Criador da Dilma Bolada frustra planos do PSDB de usar CPI para criminalizar PT
Para o deputado Leo de Brito (PT-AC), vice-presidente da CPI, os trabalhos do colegiado podem dar uma grande contribuição à sociedade, mas não podem ser contaminados por interesses partidários
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A CPI dos Crimes Cibernéticos foi instalada em agosto e o seu comando foi entregue ao PSDB, que acabou ficando com a presidência e com a sub-relatoria destinada a investigar “criação de perfis falsos ou satíricos” com o objetivo de produzir “referências depreciativas repetidas a determinada pessoa”. Desde o início, era sabido que a tarefa dos tucanos era criminalizar especificamente a personagem Dilma Bolada e, em geral, a militância de esquerda na Internet e nas redes sociais.
Os planos do PSDB e demais partidos e parlamentares escalados para alcançar esse fim, entretanto, foram definitivamente frustrados nesta quinta-feira (29), com a audiência pública que ouviu o publicitário Jeferson Monteiro, criador da personagem Dilma Bolada.
Nos requerimentos pedindo a convocação do responsável pela Dilma Bolada, o deputado Alexandre Leite (DEM-SP) não enumera qualquer prática criminosa cometida pela personagem fictícia e ainda descreve a ação da mesma: “Dentre os perfis que militam politicamente na internet, destaca-se a “Dilma Bolada”. Criada pelo publicitário carioca Jeferson Monteiro, a personagem faz sátira elogiosa da Presidente da República e tira sarro dos adversários políticos”. O desejo de garantir uma vendetta política era explícito, mas o resultado ficou bem aquém do almejado.
“Eu escrevo o que eu quero na hora em que eu quero no perfil. Não faz sentido dizer que recebo pelo PT, se já passei um mês sem atualizar o perfil. O PT não pode cancelar o meu contrato com a agência porque o PT não é dono da agência”. Com três frases, após expressar suas convicções de esquerda e de defesa dos direitos humanos e das causas feministas, Monteiro demoliu a argumentação dos deputados que pretendiam transformá-lo num troféu.
As recentes críticas políticas de Jeferson Monteiro à presidenta Dilma Rousseff foram mencionadas pelo sub-relator Daniel Coelho (PSDB-PE), que quis saber se o publicitário reafirmava o que havia dito. “O que expus foi em relação ao governo ter tomado atitudes com as quais eu me surpreendi com a demissão do ministro Renato Janine Ribeiro, que poderia iniciar uma reforma da educação de base. Foi mais uma questão de frustração pessoal, mas continuo gostando da Dilma, admiro a história dela. Ela foi eleita legitimamente e é presidenta até 2018”, explicou Monteiro, que certamente se questionou sobre como o tucano encontrou nexo entre suas opiniões politicas e o tema da CPI.
“Eu não vejo motivo nenhum para o Jeferson estar aqui numa CPI de Crimes Cibernéticos. Ele não comete crime nenhum e essa tentativa de querer polarizar a CPI e trazer para cá a disputa de plenário é prejudicial ao escopo desta comissão”, registrou o deputado Odorico Monteiro (PT-CE).
O publicitário confirmou que a sua empresa, a Moj Comunicação, possui um contrato de R$ 20 mil com a Pepper para fazer trabalhos de monitoramento de redes para os clientes da agência, que cuida do portal do PT. O contrato de Monteiro com a Pepper vai até o final de 2016 e ele se dispôs a entregar à CPI os dados da movimentação financeira da sua empresa.
Para o deputado Leo de Brito (PT-AC), vice-presidente da CPI, os trabalhos do colegiado podem dar uma grande contribuição à sociedade, mas não podem ser contaminados por interesses partidários. “Essa CPI é muito importante. Tivemos audiências públicas muito importantes ao longo dos primeiros meses, mas as últimas audiências tiraram nos tiraram do rumo que deveríamos estar seguindo e, sobretudo, tiraram o respeito que a sociedade tem por esta CPI. Nós vimos parlamentares sendo desrespeitados por convidados e até pessoas na plateia sendo agredidas por deputados e isso não pode voltar a se repetir”, fazendo referência ao deputado Laerte Bessa (PR-DF), que jogou um copo de água num advogado que participava de uma audiência da CPI, e a uma representante de grupos golpistas que ofendeu a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também durante uma reunião do colegiado.
Frustrados com todo o resultado pífio do teatro que tentaram armar na CPI, demotucanos e quejandos terão que retornar a outros fronts para alvejar o PT e prosseguir na sanha golpista para interromper o mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Do PT na Câmara