência principalmente entre os órfãos de Trump.
A decisão de eleitores conservadores de não se vacinar tem apoio, inclusive, de governadores republicanos. Após Biden vacinar cerca de metade da população, a campanha empacou. As mortes também são um alerta para autoridades de saúde no Brasil, terreno fértil para as fake news de Bolsonaro sobre vacinas.
“A estratégia política de terra arrasada de Trump enganou milhões de americanos, levando-os a flertar com a morte”, escreveu o colunista do NY Times Charles Blow, neste final de semana. “Agora, milhares estão morrendo novamente”, lamentou o colunista.
O momento é perigoso para o sucesso da campanha de Biden. Ele passou a oferecer um beneficio de U$ 100 a quem decidir se imunizar. Além disso, a imprensa americana tem reportado histórias com dezenas de casos de pacientes internados que se recusaram a receber vacinas.
Alguns sobreviventes passaram a fazer campanha pela vacinação para o governo, usando a própria história para convencer negacionistas de que os imunizantes protegem contra a Covid-19 e que a variante Delta é mais perigosa do que parece.
“Estou recebendo pessoas jovens e saudáveis no hospital com infecções muito graves por Covid”, relatou uma médica do Alabama. “Uma das últimas coisas que eles fazem antes de serem intubados é implorar pela vacina. Eu seguro as mãos deles e digo que sinto muito, mas é tarde demais”, descreve a médica.
“O medo da derrota ideológica não é páreo para o medo da morte iminente”, compara Charles Blow. “E, no entanto, não deveria ter sido necessária outra onda de doença e morte para que o bom senso se instalasse”, opina.
Ele citou uma pesquisa uma pesquisa recente da Monmouth University. O levantamento revelou que “entre os que relataram que não receberão a vacina se puderem evitá-la, 70% se identificam com o Partido Republicano. “Por que os americanos rejeitaram uma vacina pela qual muitas pessoas em outras partes do mundo estavam literalmente morrendo?”, questiona o colunista, citando a falta de acesso aos imunizantes, caso do Brasil.
Delta acende alerta no Rio
O avanço da variante Delta no estado do Rio de Janeiro preocupa especialistas de saúde, que alertam que a campanha de vacinação precisa avançar e criar peças publicitárias para informar a população sobre os riscos da não imunização. 95% das pessoas internadas no Rio não tomaram nem a primeira dose da vacina.
“É um dado que reforça que as vacinas funcionam, tem efeito, mas ainda tem muita internação de pessoas que não se vacinaram. Apenas 5% das pessoas internadas tomaram pelo menos uma dose da vacina”, escreveu o secretário Daniel Soranz, de acordo com o G1.
Da Redação, com informações de Folha, NY Times e G1