Eleitor com camiseta de Lula sofreu tentativa de atropelamento

Ataques violentos estão se tornando mais comuns em ruas de todo o Brasil por causa de política, como resultado do discurso de ódio

Divulgação

Jornalista foi atropelado porque estava com camiseta com imagem de Lula

A onda de intolerância provocada pelos discursos de ódio contra as minorias e partidos de esquerda vem fazendo vítimas em Curitiba e todo o Brasil. No último domingo (07), o jornalista Guilherme Daldin vestia uma camiseta com a imagem do ex-presidente Lula e estava acompanhado de amigos nas proximidades da Rua Trajano Reis, no centro de Curitiba, quando foi atropelado por um carro. Daldin estava parado ao lado de um bicicletário. “Eu conversava com os amigos e o carro foi jogado contra mim, o pneu passou por cima dos meus pés.  O carro saiu em disparado e quando amigos conseguiram chegar perto do motorista ele ameaçou atirar dizendo que portava uma arma”.

A placa do carro foi identificada e através dela foi possível encontrar o perfil do facebook do motorista que revela em suas postagens ódio e pedido de morte a quem apoia o PT. “O que aconteceu comigo é leve comparado a outros casos de violência praticados por grupos de milícia proto fascista que apoiam Bolsonaro que é um candidato que faz a campanha incitando ódio”, disse Daldin.

Sobre a intolerância, a jornalista Eliane Brum, em artigo dessa semana, escreveu que “projetos que não acolham as diferenças, que querem eliminar – e inclusive exterminar – as diferenças e executar aqueles que encarnam as diferenças, estes não cabem na democracia. Porque defender a eliminação dos diferentes, dizendo que não deveriam existir ou que valem menos que os outros, não é uma opinião, mas um crime”.

Propaganda na delegacia

Ao fazer o Boletim de Ocorrências na delegacia, Guilherme Daldin conta que foi recebido por um escrivão com seu computador cheio de adesivos do candidato Bolsonaro. Ele se pronunciou nas suas redes sociais dizendo se sentir aflito com a situação: “Primeiro que é um computador de órgão público, isso é crime. Me senti angustiado porque vivemos um processo de violência pura”. Bolsonaro é conhecido por seus discursos que incitam ódio e violência. Em entrevista chegou a dizer que se for preciso manda matar uns 30 mil no país.

Aos gritos de “Viva Bolsonaro”, homossexual é assassinado

Na semana que antecedeu as eleições, em Curitiba, o cabeleireiro José Carlos de Oliveira Motta, conhecido como Cacá, foi encontrado morto em seu apartamento. Homossexual, morava sozinho e foi encontrado dentro do armário com os pés amarrados. Moradores do prédio e uma amiga da vítima dizem ter ouvido o suposto assassino gritar “Viva Bolsonaro” ao interfone, após saber da confirmação da morte.  Ele foi detido e as investigações seguem em sigilo.

Mestre de capoeira de 67 anos é assassinado por apoiador de Bolsonaro

Na Bahia, também no domingo, o mestre de capoeira Moa do Katendê, de 63 anos, foi assassinado com 12 facadas nas costas em um bar em Salvador (BA). O assassinato foi cometido por um apoiador do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL), após uma discussão sobre as eleições.

Educador, compositor, artesão e liderança do movimento negro e da cultura no estado da Bahia, Mestre Moa declarou seu apoio a Fernando Haddad (PT) no primeiro turno das eleições e defendia o voto no petista. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que o homem que cometeu o assassinato foi preso em flagrante. O autor do crime admitiu que, após uma discussão de caráter político, voltou a sua casa e buscou a faca que utilizou no homicídio.

No final da década de 1980, o mestre ministrou aulas de capoeira e percussão para crianças em projetos na Fundação Nacional de Assistência Social, na antiga Febem e SOS Criança. Na época, também participou do Movimento de Artistas Negros de São Paulo com projetos musicais Negra Música (1988) e venha ao Vale (1989), ao lado de Jorge Ben Jor. Na capital paulista, fundou o Afoxé Amigos de Katendê. Mestre Moa membro da Associação Brasileira de Capoeira Angola, discípulo de mestre Bobó de Pastinha e era descrito por capoeiristas como “uma biblioteca viva, um museu vivo da história da arte afro brasileira”. Ele era um defensor da reafricanização da juventude e do Carnaval da Bahia. (Com informações do Brasil de Fato Nacional)

Por Brasil de Fato

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