Em debate, Maria do Rosário denuncia inércia do prefeito de Porto Alegre nas enchentes

“Obrigação de cuidar das casas de bomba e sistema de comportas é do prefeito,” apontou Rosário em debate da Band, na noite de segunda (14). Melo tentou responsabilizar o governo federal mas acabou desmascarado

Reprodução/Band

Maria do Rosário expôs como a negligência do prefeito agravou os efeitos das enchentes em Porto Alegre

Maria do Rosário (PT) criticou o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) durante o debate da TV Band na noite de segunda-feira (15), apontando a negligência na manutenção das estações de bombeamento e do sistema de drenagem como fatores que contribuíram para causar uma das maiores tragédias da capital gaúcha. A deficiência na prevenção de enchentes durante a gestão de Sebastião Melo e a falta de um plano de enfrentamento à tragédia foram novamente temas centrais do debate.

Ao afirmar que a responsabilidade pelo sistema de proteção contra cheias é do governo federal e questionar se Rosário conhecia a norma disposta na Constituição Federal, Maria do Rosário rebateu: “É sempre um problema dos outros. É culpa do PT. O PT estava no poder em 2004. Depois, apenas o Melo esteve no poder e ele ainda diz que a culpa é do PT”.

“Eu respeito a Constituição. E sei que quem planeja e constrói o sistema de proteção é o governo federal. Mas não é o presidente da República quem deve, de Brasília, ver se as borrachas de vedação das comportas estão funcionando, se as casas de bombas estão em boas condições. Quem tem esta obrigação é o prefeito, era o senhor”, rebateu Rosário.

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Maria do Rosário é a candidata que apresenta o plano de governo mais abrangente para enfrentar questões climáticas e de infraestrutura relacionadas às enchentes, em contraste com Melo, conhecido por seu discurso de negacionismo climático, alinhado com seus apoiadores bolsonaristas.

“Como é possível não ter cuidado com as casas de bomba em nenhuma região da cidade, nem no Centro Histórico?”,  questionou Maria do Rosário, ressaltando a urgência de soluções concretas. Ela afirmou que pretende elaborar projetos para obter financiamento federal para a execução de serviços 100% públicos, com o Dmae como gestor do fornecimento de água potável e tratamento de esgoto. Além disso, propôs a recriação do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), que foi extinto em 2017 durante o governo de Nelson Marchezan, para administrar a drenagem, manutenção e controle de cheias na cidade.

Recursos federais socorreram RS

A deputada federal Maria do Rosário, que atuou intensamente durante a enchente para agilizar o envio de recursos do governo federal – que totalizaram R$ 98,7 bilhões para ações emergenciais e para a reconstrução da infraestrutura e apoio à população e empresários do Rio Grande do Sul – também propõe a criação do Conselho da Reconstrução de Porto Alegre.

Este órgão será composto por especialistas, universidades, conselhos profissionais e técnicos, e, especialmente, moradores afetados pelas enchentes, levando em conta as necessidades de todos os envolvidos.

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Transporte de má qualidade

Durante o primeiro bloco, que tratou sobre temas como mobilidade urbana e saúde, Maria do Rosário contestou a privatização da Carris (operadora do transporte público de Porto Alegre) e descreveu o que considera um rebaixamento da qualidade do sistema de ônibus da Capital, com menos oferta de linhas e horários disponíveis.

Ela também criticou a redução de benefícios de isenção para idosos e de meia passagem para estudantes e destacou que seu plano de governo inclui tarifa zero nos ônibus e passe livre estudantil.

Denúncias de corrupção na saúde

Sobre o tema saúde, Maria do Rosário destacou as suspeitas de corrupção envolvendo o Hospital da Restinga e Extremo Sul, que é gerido pelo governo municipal. O atual prefeito refutou a ideia de que o caso esteja sendo investigado pela Polícia Federal e atacou o partido da adversária. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) já confirmou a abertura de um inquérito para investigar as denúncias.

Maria do Rosário observou ainda que a atual gestão implementou um programa que resultou em um aumento de dez vezes nas filas nos hospitais. “Não sou eu quem está falando de corrupção, é a polícia. Não quero mais que a cidade se torne um caso de polícia. Esse governo Bolsonaro está repleto de envolvimentos em corrupção”, afirmou.

A candidata do PT lembrou que Porto Alegre se tornou uma cidade desumana, que não atende adequadamente gestantes, mulheres e crianças. “Uma mulher grávida precisou de atendimento no hospital, mas não conseguiu. Teve que ir a outro, mas não tinha dinheiro para a passagem”, ressaltou.

O plano de governo de Maria do Rosário inclui a criação de quatro novas policlínicas voltadas para exames de especialidades, além de um aumento no número de equipes de saúde da família, que passariam a totalizar 444.

Supostos casos de corrupção na Secretaria de Educação

Maria do Rosário – que é professora e cujo tema é um dos principais focos de seu plano de governo – criticou a situação da educação em Porto Alegre, afirmando que a educação não pode continuar do jeito que está, especialmente ao mencionar que a cidade obteve o segundo pior resultado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Maria do Rosário também questionou supostos desvios na Secretaria Municipal de Educação, mencionando que  “a secretária de Educação foi presa por comprar um apartamento com dinheiro de corrupção” e que “tem gente andando de Ferrari com dinheiro de corrupção, enquanto as crianças têm merenda de qualidade inferior”.

Rosário lamentou que as crianças não estão aprendendo, pois falta apoio pedagógico e turnos integrais. — Há uma escassez de vagas na cidade. Eu sou professora, a nota que eu daria para o senhor, é zero. Eu me comprometo a resolver o problema das vagas que o senhor não resolveu — frisou.

Da Redação

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