CPMI confirma: Mauro Cid movimentou R$ 2,3 milhões em nome de Bolsonaro

A partir da quebra do sigilo bancário, foi possível constatar também a incompatibilidade do volume de recursos nas contas bancárias de Mauro Cid com o que ele declarou no imposto de renda, aponta comissão

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O cerco se fecha: movimentações milionárias de Cid são incompatíveis com o salário de servidor federal

Dados obtidos pela CPMI dos Atos Golpistas e revelados pelo Estadão na quarta-feira (16) confirmaram a movimentação de R$ 8,4 milhões em contas do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e transações no valor de R$ 2,3 milhões em contas em que ele era procurador do ex-presidente. A partir da quebra do sigilo bancário, foi possível constatar também a incompatibilidade do volume de recursos nas contas bancárias de Mauro Cid com o que ele declarou no imposto de renda, uma média de R$ 318 mil reais por ano.

Entre 2020 e 2022, as contas de Mauro Cid tiveram R$ 4,5 milhões em depósitos e R$ 3,5 milhões em débitos, sem considerar transferências entre contas de mesma titularidade. O valor depositado nas contas (R$ 3,5 milhões) é cinco vezes maior do que a renda dele como servidor público federal.

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“Vamos fazer as contas: salário líquido de cerca de RS 17 mil. Em 1 ano, aproximadamente R$ 205 mil. Em 3 anos, R$ 612 mil. Mas Mauro Cid teria movimentado R$ 8,4 milhões em 36 meses. A conta não fecha. De onde veio e para quem foi esse dinheiro?”, questionou o senador Fabiano Contarato pelo Twitter.

Do total de R$ 2,3 milhões movimentados pelo tenente coronel nas contas em que era procurador de Bolsonaro, foram registrados créditos de R$ 1,1 milhão em três anos, e débitos de R$ 1,2 milhão. Cerca de R$ 119 mil entraram em fevereiro de 2020, mês com maior volume de depósitos.

“A quantia de R$ 8,4 milhões movimentados em três anos levanta sérias questões sobre a transparência e a origem desses fundos, há margem para dúvidas e questionamentos sobre a origem desses valores. Precisamos nos atentar ao fato de que, segundo revelado, a administração de R$ 2,3 milhões como procurador das contas de Bolsonaro, com um mês específico registrando R$ 119 mil em depósitos, é algo gravíssimo e que requer análise criteriosa. Esses dados levantam dúvidas significativas sobre a prestação de contas e a ética financeira, exigindo uma investigação mais aprofundada para entender a totalidade da situação, além de reforçar todas as denúncias de crimes cometidos pelo ex-presidente e os seus aliados”, analisou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

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Produzidos pela Secretaria Especial de Receita Federal do Ministério da Fazenda, que elaborou relatório de movimentação financeira em contas corrente e poupança, os documentos mostram também que Cid recebeu R$ 1,2 milhão em suas contas entre maio e agosto de 2022, logo antes das eleições presidenciais, e gastou cerca de R$ 200 mil somente com seu cartão de crédito internacional.

A movimentação desse volume de recursos incompatível com a renda declarada é apenas mais um dos escândalos envolvendo Mauro Cid, seus familiares e Bolsonaro, na opinião do deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder da bancada na Câmara dos Deputados. “É preciso que se aprofundem as investigações para conhecer a origem do dinheiro e o que foi feito com ele”, defendeu Dirceu.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgados recentemente mostraram que seis ajudantes do ex-presidente movimentaram R$ 11,9 milhões, valores incompatíveis com os respectivos patrimônios declarados, segundo matéria publicada terça-feira (15) no portal. Metade do valor, cerca de R$ 6,7 milhões, foi movimentado por Cid, preso em maio por falsificação de cartões de vacina. Ele e o pai, o general Mauro Lourena Cid, recentemente viraram alvos de operação da Polícia Federal que investiga esquema de desvio e venda de joias obtidas em viagens oficiais do ex-presidente. Na casa do tenente coronel a PF encontrou US$ 35 mil guardados em um cofre.

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A Polícia Federal investiga também repasses de dinheiro feitos por Cid pai e filho para Bolsonaro e para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na operação Lucas 12:2, executada dia 11, a PF encontrou indícios de que eles e outros militares sacaram dinheiro em espécie e depositaram ou entregaram para o ex-presidente e esposa. A suspeita é de que parte desse dinheiro veio da venda ilegal de presentes como as joias dadas a Bolsonaro pela Arábia Saudita. A PF tem um áudio em que Cid fala que seu pai tinha US$ 25 mil em espécie que precisavam ser levados a Bolsonaro.

Da Redação, com informações do Estado de S. Paulo

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