Em CPI, curador de arte defende liberdade de expressão no Brasil
Para o curador, a convocação é mais uma forma de manipular eleitoralmente as polêmicas que envolvem as artes nos últimos meses
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As bancadas do PT na Câmara e no Senado recepcionaram na manhã desta quinta-feira (23) o curador da exposição “Queermuseu”, Gaudêncio Fidelis que foi convocado para falar na CPI dos Maus-Tratos, no Senado Federal. Em ato de apoio ao curador, na Câmara dos Deputados, ele afirmou que compareceu à audiência no Senado por obrigação judicial e que considera sua convocação completamente fora dos procedimentos que regem o funcionamento da CPI.
Para o curador, a convocação é mais uma forma de manipular eleitoralmente as polêmicas que envolvem as artes nos últimos meses. Gaudêncio, responsável pela exposição QueerMuseu, fechada pelo Santander em Porto Alegre, foi um dos convocados que a falar à CPI que é comandada pelo senador/pastor evangélico Magno Malta.
Durante o ato de apoio e solidariedade a Gaudêncio, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, lembrou que o partido é favorável que se puna ilícitos que sejam contrários às leis de proteção à criança e adolescentes no Brasil, porém, lembrou que o partido não comunga com a tentativa de censura das artes no país. Da mesma forma se manifestou o líder do partido no Senado, Lindberg Farias (RJ), presente no ato.
Os deputados petistas Maria do Rosário (RS); Pepe Vargas (RS) e Paulo Pimenta (RS), acompanharam a entrevista coletiva do curador e afirmaram apoio à liberdade de expressão contra o fascismo instalado no país com a censura de exposições de artes.
A exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira”, aberta no dia 15 de agosto e prevista para acontecer até 8 de outubro, contava com mais de 270 obras de 90 artistas plásticos de todo o Brasil, oriundas de coleções públicas e privadas, que exploravam a diversidade de expressão de gênero, sexo, sexismo, racismo e poder. A mostra exposta no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada no dia 10 de setembro, de forma abrupta e unilateral, pela diretoria do Santander Cultural. Quando anunciada, o Santander informava que “valoriza a diversidade e investe em sua unidade de cultura no Sul do País para que ela seja contemporânea, plural e criativa”. O motivo dado pela diretoria do banco, foi desde a dificuldade de manter a segurança das obras, até as ameaças que recebeu via internet, de fechamento de contas na instituição.
Os atos que precederam o fechamento envolveram ataques orquestrados de grupos obscurantistas e conservadores, que abordavam agressivamente os visitantes da exposição aos gritos, filmando com celulares parte das obras e as pessoas que ali estavam. Os vídeos foram manipulados e publicados em redes sociais com o intuito de difamar a exposição e seu curador.
Gaudêncio Fidelis, curador da exposição, é Doutor em História da Arte pela Universidade do Estado de Nova Iorque, foi diretor do Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) e curador geral da décima edição da Bienal do Mercosul. Ele foi surpreendido pelo fechamento da exposição, que se caracterizou como um ato de censura, agravado pelo sequestro das obras que compunham a Queermuseu. Infelizmente, Gaudêncio, tornou-se conhecido pelo grande público após esse episódio de censura em torno da exposição.
VOLTAMOS! – ACOMPANHE O DEPOIMENTO DE GAUDÊNCIO FIDÉLIS NA CPI NO SENADO
Publicado por Paulo Pimenta em Quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Do PT na Câmara