CPI da Merenda: estudantes são barrados no depoimento de Capez
Secundaristas acamparam à noite em frente à Alesp para acompanhar a sessão, mas foram barrados pela PM sob alagação de que sala estaria lotada
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Estudantes e professores foram reprimidos pela Policia Militar ao tentar acompanhar o depoimento do deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na CPI da Merenda.
A comissão investiga desvio de fraudes em licitações de merendas de escolas estaduais. Acusado de ter participado do esquema, o tucano foi dar seu depoimento às 9h da manhã desta quarta-feira (14).
Um grupo de estudantes já estava acampado em frente à Alesp desde a noite desta terça-feira (13), aguardando para assistir ao depoimento, mas quando ingressaram no prédio, já havia uma fila de 17 pessoas – tamanho exato do plenário escolhido – aguardando a entrada.
Impedidos de assistir à CPI, os estudantes então decidiram fazer um trancaço e impedir a entrada de todos, até que eles tivessem direito a participação. Policiais Militares que estavam na porta do plenário D. Pedro I desde as primeiras horas da manhã reagiram de maneira truculenta e desmedida, utilizando cassetetes e spray de pimenta.
Segundo a professora Maria Rodrigues, que acompanhava os estudantes, a confusão teve início quando uma mulher tentou entrar no plenário na frente de todos, apresentando uma carteirinha do PSDB.
“Os policiais disseram que só poderiam entrar assessores e nós fizemos pressão para que não entrassem outras pessoas. O tumulto começou quando chegou uma senhora e mostrou um crachá com o número 45 do PSDB, acompanhada de um grupo, dizendo que recebeu ordens para entrar”, explicou a professora.
Estudantes reclamaram que o presidente da CPI da merenda, Marcos Zerbini, também do PSDB, tem escolhido realizar os encontro em plenários pequenos, que impeçam a participação dos estudantes. Na manhã desta quarta havia três plenários grandes vazios na Assembléia.
Depois da confusão, apenas 10 estudantes foram autorizado a entrar, dividindo o espaço com assessores e impresa.
Veja vídeo abaixo:
ACONTECE AGORA NA CPI DA MERENDA EM SÃO PAULOEstudantes secundaristas são impedidos de entrar na 10ª reunião da CPI da merenda na ALESP. Imagens: Katia Passos • Jornalistas Livres
Publicado por Jornalistas Livres em Quarta, 14 de setembro de 2016
À Agência PT de Notícias, o secundarista Marcelo Richard relata que o reforço da PM chegou de repente e agiu violentamente para impedir que estudantes entrassem na CPI. “A gente tentou resistir, mas não foi possível. Houve muita truculência, eles chegaram agredindo. Distribuíram sopapos. As meninas estavam um pouco atrás e um policial puxou ela pelo cabelo e bateu com cassetete. Tive que me jogar na frente”, contou.
Pelo menos dois secundaristas foram detidos. Após o tumulto, alguns dos estudantes entraram no plenário.”É muita repressão, em uma casa que é para ser do povo, receber com gás de pimenta e cassetete. Inclusive dentro das salas. Empurrou estudantes para fora. Isto não tem outro nome senão repressão. É inadmissível em um momento em que se faz averiguação da CPI da Merenda”, criticou a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Bebel Noronha.
Resistência
Na noite de terça-feira, um grupo de estudantes acampou na frente da Alesp para aguardar a reunião que receberia Capez e entrar na Casa nas primeiras horas da manhã.
A RESISTÊNCIA DA JUVENTUDE DE SP POR UMA MERENDA DE QUALIDADEEstudantes acampam agora em frente à Assembleia Legislativa de SP para aguardar a 10ª reunião da CPI da Máfia da Merenda que aguarda o depoimento do presidente da Casa, Fernando Capez, principal suspeito de envolvimento no esquema. A ação é uma atitude de resistência num momento tão crucial para a Comissão. Os jovens também pretendem evitar que fiquem de fora da sessão que é pública, mas tem tido o acesso restringido por ordem de Capez. A reunião acontece logo mais, às 10h, no plenário D Pedro I da Alesp.
Publicado por Jornalistas Livres em Terça, 13 de setembro de 2016
A máfia das merendas
Em 2016, Capez foi citado pelo lobista Marcel Júlio, que extorquia fornecedores de merendas para escolas públicas de São Paulo. Ele afirmou que Capez recebia uma parcela do superfaturamento e que teria pedido dinheiro para sua campanha a deputado em 2014.
A bancada do PT na Alesp, estudantes e professores temem que a CPI não investigue de fato as denúncias de fraude na merenda, porque a maioria de seus membros é da base do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O único parlamentar de oposição é do PT, Alencar Santana Braga.
Da Redação da Agência PT de Notícias