Edinho Silva reforça plano para reeleger Lula e conter avanço da extrema direita
Presidente do PT fala à Exame sobre alianças, reformas e desafios estratégicos do partido para 2026
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O presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou que a prioridade absoluta da legenda é garantir a reeleição do presidente Lula em 2026, em um cenário que considera positivo para a economia e para as políticas públicas. Em entrevista ao Portal Exame no dia 11 de agosto, Edinho Silva defendeu alianças amplas, reformas estruturais e maior diálogo com a nova classe trabalhadora para conter o avanço da extrema direita no país.
O petista destacou que “a prioridade zero do Partido dos Trabalhadores é a reeleição do presidente Lula”, considerando que o Brasil vive “um momento excepcional do ponto de vista do crescimento econômico” e uma “queda recorde do desemprego”.
Para ele, a continuidade do governo Lula é essencial para aprofundar investimentos estratégicos, como o Programa de Aceleração do Crescimentos (PAC), o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e programas sociais que já apresentam resultados, a exemplo do Bolsa Família, que registrou a saída de 1,3 milhão de beneficiários.
O presidente do PT citou a reindustrialização como pauta central, com R$ 300 bilhões destinados à reestruturação das cadeias produtivas, além da necessidade de avançar em temas como segurança pública, financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), transição energética, exploração sustentável das terras raras e universalização da educação integral e da primeira infância.
Reforma política
Durante a entrevista, Edinho Silva defendeu a reforma política-eleitoral, especialmente o voto em lista, como forma de fortalecer os partidos e evitar que a agenda nacional seja “consumida pelo varejo” das emendas parlamentares. Criticou o esvaziamento do presidencialismo, apontando que o Congresso Nacional assumiu atribuições do Executivo e que essa disputa de competências leva ao desgaste do Judiciário, que acaba atuando como “poder moderador”.
Para o petista, é necessário um pacto entre os poderes. “Nós precisamos pôr na mesa quem, de fato, está preocupado com o Brasil, com as futuras gerações, e reorganizar tudo isso que nós estamos vivendo hoje”.
Alianças e combate ao extremismo
O presidente do PT também alertou para o avanço global da ultradireita, citando exemplos como Alemanha, Itália, Holanda e Portugal, e criticou medidas recentes do governo Trump nos EUA, como a retirada da população em situação de rua e a deportação de imigrantes.
No Brasil, defendeu que as alianças eleitorais em 2026 também devem impedir que uma agenda de inspiração fascista ganhe força no Congresso Nacional.
“A eleição do presidente Lula também é uma vitória da estabilidade, da paz, da tranquilidade, para que o Brasil não saia do seu caminho”.
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Nova classe trabalhadora
Na conversa, Edinho Silva ressaltou que o PT precisa ampliar o diálogo com setores como entregadores, motoristas de aplicativo e trabalhadores de novas atividades digitais.
Ele defendeu políticas públicas específicas para essas categorias, como linhas de crédito para manutenção de veículos e programas de proteção social.
O presidente do PT também enfatizou a importância de retomar a presença organizada nas periferias, não apenas institucionalmente, mas com ações diretas que dialoguem com demandas concretas, como habitação e primeira infância.
Renovação e futuro do partido
Ao falar sobre a sucessão de Lula, Edinho Silva destacou que “o substituto dele não será uma pessoa, será o partido”.
Segundo ele, se o PT estiver “forte, organizado e em sintonia com a sociedade brasileira”, novas lideranças surgirão naturalmente.
Defendeu ainda a renovação geracional e a atualização constante da agenda partidária para manter relevância.
O presidente do PT afirmou estar aberto à entrada de novas figuras públicas, citando o ex-jogador Raí como exemplo de liderança que teria espaço no partido. Também propôs ampliar o diálogo com o setor empresarial, inclusive micro e médios empreendedores, e defendeu um debate nacional sobre renúncias fiscais, que somam R$ 860 bilhões.
“Nós temos que discutir por que um setor vai ser desonerado e o que a sociedade ganha com isso”.
Ouça o podcast da Rádio PT:
Lula em 2026
Ao falar sobre a disputa presidencial de 2026, Edinho Silva descartou qualquer possibilidade de plano alternativo, reforçando que não há dúvidas internas quanto à candidatura de Lula.
Segundo ele, o presidente está em excelente forma física e mental, com uma “vitalidade invejável” e uma capacidade de formulação que se mantém intensa.
“Não tem plano B, porque o presidente está muito bem. Eu há muito tempo não vejo o presidente tão bem como eu vejo hoje”, afirmou.
Edinho Silva destacou que Lula está profundamente envolvido na construção de um projeto para um novo ciclo de governo, ciente das dificuldades herdadas no início do mandato atual.
“Ele reconhece as dificuldades que pegou, o déficit que carregou até fazer os ajustes e tomar as medidas econômicas necessárias para que tudo andasse com mais tranquilidade. Mesmo assim, está motivado para fazer muito mais a partir de 2027”, disse.
Para o presidente do PT, a continuidade de Lula é estratégica para consolidar os avanços econômicos e sociais já obtidos, e também para proteger a democracia diante do avanço global e nacional da extrema direita.
A reeleição, na sua visão, garante estabilidade institucional, preserva políticas públicas que reduziram desigualdades e mantém o Brasil como protagonista em agendas como transição energética, defesa da Amazônia e fortalecimento do SUS.
Ele ressaltou ainda que Lula representa um capital político e simbólico sem paralelo no país, sendo capaz de unificar uma ampla frente de forças progressistas, setores de centro e atores da sociedade civil em torno de um projeto de desenvolvimento com justiça social.
“A eleição do presidente Lula também é uma vitória da paz, da tranquilidade e da estabilidade para que o Brasil não saia do seu caminho”, disse.
Da Redação
