Em MT, Gleisi destaca importância dos movimentos sociais para o governo Lula

Em Cuiabá, Gleisi Hoffmann ressalta que movimentos sociais, sindicatos e comitês de luta podem dar dimensão popular ao governo e frisa importância de se começar desde já as articulações para as eleições de 2024

Gabriel Souza

Gleisi em seminário com movimentos populares em Cuiabá: "Temos campo para fazer a disputa política em Mato Grosso"

A presidenta nacional do PT, deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann, ressaltou, neste sábado (24), em Cuiabá (MT), a importância dos comitês populares de luta e dos movimentos sociais na organização de base, na formação de alianças para a disputa política de 2024 e para dar sustentação e dimensão popular ao terceiro governo do presidente Lula.

“Os comitês nos ajudaram no enfrentamento ao golpe contra a Dilma, nos ajudaram no enfrentamento à prisão do Lula, nos ajudaram na campanha eleitoral e podem nos ajudar agora para dar a dimensão popular desse governo que nós elegemos”, afirmou Gleisi, ao participar de plenária com movimentos sociais e sindicais.

No encontro, que ocorreu neste segundo e último dia de visita ao estado, Gleisi fez referência e agradeceu o apoio incondicional dos movimentos sociais, populares e sindicais, que não abandonaram nem Lula nem o PT em seus momentos mais difíceis.

Além de Gleisi, participaram da plenária a secretária Nacional de Organização do PT, Sônia Braga; o presidente do PT-MT, deputado estadual Valdir Barranco; o deputado estadual Lúdio Cabral; e a ex-deputada federal e vice-presidenta da Conab, Rosa Neide, entre outros. À tarde, Gleisi almoçou com membros da Federação Brasil da Esperança de Mato Grosso.

“Nós, que somos militantes, precisamos fazer ainda mais, precisamos estar mais junto ao povo, precisamos organizar nossa base e fazer aquele trabalho de formiguinha, fazer os comitês populares, fazer os núcleos de base. Cada um deve seguir seu caminho como achar que deve ser a organização da sua base”, disse Sônia Braga.

“A gente, às vezes, não tinha ninguém, mas estavam lá os movimentos, as centrais sindicais, o MST, o MAB, os movimentos setoriais, os sindicatos. E sei que não foi fácil”, reconheceu. “Tem que estar na base, com os movimentos sociais e com a militância organizada porque é isso que vai garantir a sustentabilidade de um projeto.”

Congresso Nacional e Banco Central

Para Gleisi, a disputa política é fundamental para ampliar bases e fazer o combate às falsas narrativas, “seja nas redes sociais, seja nos territórios”. Gleisi apontou duas grandes dificuldades neste terceiro mandato do presidente Lula: a necessidade de uma base no Congresso, o mais conservador e de direita desde a redemocratização, e o Banco Central, cujo presidente, Roberto Campos Neto, foi nomeado por Jair Bolsonaro.

“No Congresso Nacional, nós não temos uma base com capacidade de nos dar tranquilidade para aprovar o que a gente precisa. Dos 513 deputados, nós devemos ter no máximo uns 140 orgânicos”, disse. “Não é porque ganhamos a eleição que a gente ganhou o jogo. Ao contrário: agora começa o jogo de verdade para a gente disputar um projeto que está em construção nesse país, para fazer uma tendência histórica de conquistas sociais.”

Quanto ao Banco Central, Gleisi lembrou das iniciativas tomadas para a troca de Campos Neto, cujo mandato está previsto até 2025. “Nós já começamos a discutir que ele tem de sair do Banco Central. Ele não pode ficar porque ele é contrário ao país.”

A presidenta do PT voltou a criticar a taxa de juros de 13,75%, insistentemente mantida por Campos Neto. “Nós fizemos o lançamento da Frente Parlamentar de combate aos juros altos e estamos numa jornada com as centrais sindicais de combate aos juros. No final de junho e início de julho, a gente vai ter a mobilização dos comitês populares de enfrentamento aos juros altos, e nós temos de começar a subir o tom porque, se esse homem continuar, ele vai inviabilizar a economia brasileira”, alertou.

Ela traduziu o significado de juros altos na vida da população: “As pessoas estão sem crédito, endividadas e o PIB apontou a queda do consumo das famílias. Isso é muito grave, não sustenta a economia. Temos que dizer para as pessoas que temos um atraso e a gente só vai fazer isso com mobilização popular”.

PT e eleições 2024

Gleisi falou também sobre a responsabilidade do Partido dos Trabalhadores com a organização para a disputa de vagas em câmaras municipais e prefeituras no ano que vem. E da importância de caminhar com os partidos aliados na construção do projeto político.

“Nós temos a Federação, que é do PT, PCdoB e PV, temos a Federação Rede-PSOL, o PSB e setores do MDB que vieram nacionalmente no apoio ao presidente Lula aqui em Mato Grosso, além de parte do PSD. Nós devemos sentar e conversar, companheirada. Definir qual é a estratégia que vamos ter para disputar as eleições de 2024, e acho que é preciso definir logo, ainda neste ano”, comentou.

“Não dá para deixar para o ano que vem porque, se não, a gente não consegue fazer a disputa, não organiza as campanhas nem as candidaturas. Aquilo que pudermos ter consenso e construir juntos, vamos fazer. O que não puder, a gente continua conversando, mas temos que nos unir”, acrescentou.

Gleisi defendeu que o PT lance candidaturas que representem a diversidade brasileira. “Além dos vereadores e vereadoras que nós já temos, que precisam ser reeleitos, a gente deve lançar mais em candidaturas de mulheres, jovens, negros, negras, LGBTQIA+.”

Primeiras ações

De acordo com a presidenta, o Partido dos Trabalhadores já está se organizando. “O PT vai fazer cursos para acompanhar e ajudar, teremos uma coordenação para acompanhar as candidaturas, como as que já existem no caso das mulheres e da secretaria de Combate ao Racismo”, comentou.

Gleisi fez um alerta aos movimentos populares e à militância: não é porque Bolsonaro ganhou em Mato Grosso que o estado é bolsonarista. “O Lula já ganhou as eleições aqui e fez 35% dos votos no segundo turno. Na baixada cuiabana, nós fizemos a maioria dos votos, ou pelo menos igualamos. Então, quer dizer nós temos campo para fazer a disputa política.”

A presidenta também fez questão de ressaltar as conquistas do governo Lula para o agronegócio e defendeu que a agricultura familiar e camponesa sustentável também merece por parte do governo federal a mesma atenção. “Os nossos governos, o do presidente Lula principalmente, foram os melhores para o agronegócio nacional. Nós queremos as coisas equilibradas. Temos que falar com o pessoal do agro do estado, fazer a disputa política. Mostrar as conquistas, como o novo Plano Safra que o presidente Lula vai anunciar”, disse.

Da Redação

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