Efeito Lula: em fevereiro, Índice Geral de Preços-10 tem 1ª queda desde agosto, de 0,65%

Segundo a FGV, resultado foi causado, principalmente, pelo recuo dos preços dos produtos agropecuários

Ichiro Guerra / Site do PT

Estabilidade: O IGP-10 acumula quedas de 0,23% no ano e de 3,84% em 12 meses

Em fevereiro, o IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) registrou queda pela primeira vez desde agosto de 2023, com destaque para a deflação dos produtos agropecuários, conforme divulgado, nesta sexta-feira (16), pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice recuou 0,65% neste mês, depois de subir 0,42% em janeiro. Com isso, acumula quedas de 0,23% no ano e de 3,84% em 12 meses, contra a de 3,20% registrada em janeiro nessa mesma base de comparação.

A queda do IGP-10 em fevereiro, de 0,65%, surpreendeu os analistas e é mais acentuada do que a de 0,42% prevista em pesquisa da Reuters.

O IGP-10 é uma das versões do IGP (Índice Geral de Preços) do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE). Ele registra a inflação de todos os segmentos, desde matérias-primas agrícolas e industriais utilizadas pelos produtores até bens e serviços finais demandados pelos consumidores.

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O IGP-10 é uma média ponderada de outros três índices: IPA-10 (Índice de Preços ao Produtor Amplo–10), com peso aproximado de 60%; IPC-10 (Índice de Preços ao Consumidor–10), com peso aproximado de 30%; e INCC-10 (Índice Nacional de Custo da Construção–10), com peso aproximado de 10%.

IPA-10

O IPA-10 (Índice de Preços ao Produtor Amplo–10) caiu 1,08% em fevereiro. No mês anterior, havia registrado alta de 0,42%. Na análise por estágios de processamento, os preços dos Bens Finais variaram de 1,04% em janeiro para 0,33% em fevereiro.

A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos in natura, cuja taxa passou de 8,91% para 3,90%. O índice relativo a Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, caiu 0,09% em fevereiro. No mês anterior, a taxa subira 0,38%.

A taxa do grupo Bens Intermediários passou de -1,42% em janeiro para -0,93% em fevereiro. A principal contribuição para essa queda menos intensa do grupo partiu do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -6,12% para -3,36%. O índice de Bens Intermediários (ex), obtido após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, caiu 0,48% em fevereiro, ante queda de 0,50%, no mês anterior.

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O índice do grupo Matérias-Primas Brutas passou de 1,88% em janeiro para -2,63% em fevereiro. As principais contribuições para a desaceleração da taxa do grupo partiram dos seguintes itens: soja em grão (-1,26% para -15,01%), milho em grão (10,52% para -4,99%) e minério de ferro (3,65% para -1,05%).

Em sentido ascendente, os movimentos mais relevantes ocorreram nos seguintes itens: mandioca/aipim (-2,61% para 10,45%), leite in natura (-0,74% para 3,12%) e cana-de-açúcar (-1,35% para -0,42%).

Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços, o IPA-10 torna evidente que as flutuações mais marcantes no mercado estão relacionadas a itens cuja produção é sensivelmente impactada por variações climáticas.

“Destacam-se especialmente produtos como tubérculos e frutas; por exemplo, o preço da mandioca, que reverteu um declínio de 2,61% em um expressivo crescimento de 10,45%, e da laranja, cujo aumento acelerou de 5,82% para 9,33%”, afirma Braz.

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Em relação às principais commodities agrícolas, explica o coordenador, uma mudança significativa na tendência foi percebida desde janeiro; especificamente, o milho, que havia visto um aumento de 10,52%, sofreu uma queda para -4,99%, e a soja, que registrou uma redução drástica de seu valor, indo de uma diminuição modesta de 1,26% para um recuo acentuado de 15,01%.

Braz enfatiza que, de maneira similar ao observado no IPA-10, os produtos perecíveis e os gastos com educação formal emergem como os principais vetores de pressão inflacionária para os consumidores.

IPC-10

O IPC-10 (Índice de Preços ao Consumidor-10) subiu 0,62% em fevereiro, após variação de 0,46% em janeiro. Cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação: Despesas Diversas (0,08% para 1,80%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,05% para 0,41%), Transportes (-0,11% para 0,14%), Comunicação (-0,17% para 0,29%) e Habitação (0,09% para 0,13%).

As principais contribuições para este movimento partiram dos seguintes itens: serviços bancários (0,09% para 2,86%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,91% para 0,49%), gasolina (-0,76% para 0,19%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (-0,02% para 0,82%) e condomínio residencial (0,09% para 0,81%).

Em contrapartida, os grupos Vestuário (0,59% para -0,20%), Educação, Leitura e Recreação (1,37% para 1,23%) e Alimentação (1,41% para 1,37%) apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: roupas (0,61% para -0,36%), passagem aérea (0,32% para -3,47%) e hortaliças e legumes (10,63% para 8,65%).

INCC-10

O INCC-10 (Índice Nacional de Custo da Construção-10) variou 0,10% em fevereiro. No mês anterior, a taxa foi de 0,39%. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de janeiro para fevereiro: Materiais e Equipamentos (0,44% para -0,05%), Serviços (0,05% para 0,58%) e Mão de Obra (0,37% para 0,23%).

Da Redação

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