“Deitei para evitar qualquer violência”, diz Suplicy após detenção

Ex-senador contou que tomou a atitude para evitar que famílias fossem feridas durante reintegração de posse em SP. Personalidades se solidarizaram ao petista

(foto: divulgação)

O ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) explicou à imprensa os acontecimentos que levaram à sua detenção pela Polícia Militar de São Paulo na manhã desta segunda (25).

“Na hora que eu vi um grupo da polícia militar, com escudos e escavadeiras avançando logo atrás, fiquei com receio que pudesse haver uma cena de violência quase que incontrolável. Me deitei para evitar qualquer violência”, afirmou na saída da delegacia.

O ex-senador foi detido ao tentar impedir pacificamente a reintegração de posse de um terreno no bairro Cidade Educandário, periferia da zona oeste da capital. Ao menos 350 famílias vivem no local.

Ele acompanhava a ação da PM e se deitou no chão para tentar impedir que os PMs e uma escavadeira seguisse sobre a população. O ex-senador foi retirado à força por quatro policiais, detido e levado ao 75º DP.

Em sua página no Facebook, foi postada uma crítica à violência policial: “A truculência da Polícia Militar do governo Alckmin é inaceitável. Se fazem isso com um ex-senador da República, imagine o que sofre a população que tanto precisa de apoio”

Repercussão

O assunto foi um dos temas mais comentados das redes sociais durante o dia e gerou uma onda de solidariedade ao político paulistano, chegando ao segundo lugar nos trending topics do Twitter.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, lembrou da importância do petista e dos movimentos sociais da capital. “Minha solidariedade ao companheiro Suplicy e aos guerreiros que lutam pela cultura. Força aos movimentos sociais de São Paulo”.

Já o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias criticou a ação violentada PM do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). “Truculência com ex-senador Suplicy demonstra tipo de força que move o Golpe no País – fascista, deturpada, sectária”, disse.

De acordo com o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a trajetória política e a luta em defesa dos Direitos Humanos do ex-senador é um motivo de inspiração. Em seguida, exaltou a atitude corajosa de Suplicy: “Ao perceber o princípio de confronto Suplicy deitou-se no chão entre moradores e policiais, numa manifestação pacífica de resistência. Evitou o confronto, garantindo a não violência. Em seguida, foi preso e carregado pela polícia de Alckmin”, afirmou.

Deputada federal e pré-candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também valorizou a ação do petista. “Grande e valoroso Suplicy! Minutos antes de ser preso, deita no chão protestando contra ação de reintegração de posse em São Paulo”.

Ela reiterou as críticas à PM paulista. “Suplicy protestava junto ao povo quando foi levado pelos braços de forma desrespeitosa e agressiva pela PM tucana de Alckmin!”.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou da idade do ex-senador. “A PM de Alckmin literalmente carrega Suplicy, de 75 anos, que deitou na rua para impedir a ação truculenta contra a população pobre”.

A assessoria de Suplicy afirmou que sua posição é “contra a truculência inaceitável da PM, especialmente da Tropa de Choque, na desocupação de área ocupadas. A presença dele foi para inibir a violência contra os moradores, sendo muitas crianças”.

Suplicy agradeceu
O ex-senador usou o Facebook para agradecer a solidariedade recebida após a notícia da sua detenção e lembrou que houve pessoas que foram prestar apoio à porta da delegacia. Ele também deu novamente sua versão sobre o acontecimento.

“Quando percebi que os moradores estavam empurrando os escudos da PM e estava quase para acontecer um conflito, eu resolvi tomar a atitude de deitar-me antes da fila dos policiais. Foi então que o oficial de Justiça pediu para eu me levantar. Eu disse: ‘A minha atitude é para prevenir qualquer ato de violência. (não é) Nada de querer tumultuar a reintegração de posse'”.

Suplicy continuou: “Ela (a oficial de Justiça) e o capitão acharam por bem me levar para a viatura e, de lá, para o distrito policial”. No DP, ele explicou tudo o que aconteceu ao delegado e, logo depois, foi liberado.

O político lembrou que, quando senador, também atuou em outros casos semelhantes, como no Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

“Só queria prevenir atos de violência que estavam por acontecer. Quero agradecer a solidariedade de todos vocês”.

Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias

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