Dono da Havan impõe voto em Bolsonaro e é processado em 100 milhões

Envolvido no escândalo das fakes news, Luciano Hang é processado por danos morais por conta dos episódios de coronelismo registrados na Havan

Arquivo pessoal

Luciano Hang e Bolsonaro: dupla é avessa à democracia

Embora diga que “ame o Brasil acima de tudo” e se dizer “um defensor da democracia”, a imagem do empresário Luciano Hang vai de mal a pior. Condenado à prisão por sonegação de impostos em 2003 e principal alvo das investigações sobre o escândalo das fake news durantes as eleições deste ano, o dono da Havan agora terá de pagar multa milionária aos seus funcionários por obrigá-los a votar em Jair Bolsonaro na disputa à Presidência da República.

A nova denúncia contra o empresário foi feita pelo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina que o processou em R$ 25 milhões por dano moral coletivo e pede que cada um dos seus 15 mil funcionários coagidos receba R$ 5 mil de indenização – o que elevaria a cifra para um total de R$ 100 milhões.

Com notório apreço ao autoritarismo (a ponto de divulgar o telefone de um repórter nas redes sociais), Hang virou o palhaço de circo da campanha repleta de irregularidades do capitão reformado. A denúncia do MPT nem precisou ir a fundo para perceber que o empresário extrapolou todos os limites para defender Bolsonaro, trazendo de volta o coronelismo do início do século 20 em comprar votos era a regra.

Na denúncia são apresentadas ameaças explícitas de fechar as lojas e dispensar os empregados em caso de derrota na eleição, além da realização de enquetes internas para saber (e possivelmente perseguir) aqueles que não votassem em Bolsonaro. Hang também obrigava todos os empregados a participar de “atos cívicos” em prol do então candidato radical.

“Os réus valeram-se de sua condição de empregadores para impor sua opinião política a respeito dos candidatos à Presidência da República e para vincular, de maneira absolutamente censurável, a manutenção dos postos de trabalho de seus colaboradores, valendo-se de métodos humilhantes, vexatórios e, até mesmo, de ‘pesquisas eleitorais’ obrigatórias sem qualquer respaldo em lei”, diz trecho da denúncia.

Diversas testemunhas contribuíram para a formatação do processo do MPT e alguns dos testemunhos são lamentáveis. “Estamos sendo coagidos a votar no Bolsonaro, através de vídeos do proprietário da Havan, Sr. Luciano Hang, a maioria dos trabalhadores não concorda com os atos”, declarou uma das vítimas. Outro funcionário revelou que ‘”Hang reuniu centenas de funcionários no saguão da loja e por 38 minutos fez verdadeira ‘lavagem cerebral’ nos colaboradores, com ameaças diretas de fechamento de lojas caso seu candidato perca as eleições”

Antes mesmo de a vitória de Bolsonaro se confirmar, o empresário já estava na mira da justiça por abusos durante as eleições. No meio de outubro, o juiz do Trabalho Carlos Alberto Pereira de Castro atendeu ao pedido de tutela antecipada, impondo multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento. Em sua decisão, o magistrado deixou claro que Hang manteve uma “conduta flagrantemente amedrontadora” contra os empregados.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Blog do Sakamoto 

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