Deputados do PT denunciam influência do site O Antagonista na Lava Jato

Nova reportagem publicada pelo The Intercept revela que procuradores da operação usaram o portal alinhado com a direita para interferir em decisões do governo Bolsonaro

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Em nova reportagem da Vaza Jato publicada nesta segunda-feira (20) pelo Intercept Brasil revelou que procuradores da Operação Lava Jato usaram o site O Antagonista para influenciar na escolha do novo presidente do Banco do Brasil no governo de Jair Bolsonaro. No final de 2018, a força-tarefa atuou em conjunto com repórteres do portal para evitar que Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras, assumisse a chefia do banco.

A deputada Margarida Salomão (PT-MG), em sua rede social, criticou a intromissão da operação Lava Jato na política do Brasil e questionou qual é o papel da Justiça. “Novas revelações, novo escândalo. Afinal, qual é a função de um procurador federal? Qual a função de uma operação do Ministério Público? Interferir na política do País? É claro que não, mas a Lava Jato fez isso. Começando ao querer influenciar a escolha de um presidente do Banco do Brasil, como a reportagem de The Intercept Brasil evidencia. E terminando por estabelecer uma parceria tácita com Sérgio Moro para condenar Lula, quaisquer que fossem os custos”.

Para a deputada a volta das novas revelações da Vaza Jato chegou em boa hora, já que o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, irá participar do programa Roda Viva, nesta segunda-feira (20). “Aliás, a volta da Vaza Jato nesta segunda é apropriada. Forma de pressionar o Roda Viva a inquirir Moro sobre todas as revelações. Nós cobraremos isso. É inaceitável que o ministro da Justiça vá ao programa para receber afagos, em vez de ser questionado apropriadamente”, avaliou Margarida.

O deputado Paulo Pimenta (RS), líder da Bancada do PT na Câmara, recorda que a parceria entre O Antagonista e a Lava Jato não é de agora. “Quem poderia imaginar? Lava Jato usou O Antagonista para interferir na escolha do presidente do Banco do Brasil – e a parceria entre os dois não começou aí”, afirmou em sua conta no Twitter. Já o deputado Paulão (PT-AL) usou sua rede social para questionar quando a Suprema Corte irá agir. “Quando o CNMP e o STF vão agir contra esse criminoso?”, indagou.

“Bomba. Em nova revelação, o The Intercept Brasil mostra a relação promíscua entre a Lava Jato e o site ANTAgonista. Havia troca de informações privilegiadas entre ambos e o caso mais escandaloso foi uma ação política para influenciar a escolha do presidente do BB no governo Bolsonaro”, denunciou Erika Kokay (PT-DF).

Os deputados da Bancada do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP) e Beto Faro (PA) também divulgaram a reportagem.

“Preferências”

 

Visto como o responsável por “salvar” as contas da Petrobras, Monteiro era o nome mais forte entre os cotados para assumir o Banco do Brasil, uma escolha do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes. A preferência, no entanto, desagradou Onyx Lorenzoni, atual chefe da Casa Civil de Bolsonaro e amigo próximo de Deltan Dallagnol.

Influenciado pelo descontentamento de Lorenzoni, Dallagnol ordenou a assessores a busca por documentos contra o ex-presidente da Petrobras e enviou quatro arquivos a Claudio Dantas, do Antagonista, que já fazia campanha para que Monteiro não entrasse no governo Bolsonaro.

Em conversas no Telegram, obtidas pelo Intercept, fica evidente a parceria entre a Lava Jato e o jornalista, assim como Diogo Mainardi e Mario Sabino, também do Antagonista, para prejudicar a imagem de Monteiro. Além de receberem documentos e informações em primeira mão, os repórteres também deixavam que procuradores ditassem a direção editorial do site.

A reportagem do Intercept também cita que Mainardi, dono e editor do site, acatou o pedido de Dallagnol e parou de publicar notícias sobre um escândalo de corrupção que envolvia o escritório de advocacia Mossack Fonseca, suspeito de abrir empresas offshore no Panamá. Mainardi também auxiliou Dallagnol em uma de suas investigações, que seguiu as dicas do comentarista e em seguida informou-o que o caso estava “fora da alçada” da operação.

Em outro caso, a Lava Jato seguiu um boato repassado por Claudio Dantas para pedir, sem autorização da justiça, a quebra do sigilo fiscal de Marlene Araújo Lula da Silva, nora do ex-presidente Lula, em 2016. No entanto, nada foi encontrado contra ela, que nunca foi indiciada ou acusada de crimes.

Por PT na Câmara 

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