Everton Silva: Quanto mais perseguem Lula, mais me dou conta de quem se trata

Da primeira vez que vieram, com as revistas e a mídia dizendo que “eles sabiam de tudo”, eu ainda não tinha opinião formada sobre Lula ou Dilma. Mas o ataque tinha tantos furos, que me fez concluir somente sobre o nível baixo da mídia, que foi o pontapé inicial para eu começar a me identificar mais com a esquerda.

Da segunda vez que vieram, acusando Lula de ter um apartamento no Guarujá, fiquei pasmado. Aí fui na internet pela primeira vez pesquisar algo sobre Lula, sobre aonde ele mora. E descobri que o cara simplesmente mora num apartamento em São Bernardo. É extremamente raro encontrar alguém, que tendo condições, mesmo assim escolha ficar no mesmo apartamento de sempre, pensei, é preciso ter dignidade mesmo. Logo ali já comecei a desconfiar que Lula não era somente mais um qualquer, mas sim um dos grandes, como eu julgava por exemplo, Mijuca ou Mandela.

Da terceira vez, quando soltaram os áudios ilegais, achei inacreditável. Será que o Lula é tão importante assim, para ser tão perseguido, nesse nível absurdo? Pensei – E é preciso considerar que nem todos no Brasil usam a régua da mídia para julgar as pessoas, muitas usam justamente uma régua oposta. Pois depois de um tempo qualquer um percebe que no Brasil, para ser grande, é quase um requisito ser um pouco perseguido (e Lula não é um pouco perseguido… Ele é perseguido a vida toda).

Aí comecei a procurar a página de Lula na Internet, e acompanhei por vídeo a resposta dele na manifestação da Avenida Paulista. Pela primeira vez vi um discurso inteiro dele, não consegui ver só uma parte, era muito bom. Aí comecei a procurar mais, vi vídeos antigos, vi vídeos novos, do velório do Chico Mendes até as manifestações mais recentes. E assim comecei a entender de quem se tratava, eu que havia lido já muito sobre a arte do discurso, não tinha notado que no Brasil temos talvez um dos maiores nessa arte.

Na quarta vez, quando tentaram sem motivo levar ele para prisão (preventiva, mas ainda sim, uma prisão), fiquei pasmado. Somente homens realmente grandes, iluminados, ou figuras históricas que mudam a humanidade pra melhor, sofrem uma perseguição desse nível. Aí, ao acompanhar a coletiva, eu entendi, que Lula é realmente uma dessas pessoas.

Durante todo o espetáculo pirotécnico da mídia, dos juízes, ficou claro quem era grande, e quem era pequeno. Acontece que Brasil somos todos condicionados a não reconhecer homens grandes e o seu legado. E se mesmo as pessoas que reconhecem, as vezes demoram pra perceber, imagine quem sempre teve inveja e procurou diminuir os outros. E isso ficou claro, que os juízes e os jornalistas pareciam não conhecer quem estavam perseguindo. E por isso não entendem que não se pode humilhar facilmente um homem como Lula. Há certas pessoas que simplesmente não podem ser atingidas por jogos sujos.

Quando terminei de ver o discurso de 1 hora do Lula, que virou o que era a principal tentativa de prendê-lo e diminuí-lo, em um discurso incrível que colocou a mídia de ponta cabeça, e que para muitos fez Lula sair mais forte, pelo menos para mim ficou claro que eu o havia subestimado. Não era suficiente só ver alguns vídeos. Era preciso procurar sua biografia! Era
preciso procurar ler livros sobre ele. E cada vez que vejo uma nova perseguição, me surpreendo com quem é Lula, e o que ele fez.

Talvez muitos não percebam, mas o maior legado que grandes seres humanos deixam para a sociedade, muitas vezes é o seu próprio exemplo, a sua própria vida, que pode ficar por um século inteiro como inspiração. E nenhuma campanha de difamação é capaz de diminuir o legado, a imagem ou a pessoa, na verdade muito pelo contrário, o próprio fato de que estão
tentando, prova o quão importante é a pessoa e o seu legado.

Por Everton Silva, de São José dos Campos, estudante de Design Gráfico, 25 anos, militante, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

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