CPI do HSBC pode terminar antes do prazo por falta de informações

Presidente da comissão, o senador Paulo Rocha, afirma que desfecho das investigações no Senado estará decidido até esta semana

Marcada para encerrar os trabalhos no fim de março do ano que vem, a CPI do HSBC, que investiga irregularidades em contas de brasileiros abertas na filial do banco na Suíça, deve encerrar as atividades ainda este ano. O presidente da comissão, o senador Paulo Rocha (PT-PA), pretende realizar uma reunião administrativa ainda nesta semana para discutir o desfecho da CPI. 

“Decidimos conversar sobre isso para termos mais detalhes a respeito dos históricos das pesquisas que têm sido feitas. A dificuldade que a CPI se encontra era prevista desde o início pela dificuldade de termos acesso aos dados oficiais das denúncias francesas”, afirma o senador. 

O acordo internacional firmado entre os governos francês e brasileiro autoriza o compartilhamento de documentos apenas para órgãos de fiscalização. A CPI não é considerada um desses órgãos para os franceses porque não são reconhecidas perante suas leis como investigadores. 

“Não tivemos acesso oficial aos dados. Trabalhamos todo esse tempo com informações de jornais e depoimentos. Tivemos avanços naquilo que conseguimos fazer. Infelizmente, quando entra no processo que envolve a questão legal e jurídica ficamos limitados por não podermos ter acesso a esses documentos oficiais franceses”, explica Rocha. 

Na última reunião da comissão, enquanto alguns senadores estavam decididos a finalizar os trabalhos da CPI, um outro grupo estudava a possibilidade de enviar um senador até a França para conversar com as autoridades do país e verificar a possibilidade de a comissão ter acesso aos documentos. O senador da Randolfe Rodrigues (Rede) é o nome mais cotado. 

O senador Paulo Rocha afirmou que a CPI fez uma reunião com o Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República para saber do procedimento das investigações feita por eles. Dessa forma, os trabalhos da comissão poderiam ser finalizamos. 

“Repassaríamos aquilo que nós acumulamos com as nossas investigações ao longo dos meses para que esses órgãos possam dar continuidade a investigação. Essa discussão está começando dentro da CPI e pode chegar a uma conclusão na próxima semana, caso o relator escreva algo nesse sentido”, afirma. 

Segundo ele, todas as informações coletadas pela CPI, caso ela se encerre por agora, seriam enviadas para os órgãos responsáveis que continuariam investigando as denúncias. 

CPI – A CPI do HSBC foi criada para investigar cerca de R$ 20 bilhões de 8 mil contas secretas, não declaradas, na filial do banco em Genebra, na Suíça. A investigação teve início quando um ex-funcionário do banco Hervé Falciani divulgou a lista com os detalhes das contas secretas abertas irregularmente pelo banco na Suíça. O caso é conhecido como Swissleaks.

Na lista de nomes que possuem uma conta no banco suíço, estão grandes empresários brasileiros como Luiz Frias, atual presidente da Folha e do UOL; Integrantes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes; Lily de Carvalho, morta em 2011 e viúva de dois jornalistas e donos de jornais, Horácio de Carvalho, ex-proprietário do Diário Carioca, e Roberto Marinho, dono das Organizações Globo. 

O apresentador Ratinho, Carlos Roberto Massa, dono da Rede Massa, afiliada ao SBT no Paraná, também teve conta no HSBC da Suíça. Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Alfa (Rede Transamérica) e Roberto Medina, idealizador do Rock in Rio, também é citado.

Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Noticias

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